Objetivo é interromper a desindustrialização e recuperar a posição do Brasil como país de forte crescimento econômico.

25 de maio de 2023, 18:34h

Neoindustrialização? Entenda o plano de Lula e Alckmin para a economia brasileira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, divulgaram um artigo no jornal O Estado de S. Paulo hoje (25 de maio), no qual defendem a reindustrialização do país, com a participação do agronegócio e a importância de uma reforma tributária.

Intitulado “Neoindustrialização para o Brasil que desejamos”, o texto argumenta que nos próximos anos a indústria será o elemento central de uma política econômica voltada para a geração de renda e empregos que exigem maior conhecimento, inclusive no setor de serviços.

No Dia da Indústria, a publicação do artigo coincide com uma série de eventos. Tanto Lula quanto Alckmin, que ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, estiverem presentes em uma cerimônia na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quinta-feira. Eles anunciaram conjuntamente medidas para fortalecer o setor automotivo e reduzir os preços dos chamados “carros populares”.

Veja os pontos principais do artigo de Lula e Alckmin

Reindustrialização da economia: O artigo ressalta que a exportação de matérias-primas é importante, mas destaca a vulnerabilidade dessa atividade aos ciclos de preços internacionais. Portanto, aponta para a necessidade de uma economia baseada no conhecimento, que depende da recuperação do setor industrial.

Aposta em setores-chave: O texto defende que a neoindustrialização brasileira requer iniciativa, planejamento e gestão. Para isso, é necessário realizar uma diversificação criteriosa com base nos setores em que o Brasil possui know-how e capacidade de ser competitivo.

Conselho Industrial: Segundo o artigo, o caminho para a neoindustrialização passa pela escuta da sociedade por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que definirá as missões a serem atribuídas à indústria.

Brasil Verde: O texto também ressalta o potencial sustentável da economia brasileira. Um exemplo citado é a redução do uso de combustíveis fósseis na indústria automotiva, por meio do carro elétrico e dos biocombustíveis. “Podemos exportar carros ou motores flex para mercados que podem usar etanol na Ásia, na África e na América Latina”, afirma.

O agro é pop: De acordo com o artigo, a força do agronegócio brasileiro permitirá a criação de uma cadeia de suprimentos que reduza a dependência externa, com destaque para o Plano Nacional de Fertilizantes. O estímulo à agroindústria, ao financiamento de exportações de maquinário agrícola e às novas tecnologias emergentes no Brasil para atender o setor, também são mencionados no texto.

Reforma tributária: O texto enfatiza a necessidade de políticas horizontais, como uma tributação eficiente e justa. “A reforma tributária é essencial para desbloquear, desburocratizar e simplificar processos que prejudicam a indústria. Ela será projetada para reduzir a cumulatividade e os conflitos, estimular o investimento privado, aumentar as exportações nacionais, combater distorções alocativas e melhorar o ambiente de negócios, reduzindo o custo Brasil”, destaca.

Capital humano e políticas sociais: O texto ressalta a importância de investir nas pessoas, afirmando que “a indústria só prosperará com um capital humano bem formado”. Portanto, celebra os investimentos no novo Bolsa Família, que prioriza mais as crianças, na educação básica, que caminha em direção ao ensino integral, e na valorização do salário mínimo.

Em um discurso memorável de tempos atrás, o professor Weber Figueiredo, refletindo sobre a industrialização do Brasil, em sua “A Última Aula” aos formandos de engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), dizia:

“…Para começar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que eu vou chamar de bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lá em casa, depois que várias receitas prontas não deram certo. É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovó. A banana é um recurso natural, que não sofreu nenhuma transformação. A bananada é = a banana + outros ingredientes + a energia térmica fornecida pelo fogão + o trabalho da vovó e + o conhecimento, ou tecnologia da vovó. A bananada é um produto pronto, que eu vou chamar de riqueza. E a vovó? Bem, a vovó é a dona do conhecimento, uma espécie de engenheira da culinária. Agora, vamos supor que a banana e a bananada sejam vendidas. Um quilo de banana custa cinco reais. Já um quilo da bananada custa entre dezoito e trinta reais. Por que essa diferença de preços? Porque quando nós colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas. Agora, quando a vovó, ou a indústria, faz a bananada, ela cria empregos na indústria do açúcar, da cana-de-açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres e até na de embalagens, porque tudo isto é necessário para se fabricar a bananada. Resumindo, 1kg de bananada é mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricação criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira.”

Eu, enquanto engenheiro, tecnologista, cidadão e amante de um Brasil mais próspero, mais rico e igualitário para nossos filhos, concordo plenamente com o professor Figueiredo. Necessitamos quebrar esse paradigma de dependência tecnológica e investir maciçamente em ciência, tecnologia e inovação. Nós podemos mudar esse cenário. Basta querermos.

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