O que está impedindo a prisão da deputada Carla Zambelli?
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Por Política em Debate I Brasília
Em 17/06/2025, 16h02 I Leitura 2 min
Carla Zambelli, ainda deputada federal e ícone da extrema-direita bolsonarista, trilhou uma carreira marcada por radicalismos: fundadora do grupo “Nas Ruas”, participou de protestos antissistema e envolveu-se em casos como portar arma ilegal para perseguir um jornalista pelas ruas de São Paulo (caso que rendeu condenação por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal a 08 anos e o3 meses de prisão). Em maio de 2025, Zambelli foi também sentenciada a 10 anos de prisão pela invasão do sistema de mandados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelos crimes de falsidade ideológica e inserção de dados falsos — crimes graves com condenação definitiva no STF e que implicam na cassação automática de seu mandato. Em seguida, fugiu ao exterior, usando sua cidadania italiana como escudo e abrindo um perigoso precedente autoritário: deputada foragida, mas ainda clamando a prerrogativa de “mandato”.
A última reviravolta
Desta vez, a Polizia italiana afirma ter identificado o local no qual Zambelli se refugiou, provavelmente em um apartamento nos arredores de Roma. A inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol ocorreu há 11 dias, e o embaixador brasileiro em Roma, Renato Mosca, já declarou que ela poderá ser presa “a qualquer momento” .
Entretanto, até agora, Zambelli continua solta, e isso se deve a “trâmites burocráticos” pendentes do Judiciário italiano. A PF brasileira diz aguardar que tudo se resolva até o fim da semana. Enquanto isso, um deputado do Parlamento Italiano denunciou a situação como absurda: afirmou que o governo sabia da chegada de Zambelli 36 horas antes, e que a omissão deliberada explícita “permitiu sua fuga”, acusando a Itália de transformar-se em “refúgio político de extremistas” .
O que está em jogo?
- Precedente perigosíssimo: uma condenada se autocoloca acima da lei.
- Acordos internacionais corroídos: se as autoridades italianas protelam e a Interpol não atua imediatamente, ficamos na hipótese de impunidade deliberada.
- Falência diplomática: o Brasil já solicitou formalmente a extradição de Carla Zambelli, mas a demora italiana revela brechas nas garantias de cooperação jurídica.
Há notícia de prisão?
Até o momento não há confirmação de que Zambelli tenha sido detida. As fontes indicam apenas localização e promessa de prisão “nas próximas horas ou dias”. Nada além disso. Ou seja: seguimos no terreno nebuloso entre a certeza da condenação e a dúvida sobre a execução.
Zambelli é uma figura que encarna a ofensiva antirrepublicana: condenada pela Suprema Corte do Brasil (STF), foragida, mas ainda recorrendo à cidadania europeia para driblar a Justiça. A Itália parece recuar quando deveria aplicar a lei. A conjugação entre demora, burocracia e impunidade politizada é suficiente para alçar esse caso a símbolo de um novo pacto autoritário transnacional — onde a lei internacional se dobra à ideologia, e exilados extremistas.