Seyed Mohammad Marandi : Verdade ou Manipulação ? (Israel x Irã)

Terrorismo de Estado sob a lente do professor Seyed Mohammad Marandi

Por Política em Debate I Brasília

Em 16/06/2025, 17h55 I Leitura 2 min

O professor Seyed Mohammad Marandi, acadêmico iraniano com formação em literatura inglesa pela Universidade de Birmingham e especialista em geopolítica do Oriente Médio, é um dos mais respeitados analistas da atualidade sobre os conflitos que assolam a região. Além de atuar como comentarista frequente em veículos como RT, PressTV e Al Mayadeen, Marandi é conselheiro em negociações nucleares iranianas e professor da Universidade de Teerã, o que lhe confere uma autoridade singular sobre os bastidores da política iraniana e os ataques encobertos perpetrados por potências ocidentais e seus aliados, especialmente Israel.

Seyed Mohammad Marandi: Israel x Irã – Verdade ou Manipulação?

Em sua recente entrevista (disponível em: YouTube – Israel x Irã: Verdade ou Manipulação?), Marandi denuncia de forma contundente o que ele chama de terrorismo descarado patrocinado por Israel, com apoio logístico e estratégico dos Estados Unidos e de seus aliados no Golfo Pérsico.

Entretanto, talvez tenha sido o contrário, isto é, um ataque traiçoeiro dos Estados Unidos ao Irã usando o Estado de Israel como seu proxy, da mesma forma que os Estados Unidos fizeram e ainda continuam fazendo com a Ucrânia em relação à Federação Russa. Mas, segundo o professor Marandi:

Israel bombardeou alvos civis no Irã, assassinou cientistas nucleares, mulheres, crianças… Jogadas para fora das janelas pelos estilhaços de explosões. Não há outra palavra para isso a não ser terrorismo de Estado”, afirma Marandi.

Mentiras, encobrimentos e manipulações

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Segundo o professor, parte significativa da narrativa ocidental é sustentada por desinformação deliberada. Clipes de vídeo adulterados com inteligência artificial, reportagens fabricadas, distorções midiáticas e cooptação de organismos internacionais — como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — fazem parte de um aparato voltado a pintar o Irã como ameaça, quando na realidade é alvo de provocações sistemáticas.

Marando lembra, inclusive, que os locais bombardeados por Israel são frequentemente vistoriados por inspetores da AIEA, e que os dados demonstram que o programa nuclear iraniano é pacífico. Ainda assim, o Irã é tratado como inimigo irreconciliável, enquanto Israel, potência nuclear não-declarada, age fora de qualquer controle internacional, como se estivesse acima da lei. A propósito fica a pergunta: A AIEA inspeciona as instalações nucleares de Israel? Sabe quantos artefatos nucleares Israel possui? Os inventariou?

A resposta as questões que levantamos são:

A AIEA inspeciona as instalações nucleares de Israel? Sabe quantos artefatos nucleares Israel possui? Os inventariou?

Resposta: A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não tem acesso às instalações nucleares militares de Israel, como o reator de Dimona, que é amplamente ligado ao seu programa de armas nucleares. Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e mantém seu programa sob o que se chama de “ambiguidade estratégica”.

Em contraste, no Irã, a AIEA implementa inspeções amplas nas instalações nucleares declaradas (Natanz, Fordow, Bushehr), exceto quando sua presença é suspensa por motivos de segurança

A escalada militar e a hipocrisia ocidental

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Marandi deixa claro que os ataques israelenses contra o Irã não teriam sido possíveis sem o envolvimento direto dos EUA, cuja presença em bases militares no Qatar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, além de toda a logística via satélite, que Israel não possui para mapear e coordenar com precisão onde atacar, torna evidente a cumplicidade. Mais do que isso: ele denuncia que a retórica americana de “negociar acordos de paz” é falsa, já que as agressões ocorrem paralelamente às conversas diplomáticas, sabotando qualquer chance real de entendimento.

A consequência dessa escalada, segundo Marandi, é o colapso iminente das negociações nucleares e o crescimento do apoio interno a uma mudança de postura por parte do Irã. “O povo iraniano está furioso. A pressão é imensa. E se os EUA e Israel continuarem com esses ataques, as retaliações podem atingir bases americanas e instalações israelenses com força e precisão.”

A real ameaça à paz global

O professor Marandi adverte que a guerra está prestes a se expandir. O Golfo Pérsico, com sua geografia estreita, pode facilmente se tornar um ponto de ignição para um conflito global, especialmente porque o Irã possui bases subterrâneas em toda a região, e suas capacidades de drones e mísseis de longo alcance se desenvolveram consideravelmente após o massacre de Gaza.

Para Marandi, o que está em jogo não é apenas a segurança do Irã, mas a integridade do direito internacional, já que Israel vem agindo impunemente, destruindo infraestruturas civis, matando civis, e desestabilizando países vizinhos como o Líbano, a Síria e o próprio Irã. A conivência da imprensa e de analistas pagos por think tanks ocidentais, segundo ele, só amplia a tragédia.

“Mataram mulheres, crianças, civis… E dizem que estão protegendo o mundo de uma ameaça nuclear. A verdadeira ameaça é o silêncio covarde diante do genocídio.”

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