O Brasil Rejeita Bolsonaro em 2026

A Justiça não pode falhar. A impunidade de Bolsonaro não seria apenas uma falha jurídica: seria um escárnio histórico contra a democracia brasileira.

Por Política em Debate I Brasília

Em 15/06/2025, 17h52 I Leitura 2 min

A narrativa da extrema direita brasileira insiste em dizer que Jair Bolsonaro “está voltando” — como se tivesse saído por vontade própria, e não enxotado pela Justiça. Mas o país real, aquele que vive fora das bolhas digitais, pensa diferente. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em junho de 2025 mostra que 67% dos brasileiros acham que Bolsonaro deveria desistir de tentar concorrer à Presidência em 2026. Apenas 30% gostariam de vê-lo novamente no páreo. Os números são cristalinos: O Brasil rejeita Bolsonaro.

A ironia, no entanto, é que esse cenário nem se coloca juridicamente. Jair Bolsonaro está inelegível até o ano de 2030. A pena foi imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023, confirmada em outro processo em 2024, e decorre de sua atuação criminosa na tentativa de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. O ex-presidente, vale lembrar, promoveu ataques ao TSE, espalhou fake news sobre urnas eletrônicas, tentou envolver embaixadores numa operação golpista e, como se não bastasse, foi pivô da minuta do golpe apreendida na casa de seu ex-ministro da Justiça.

A primeira condenação foi por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, quando Bolsonaro convocou embaixadores estrangeiros, ainda em 2022, para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas. A segunda decorre do uso do 7 de setembro como palanque de campanha eleitoral irregular. Ambas tornaram-no inelegível por oito anos — o que, salvo reviravolta jurídica improvável, o impede de disputar qualquer cargo até 2030.

Mas o que pesa ainda mais sobre o ex-presidente são as investigações e ações penais em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é réu ou investigado por:

  • Tentativa de golpe de Estado (caso da minuta golpista);
  • Articulação para espionagem ilegal da Abin;
  • Fraudes em cartões de vacinação contra a COVID-19;
  • Venda ilegal de joias e presentes oficiais;
  • Envolvimento com as milícias digitais e o “gabinete do ódio”.

De acordo com levantamento recente de juristas e analistas jurídicos, se condenado em todos os processos, Bolsonaro pode pegar de 12 a 43 anos de prisão, somadas as penas mínimas previstas para cada tipo penal .

Ainda assim, seus aliados políticos e seguidores mais radicais insistem em manter a ilusão de que “Bolsonaro 2026” é um cenário plausível — ignorando a realidade jurídica e a rejeição crescente do eleitorado. A pesquisa Datafolha traz dados inquestionáveis: entre os mais jovens, a rejeição ao retorno de Bolsonaro ultrapassa 70%. Entre mulheres, 73%. No Nordeste, chega a 78%. A adesão se restringe a uma bolha radicalizada, composta majoritariamente por homens, brancos e de renda mais alta — exatamente o perfil que se beneficiou de sua política de destruição.

O resultado é a prova de que, apesar da tentativa de ressuscitar sua imagem, Bolsonaro tornou-se um peso morto na política nacional, inclusive para muitos da própria direita tradicional, que já buscam alternativas com menos rejeição e menos pendências criminais.

Dizer que Bolsonaro deve desistir de concorrer em 2026 é, portanto, quase redundante. Ele não pode concorrer. O que os brasileiros querem — e dizem nas pesquisas — é algo mais profundo: que Bolsonaro desapareça da vida pública. Que não volte.

E a Justiça, por sua vez, não pode falhar. A impunidade de Bolsonaro não seria apenas uma falha jurídica: seria um escárnio histórico contra a democracia brasileira.

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