Carla Zambelli: “A Queda é a Fornalha”

“A queda é a fornalha, a decadência é o fogo lento.”
— Victor Hugo

Por Política em Debate I Brasília

Em 07/06/2025, 18h38 I Leitura 2 min

O destino político de Carla Zambelli, até recentemente uma das figuras mais estridentes do Congresso Nacional, parece finalmente ter sucumbido à fornalha da Justiça. O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão unânime, selou o que já era esperado: a condenação definitiva da deputada, agora ex-parlamentar, por sua participação na invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão, o que, por si só, fará com que o cumprimento seja em regime fechado, isto é, em uma prisão. E como ela não parece ter problemas médicos associados ao mal de Parkinson, sofre de bipolaridade e de distúrbios do sono, a agora ex-deputada não poderá apelar para o cumprimento de sua pena em regime semi aberto, isto é, em uma confortável casa, como é o caso do cumprimento de pena do ex-presidente Fernando Collor de Mello, beneficiado pelo STF nesse sentido (sic).

A queda de Zambelli, neste caso, não foi apenas um tropeço — foi um mergulho em direção ao abismo, alimentado por escolhas que desafiaram os limites da lei e da ética pública. O fogo lento da decadência, como bem escreveu Victor Hugo, já vinha consumindo a reputação e a legitimidade de Zambelli há tempos. O STF apenas acendeu a última chama.

O Julgamento e a Fornalha

No dia 6 de junho de 2025, a Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, o último recurso de Zambelli. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, não poupou palavras: tratava-se de um recurso meramente protelatório, uma tentativa vã de adiar o inevitável. Com o trânsito em julgado, a pena de 10 anos de prisão tornou-se definitiva, assim como a extinção automática de seu mandato.

A fornalha da justiça não perdoa: no dia seguinte, Moraes converteu a prisão preventiva em definitiva e acionou os mecanismos internacionais para que Zambelli seja localizada e extraditada da Itália, onde se encontra foragida.

Decadência em Fogo Lento

A decadência política de Zambelli não começou ontem. Sua trajetória, marcada por polêmicas, ataques às instituições e alianças duvidosas, foi sendo corroída pouco a pouco. O episódio da invasão ao CNJ foi apenas o estopim de um processo de autodestruição, onde a busca por protagonismo se sobrepôs ao respeito pelas regras do jogo democrático.

Agora, sem mandato, sem foro privilegiado e sem o escudo da imunidade parlamentar, Zambelli enfrenta o calor máximo da fornalha: a execução da pena, a exposição internacional e o isolamento político. Melancólico, mas merecido.

O drama familiar

João Zambelli, filho de 17 anos da deputada Carla Zambelli, gravou um vídeo no qual expressa sua angústia diante da ordem de prisão da mãe e da possibilidade (já concretizada) de perda do mandato, ressaltando que ele, sua avó e os funcionários do gabinete serão afetados financeiramente. Ele afirma que mora com a avó no apartamento funcional da deputada em Brasília e questiona como vão se sustentar, já que a avó tem 75 anos e vive apenas com a aposentadoria, enquanto ele, jovem, não sabe que trabalho poderá arrumar. Bom…Se se trata de um apartamento funcional, João Zambelli e a avó terão que desocupar o imóvel, já que “apartamentos funcionais” (uma aberração e abuso no Brasil) são destinados à parlamentares em exercício. Quando um faz todos, em geral, pagam.

O Fim de um Ciclo

A história de Carla Zambelli serve de advertência: quem brinca com o fogo das ilegalidades, cedo ou tarde, acaba consumido pelas próprias chamas. O STF, ao reafirmar a condenação, não apenas puniu uma conduta criminosa, mas também enviou um recado claro sobre os limites da atuação parlamentar e o peso das escolhas individuais.

A queda é a fornalha. E, para Zambelli, o fogo lento da decadência já não é mais metáfora — é realidade.

Assista aos vídeos do julgamento e repercussão:

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