
Por Política em Debate I Brasília
Em 04/06/2025, 16h45 I Leitura 2 min
Elon Musk, o bilionário sul-africano naturalizado americano, conhecido por suas empresas Tesla e SpaceX, tornou-se uma figura central na política dos Estados Unidos, especialmente ao investir pesadamente na campanha eleitoral de Donald Trump em 2024. Musk foi o maior doador individual da campanha, contribuindo com aproximadamente US$ 277 milhões para apoiar a candidatura de Trump e de outros candidatos republicanos aliados.
A maior parte desse montante foi direcionada ao America PAC, um comitê de ação política (Super PAC) fundado por Musk, que recebeu cerca de US$ 239 milhões. Esse grupo teve papel central na mobilização de eleitores em estados decisivos.
Musk doou ainda US$ 20,5 milhões ao RBG PAC, um Super PAC que promoveu a ideia de que Trump compartilhava posições moderadas sobre o aborto, comparando-as às da falecida juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg.
Essas contribuições financeiras consolidaram Musk como o maior doador político individual da eleição de 2024 e o maior desde pelo menos 2010, excluindo candidatos que financiaram suas próprias campanhas.
Em um episódio que chocou a opinião pública e reforçou sua aproximação com a extrema direita, Musk comemorou a vitória de Trump em evento privado fazendo um gesto de saudação nazista, gesto típico de grupos eugenistas de extrema-direita, amplamente noticiado por veículos como Rolling Stone e The Independent.

Durante o governo Trump, Musk foi nomeado para liderar o “Department of Government Efficiency” (DOGE), com a missão de cortar gastos públicos. Inicialmente, prometeu uma economia de US$ 2 trilhões, que depois foi reduzida para US$ 1 trilhão. No balanço final, porém, a economia real ficou entre US$ 150 e 160 milhões, praticamente anulada pelas perdas de eficiência e outros problemas administrativos, estimados pela inteligência artificial GROK em cerca de US$ 135 milhões. Ou seja, o enxugamento radical da máquina pública gerou mais prejuízos do que ganhos, afetando serviços essenciais e aumentando a precarização.
Agora, fora do governo, Musk critica o novo pacote fiscal de Trump, que pode aumentar a dívida pública americana — já em cerca de US$ 36 trilhões — em mais US$ 2,5 a 5 trilhões, chamando o plano de “abominação nojenta” (disgusting abomination), conforme reportagem do The Guardian.
Elon Musk tem sido um crítico veemente do pacote fiscal de Trump, conhecido como “One Big Beautiful Bill”. Em uma série de publicações na plataforma X (antigo Twitter), Musk expressou sua profunda insatisfação com o projeto, que visa estender cortes de impostos de 2017, introduzir novas isenções fiscais e aumentar o teto da dívida federal.

Além das preocupações com o aumento da dívida, Musk também criticou o projeto por eliminar subsídios para veículos elétricos e energia limpa, o que poderia impactar negativamente empresas como a Tesla. Não será essa a real razão para a indignação de Elon Musk? Com o negócio da Tesla em queda, perder subsídios governamentais certamente dificultará ainda mais que a Tesla se mantenha competitiva nos Estados Unidos, em especial se forem mantidas por muito mais tempo as tarifas de Trump contra as importações chinesas, do México e do Canadá, de componentes automotivos. Acrescente ainda o fato que Trump aumentou as tarifas de importação de aços e alumínio de 25% para 50%, mais um fator para que as ações da Tesla e mesmo outros projetos passem a apresentar viés menos atrativo, diante de uma China implacável em eficiência, elegância, tecnologia avançada e preços reduzidos dos seus veículos elétricos, sendo a BYD o pesadelo de Musk.
As críticas de Musk ecoam dentro do Partido Republicano e refletem uma crescente divisão, com senadores como Rand Paul e Mike Lee expressando preocupações semelhantes sobre o impacto fiscal do projeto. Para um país com uma dívida de US$ 36 trilhões, sem perspectivas de redução dessa dívida quase impagável, e mesmo até financiável na medida em que o peso do dólar diminui no mundo, fazendo com que o FED tenha que oferecer taxas de juros cada vez maiores para financiar a incompetência americana, parece razoável, para um adepto da extrema direita, que ele fique chocado com a proposta de Trump, que Musk ainda classificou como eleitoreira.
Musk encarna o capitalismo de espetáculo: financia o extremismo, lucra com o colapso do Estado, e depois se faz de vítima do próprio sistema que ajudou a desmontar. Enquanto isso, os Estados Unidos caminham para uma crise fiscal sem precedentes.
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