10 de maio de 2023, 18:12h

O advogado Tacla Duran deve detalhar na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara, as denúncias de extorsão contra Moro e Dallagnol no âmbito da operação Lava Jato.

Foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (9) um requerimento na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados para que o advogado Rodrigo Tacla Duran preste depoimento. O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) foi o autor do pedido, que tem como objetivo que Duran esclareça as denúncias de que teria sido vítima de extorsão por parte do ex-procurador e ex-juiz da operação Lava Jato, Sergio Moro, e do ex-coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba, Deltan Dallagnol.

Duran, que atualmente vive na Espanha, acusa a dupla de venda de sentenças e de tê-lo extorquido em R$ 5 milhões para que pudesse obter benefícios em acordos de colaboração com a Lava Jato e, assim, se livrar da prisão.

As denúncias de Duran foram encaminhadas pelo juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal (PF), que agora investigam Moro e Dallagnol por, supostamente, integrarem uma organização criminosa que extorquia alvos da operação.

Em março, a ordem de prisão contra Tacla Duran, que havia sido decretada em 2016 pelo então juiz Sergio Moro no âmbito da Lava Jato, foi revogada por Appio. A decisão do novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba se deu após o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, suspender cinco ações penais ligadas à operação, sendo que uma delas envolvia Duran, que atuava como advogado da Odebrecht.

Após as denúncias em depoimento a Appio, Duran passou a integrar o Programa Federal de Proteção a Testemunhas, uma vez que o juiz entendeu que envolve acusações contra pessoas que possuem “grande poderio político e econômico”.

Entenda as acusações feitas por Tacla Duran

Rodrigo Tacla Duran, um advogado acusado de lavagem de dinheiro para a Odebrecht enquanto trabalhava na construtora, prestou depoimento ao juiz Eduardo Appio na 13ª Vara Federal de Curitiba em 27 de março. Duran denunciou o ex-juiz da mesma vara e agora senador, Sergio Moro, e o ex-procurador e atual deputado federal, Deltan Dallagnol, alegando que ambos estavam envolvidos em um caso de extorsão do qual ele foi vítima. Ao final do depoimento, o juiz Appio decidiu enviar a acusação para o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal deve investigar o caso.

De acordo com Tacla Duran, em 2016, o advogado Carlos Zucolotto Júnior exigiu que ele pagasse 5 milhões de dólares para que pudesse obter benefícios em acordos de colaboração com a Lava Jato e, assim, se livrar da prisão. Em conversa por aplicativos de mensagens, que Duran alega ter capturas de tela, Zucolotto Júnior apontou que Deltan Dallagnol acertaria os termos do acordo. Cerca de um mês depois, Duran transferiu 613 mil dólares para o escritório de Marlus Arns. Marlus atuava com Rosângela Moro em casos envolvendo a Apae e processos relativos à chamada Máfia das Falências. Já Zucolotto era sócio da esposa de Moro e foi seu padrinho de casamento. Duran afirma que, após recusar-se a aderir ao esquema de extorsão, foi ameaçado por outro delator, além de acusar o Ministério Público de utilizar subterfúgios para impedi-lo de prestar depoimentos.

Tacla Duran continuou: “Eu testemunhei em uma série de países onde há cooperação internacional sobre os casos da Odebrecht. Testemunhei no Panamá, Argentina, Peru, Suíça, Andorra, vários países. Esta é a primeira vez que sou ouvido no Brasil. Estou em causa própria nesse processo há um ano e pouco. E os subterfúgios processuais utilizados até agora para que eu não fosse ouvido são diversos”, relatou.

Duran também afirmou que está sendo processado sobre o mesmo fato em cinco países diferentes como forma de perseguição por não ceder às pressões para extorsão. Atualmente, ele vive na Espanha e prestou seu depoimento por videochamada.

No momento da denúncia, o juiz interrompeu a audiência e enviou o caso para o Supremo Tribunal Federal, uma vez que dois dos citados, Dallagnol e Moro, agora são parlamentares. O caso deve ser investigado pela Polícia Federal e Tacla Duran terá seu nome encaminhado para o Programa Federal de Proteção a Testemunhas, uma vez que o juiz entendeu que envolve acusações contra pessoas que possuem “grande poderio político e econômico”.

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