02 de abril de 2023, 16:41h
Após o primeiro turno das eleições, a então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, delegada Marília Alencar, teria enviado um relatório ao ex-ministro com informações sobre as cidades em que Lula teve mais votos, a fim de esquematizar operações da PRF.
Em relação à “minuta do golpe”, encontrada em sua casa pela Polícia Federal, que dava aval jurídico para que o ex-presidente Jair Bolsonaro contestasse a eleição, Torres afirmou que sua secretária lhe entregou o documento. No entanto, em seu depoimento à PF, a secretária negou ter entregue qualquer documento ao ex-ministro.
Ao mesmo tempo, outro foco de complicações para o ex-ministro é o seu envolvimento mais direto com o processo eleitoral do que se imaginava. As investigações continuam e Torres se encontra cada vez mais em apuros.
De acordo com a notícia, a Polícia Federal fez uma descoberta recente que se trata de um “boletim de inteligência” produzido pela ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar. Ela é uma delegada que posteriormente trabalhou com Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
O documento em questão foi produzido em outubro e trazia detalhes sobre os locais em que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido mais votado no primeiro turno das eleições. Para os investigadores, o material foi utilizado pelo ex-ministro para colocar em prática uma tentativa de impedir que os eleitores chegassem a esses locais de votação, o que culminou na famosa operação realizada pela Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro.
A investigação sobre o assunto ganhou impulso quando a delegada tentou apagar o “boletim de inteligência” do seu celular, mas parte do material foi recuperado pela Polícia Federal.
O ex-secretário Anderson Torres realizou uma viagem não oficial à Bahia em um avião da FAB acompanhado do então diretor da PF Marcio Nunes, dias antes do segundo turno das eleições. Segundo a imprensa, o objetivo da viagem era pressionar o superintendente regional Leandro Almada a dar apoio à PRF na operação do dia da eleição.
Desde o dia 14 de janeiro, Anderson Torres se encontra preso após retornar dos Estados Unidos para o Brasil, sob pedido da Justiça, em decorrência das invasões em Brasília no dia 8 de janeiro. Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, Torres foi “no mínimo omisso” em relação aos acontecimentos, visto que entrou de férias um dia antes dos atos.
Com a descoberta desse “boletim de Inteligência” se torna mais do que claro que o candidato à reeleição e presidente Jair Messias Bolsonaro usou o aparelho do Estado ilegalmente em proveito dos seus fins políticos, violando dessa forma a lisura do processo eleitoral de 2022, preconizado pelo TSE. Na verdade isso já havia acontecido ás claras com a edição da chamada “PEC das Bondades”, que nada mais foi do que uma suja estratégia, com o apoio do legislativo, que destinou da ordem de R$ 300 bilhões á “compra de votos” de milhões de eleitores.
Bolsonaro, mais do que certo, no mínimo, se tornará inelegível depois da descoberta de mais essa grotesca e desonesta tramoia. Aliás, falar em tramoias, no plural, é pouco para caracterizar o que foi o governo Bolsonaro. Um governo desonesto e corrupto em essência.
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