Fala da ex-primeira-dama caiu como uma bomba durante evento do PL Mulher, provocando desconforto entre seus correligionários.

07 de maio de 2023, 17:41h

No sábado passado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) declarou que desejava “erradicar a cota dos 30%” para mulheres na política. Logo em seguida, percebendo o tamanho do estrago, ela gravou um vídeo “retificando” sua declaração e dizendo-se a favor da regra que visa aumentar a participação feminina na política.

Retificando: eu sou a favor da cota, sim! Nós queremos mulheres na política pelo seu potencial, pelo seu protagonismo. Nós não queremos apenas cumprir uma cota de 30%, nós acreditamos no potencial de cada mulher que entra na política brasileira”, disse Michelle. Só acredita nessa reviravolta a 180 graus, de opinião, os tolos ou aqueles que, como dona Michelle, são contra as cotas, seja quais forem.

Fim da cota

Durante um evento do PL Mulher na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na capital paulista, a ex-primeira-dama defendeu o fim da cota que obriga os partidos a lançarem ao menos 30% de candidatas mulheres nas eleições proporcionais (Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras municipais) e destinar a elas ao menos 30% do fundo eleitoral.

Michelle afirmou: “visando identificar novas lideranças, nós queremos, presidente Valdemar, erradicar a cota dos 30%. Nós queremos a mulher na política pelo seu potencial. Porque nós acreditamos que mulher na política, ela, de fato, faz acontecer.”

A declaração desastrosa da ex-primeira-dama caiu como uma bomba entre seus correligionários. A deputada federal Rosana Valle (PL), empossada por Michelle como presidente do PL Mulher neste sábado, tentou contornar a situação:

“O ideal seria que não tivesse (cota), mas como ainda somos poucas (mulheres), temos pouca representatividade na política, então, é uma questão para ser discutida. Preciso pensar sobre esse tema para emitir minha opinião depois”, disse Rosana ao Metrópoles. E ela ainda precisa pensar…..Parece um primarismo grotesco essa declaração da deputada Rosana Valle, para alguém que acaba de ser empossa como presidente do PL Mulher. Bem se vê a seriedade e prioridade que o PL dá ao tema.

A Necessidade das Políticas de Cotas no Brasil

A necessidade de cotas raciais, sociais, e de gênero na política no Brasil é baseada na ideia de equidade e justiça social. Historicamente, a sociedade brasileira tem sido marcada por profundas desigualdades e discriminações, e isso se reflete no acesso e na representação política.

Completada 10 anos, a Política de Cotas foi uma das principais ferramentas para inserir jovens pretos, pardos e indígenas dentro dos espaços acadêmicos.  A Lei  nº 12.711/2012 garantiu que 50% do total de vagas nas universidades e institutos federais fossem reservadas para alunos que vieram de escolas públicas. Nesse recorte de 50%, as vagas são também oferecidas para pretos, pardos e indígenas. “No começo dos anos 2000, a cada 100 universitários, apenas 2 eram  negros.

Já as cotas de gênero têm o objetivo de aumentar a representatividade das mulheres na política, uma vez que elas também são historicamente excluídas e sub-representadas nesse campo. Além disso, as cotas de gênero são importantes para garantir que as demandas e necessidades das mulheres sejam levadas em consideração nas políticas públicas.

A implementação de cotas raciais, sociais, e de gênero, é vital ao equilíbrio da sociedade no sentido de se promover a igualdade de oportunidades e a justiça social, bem como para garantir maior diversidade de vozes e perspectivas na tomada de decisões políticas.

O PL de Bolsonaro, da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, e da Deputada Rosana Valle, parecem se opor ideologicamente e se pautar ao lado das perpetuação das desigualdades e não lutar contra elas. Esses, que deveriam lutar por mais igualdade, parecem fazer o oposto. Sabotar, destruir o pouco que já foi construído com muita luta. Conquistado.

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