05 de março de 2023, 16:10h
“Brazil Journal”, considerado o jornal oficial da Faria Lima, bairro de São Paulo que simboliza o mercado financeiro brasileiro, disse em editorial que a taxa de juros tem que cair e apontou o risco da elevação para a economia brasileira.
O jornal diz que a situação econômica brasileira está cada vez mais difícil para as empresas, com riscos iminentes para o nível de emprego e a estabilidade econômica. Devido à Selic estacionada em 13,75%, muitas empresas estão lutando para pagar suas despesas financeiras, sem deixar nada para os acionistas e investimentos futuros.
O banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, que está trabalhando na reestruturação da dívida de empresas como Lojas Marisa e CVC, disse que a lista de nomes que precisarão negociar com os credores está aumentando de forma preocupante.
No mercado secundário de dívida, as taxas para créditos conservadores do país estão se tornando impensáveis, como IPCA + 8,7% para Localiza e IPCA + 8,5% para Cosan. Os gestores de investimento e executivos de empresas estão assustados com a velocidade da deterioração das expectativas e das previsões de queda do PIB para este ano e o próximo.
“Apesar das ações do governo contra o Banco Central, é provável que a taxa Selic comece a cair em breve, já que o mandato do banco central é manter a estabilidade de preços e compromisso com o pleno emprego. Além disso, uma série de falências empresariais poderia criar problemas que o BC não tem enfrentado há anos. A taxa de juros baixa é crucial e sustenta tudo.”
E segue o jornal. Embora o governo esteja empenhado em combater o Banco Central, é muito provável que a taxa Selic venha a cair em breve. Afinal, o objetivo primordial dos bancos centrais é garantir a estabilidade de preços e promover o pleno emprego – e uma inflação suíça seria incompatível com o ambiente de negócios. Ademais, a possibilidade de várias empresas falirem em sequência pode gerar problemas que o BC não enfrenta há anos. Em resumo, a taxa de juros baixa é a base de tudo.
Nos últimos 20 anos, uma outra novidade ocorreu: em vez de recorrerem apenas aos bancos, as empresas começaram a buscar empréstimos com pessoas físicas, o que intensificou o chamado mercado de capitais. Se o Presidente fizer uma pesquisa, encontrará metalúrgicos de São Bernardo e dentistas de Garanhuns dentre os milhões de pequenos poupadores/investidores que possuem ações da Petrobras e contas na XP, diz o jornal. O montante levantado pelas empresas junto a esses investidores (que não são bancos) aumentou de 2% do PIB em 2016 para quase 7% do PIB no ano passado. Os altos juros destroem esses investimentos e adiam a aposentadoria dos brasileiros que lutaram muito para poupar. Além de investir, esses brasileiros também têm o hábito de votar a cada quatro anos.
O ciclo virtuoso de investimento, emprego e renda é impulsionado pelo baixo índice de juros: os empreendedores assumem riscos, contratam funcionários e estabelecem novas fábricas. O dinheiro circula e gera oportunidades para aqueles que mais precisam. Por outro lado, uma alta taxa de juros faz com que o capital hiberne em contas remuneradas, deixando os ricos protegidos enquanto os pobres sofrem as consequências.
A deputada e Presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, afirmou que não foi possível se chegar a um acordo com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a redução da extorsiva taxa de juros real da economia Brasileira, de 8% – SELIC de 13,75% – a maior do mundo.
Essa taxa absurda de juros, praticada de forma ineficaz, faz mais de dois anos, vem derrubando a atividade econômica sem debelar a inflação, que é de oferta e não de demanda, e que tem como consequência direta o aumento dos serviços atrelados ao pagamento da dívida pública, transferindo cada vez recursos da sociedade para uma minoria de financistas e rentistas. Uma constante na economia brasileira faz décadas.