Jeffrey Sachs: OTAN e Rússia à Beira de uma Guerra Nuclear

Por Política em Debate I Brasília

Em 05/06/2025, 18h17 I Leitura 3 min

É oficial: o Ocidente perdeu o juízo. Se alguma dúvida restava sobre a escalada irresponsável da guerra na Ucrânia, Jeffrey Sachs acaba de enterrar qualquer esperança de racionalidade. Em entrevista ao podcast Mindenta, Sachs — economista renomado e um dos poucos intelectuais que ainda ousam desafiar o consenso belicista — faz um diagnóstico implacável: estamos mais próximos do abismo nuclear do que em qualquer outro momento desde a crise dos mísseis de Cuba. E, diferentemente de 1962, agora não há estadistas, nem movimentos pacifistas, nem sequer instinto básico de autopreservação.

Jeffrey Sachs ao podcast Mindenta: A OTAN e a Rússia estão a beira de uma guerra nuclear

O motivo? O ataque ucraniano, com apoio direto das agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido, contra bombardeiros nucleares estratégicos russos — E o detalhe mais grotesco é que esses bombardeiros estavam à vista dos satélites americanos, justamente por exigência dos tratados de controle de armas nucleares, criados para evitar surpresas e garantir a transparência entre superpotências. Agora, o Ocidente usa essa transparência como brecha para atacar, rasgando décadas de arcabouço de segurança global, e gerando uma profunda desestabilização da estrutura de armas nucleares.

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A leviandade é tamanha que, enquanto o mundo caminha para o precipício, governos e imprensa ocidentais aplaudem como focas. Sachs denuncia: “A imprudência do comportamento ocidental e da mídia é absolutamente chocante. Demonstra total falta de compreensão dos perigos globais que enfrentamos.” O ataque não só enfraquece um componente crítico do controle de armas nucleares, mas também destrói qualquer possibilidade de confiança entre as superpotências. “Onde foi parar até mesmo o instinto de autopreservação? Estamos chegando cada vez mais perto de uma guerra nuclear por causa desse tipo de imprudência.”

O pano de fundo, segundo Sachs, é a arrogância desenfreada do aparato de segurança dos EUA desde o colapso da União Soviética. Tratados são abandonados um após o outro – do ABM, passando pelo INF, até o New START – e o Ocidente age como se pudesse ditar as regras do jogo, derrubar governos, promover guerras e, agora, atacar forças nucleares estratégicas russas sem consequências. “O ataque desta semana é apenas mais um capítulo do abandono do arcabouço de segurança global”, sentencia o economista.

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E a política? Sachs é contundente: “Perdemos o controle de nossas instituições políticas sobre a política externa. O chamado Deep State, as agências de inteligência e os interesses econômicos não eleitos governam sem prestar contas.” O movimento pacifista desapareceu, a oposição é bloqueada, e qualquer voz crítica é imediatamente tachada de “pró-Rússia”. Governos impopulares se mantêm no poder, blindados por uma mídia corporativa que se recusa a questionar a escalada.

O resultado é um Ocidente à deriva, comandado por tecnocratas arrogantes e políticos fanáticos, incapazes de enxergar o óbvio: não há mais espaço para negociação. Sachs pergunta, com razão: “Como a Rússia pode negociar a paz se operações de inteligência complexas que atacam o núcleo absoluto de sua segurança nacional são realizadas dessa maneira, justamente no momento em que os Estados Unidos pressionam por negociações de paz?” A resposta é simples e aterradora: não pode. E, enquanto isso, o risco de uma resposta russa – talvez até nuclear – cresce a cada dia.

No fim, Sachs deixa o alerta que deveria ecoar em todas as redações e gabinetes do mundo: “Estamos todos no mesmo barco, à deriva e sem capitão. O Ocidente age como se fosse invulnerável, mas estamos brincando com o Armagedom nuclear.” O problema é que, quando a ficha cair, pode ser tarde demais.

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