Trump arma emboscada diplomática e acusa falsamente a África do Sul de “genocídio branco”

Deu na mídia

Por Política em Debate I Brasília

Em 23/05/2025, 15h55 I Leitura 2 min

Poucas vezes na história das relações internacionais se testemunhou um presidente dos Estados Unidos agir de forma tão abusiva e grosseira quanto Donald Trump. Em mais um episódio que evidencia seu estilo truculento, Trump protagonizou uma cena constrangedora ao receber o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, no Salão Oval.

Presidente Donald Trump protagonizou uma das cenas mais lamentáveis que já se viu nas relações internacionais procurando humilhar o seu homólogo da África do Sul, Cyril Ramaphosa. O  encontro entre os dois ocorreu na Casa Branca na quarta-feira, 21 de maio de 2025

Durante o encontro, transmitido ao vivo, Trump surpreendeu o líder sul-africano ao exibir vídeos e fotos de supostos crimes contra brancos no país africano, acusando abertamente o governo da África do Sul de permitir um “genocídio branco” e nada fazer para impedir tais crimes. A cena, além de patética, foi marcada por informações falsas e por uma postura agressiva, típica do presidente americano, que já vinha fazendo campanha aberta contra o governo sul-africano, um dos fundadores do BRICS, empenhado na construção de uma ordem mundial multipolar, em contraposição à hegemonia dos Estados Unidos e do dólar, que os Estados Unidos tenta manter a todo o custo.

Para Trump MAGA (Make Americana Great Again) – Tornar a América grande novamente (tradução livre) – talvez signifique que ele acredita que pode tudo. Que pode vilipendiar, punir, maltratar, distorcer fatos históricos, mentir de forma cínica e descarada. Humilhar outros líderes de forma sádica, quando aparece a oportunidade. Um péssimo ator que encena a sua bizarrice, grotesca e ridícula. Humilhando não ao outro. Humilhando, na verdade, o próprio Estados Unidos.

Trump, que frequentemente defende interesses de minorias brancas na África do Sul, ignorou dados e contextos históricos, optando por um discurso alarmista e desonesto. A acusação de “genocídio branco” já foi desmentida por diversas organizações internacionais, e amplamente criticada como parte de uma narrativa racista promovida por setores extremistas. Mas serve à narrativa de Trump para justificar ataques ao governo sul-africano, ao corte da ajuda à África do Sul e, ao mesmo tempo, alimentar sua base conservadora.

O constrangimento foi ainda maior quando o presidente sul-africano respondeu com firmeza e ironia: “Senhor presidente, eu não tenho um avião para lhe dar”, numa referência direta ao suposto presente de um avião presidencial que Trump teria recebido do governo do Catar, levantando suspeitas de corrupção e favorecimento pessoal. O líder africano, ao contrário de outros que já foram humilhados por Trump, como o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, não se intimidou e expôs, diante das câmeras, a hipocrisia e os interesses escusos do presidente americano.

A resposta de Ramaphosa

O presidente Ramaphosa manteve a compostura diante das acusações, refutando as alegações de Trump. Ele esclareceu que a África do Sul é uma democracia multipartidária e que a violência no país afeta todas as comunidades, não sendo direcionada especificamente contra os brancos.

O episódio revela não só o despreparo de Trump para lidar com temas sensíveis da política internacional, mas também a hipocrisia de quem acusa falsamente outros países de genocídio, enquanto apoia, sem restrições, políticas violentas e discriminatórias em outras regiões do mundo, como o apoio incondicional ao Estado de Israel diante da tragédia humanitária no território palestino.

A cena no Salão Oval ficará marcada como mais um exemplo do uso do poder e da diplomacia para fins pessoais e políticos, em detrimento do respeito, da verdade e da cooperação internacional.


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