Deu na mídia

Por Política em Debate I Brasília
Em 19/05/2025, 20h25 I Leitura 2 min

Nesta segunda-feira (19), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram uma conversa telefônica de mais de duas horas, em um momento considerado decisivo para o futuro do conflito na Ucrânia. O diálogo foi classificado por ambos como “franco”, “informativo” e “muito útil”, sinalizando uma possível reaproximação entre Moscou e Washington em torno de um cessar-fogo e de um acordo de paz para o Leste Europeu.
Cessar-fogo condicionado a acordos
Após o telefonema, Putin declarou à imprensa que a Rússia está pronta para trabalhar com a Ucrânia em um memorando sobre um futuro tratado de paz. O líder russo afirmou que Moscou está disposta a adotar um cessar-fogo por um determinado período, desde que “acordos apropriados sejam alcançados” entre as partes. “O principal para nós é eliminar as causas profundas desta crise. Só precisamos determinar as maneiras mais eficazes de avançar em direção à paz”, disse Putin, reforçando que a busca por compromissos satisfatórios para todos é fundamental para encerrar o conflito.
Putin também agradeceu ao presidente Trump pelo papel dos Estados Unidos na retomada das negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, interrompidas desde março de 2022. Na última rodada em Istambul, o único avanço concreto foi a troca de 1.000 prisioneiros de cada lado.
Trump aposta no diálogo direto e em oportunidades econômicas
Donald Trump, por sua vez, afirmou em sua rede social que “Rússia e Ucrânia iniciarão imediatamente negociações para um cessar-fogo e, mais importante, para o fim da guerra”. Segundo ele, os termos serão negociados diretamente entre as partes, pois “só elas conhecem os detalhes das negociações que ninguém mais conhece”. O presidente americano destacou o “tom e o espírito excelentes” da conversa e demonstrou otimismo quanto ao potencial de reconstrução econômica da região após o conflito: “A Rússia quer fazer comércio em larga escala com os Estados Unidos quando este ‘banho de sangue’ catastrófico terminar, e eu concordo. Da mesma forma, a Ucrânia pode ser uma grande beneficiária do comércio, no processo de reconstrução de seu país”.
Trump também informou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus já estão a par do conteúdo da conversa. O Vaticano, inclusive, teria manifestado interesse em sediar futuras negociações de paz.
A realidade belicista dos principais líderes europeus
A União Europeia vê a guerra como uma oportunidade para reforçar sua coesão interna e afirmar sua posição geopolítica. O conflito serve como catalisador para aumentar os gastos militares dos países membros e reduzir a dependência energética da Rússia. Há ainda o temor – fictício? provavelmente – de que uma vitória russa possa encorajar futuras agressões, colocando em risco a segurança do continente europeu.

Essas lideranças parecem acreditar que ceder em negociações pode ser interpretado como fraqueza, afetando negativamente a popularidade desses líderes. A solidariedade com a Ucrânia tornou-se uma questão moral e política, dificultando qualquer movimento em direção a concessões.
A guerra também tem implicações econômicas. A reconstrução da Ucrânia e a necessidade de apoio contínuo geram oportunidades para empresas europeias. Um dos setores que mais se beneficiam, evidentemente, é a indústria de defesa. Esses fatores econômicos criam incentivos para a manutenção do conflito, não importa quantos milhões sofram e morram. Horrendo. Cruel.
Desafios e próximos passos
Apesar do clima positivo, ainda não há um cronograma definido para o cessar-fogo, e pontos de discordância persistem. Enquanto a Ucrânia e seus aliados ocidentais insistem em um cessar-fogo como pré-condição para avanços diplomáticos, a Rússia defende que as negociações venham antes da definição de uma trégua.
A ligação desta segunda-feira representa a terceira conversa formal entre Putin e Trump desde o início do segundo mandato do presidente americano. As expectativas agora se voltam para os desdobramentos das negociações, que podem marcar um novo capítulo na busca por uma solução negociada, e não pela capitulação militar, para a guerra na Ucrânia.