De Política em Debate

Publicado em 15/04/2025, 15:20h

A repercussão da fala do financista Armínio Fraga, defendendo o congelamento do salário mínimo em termos reais por seis anos, escancarou um sentimento que já vinha sendo maturado no debate público: a elite brasileira perdeu a vergonha de vez. Ao propor que os mais pobres sigam pagando a conta da farra dos rentistas, Fraga fez emergir uma indignação legítima — e necessária — entre economistas, representantes do governo e a sociedade civil.

Um dos primeiros a reagir foi o secretário de Desenvolvimento Industrial do MDIC, Uallace Moreira, que rebateu com firmeza a proposta do financista. Em suas palavras, a solução não está em achatar salários, mas sim em enfrentar o verdadeiro problema estrutural da economia brasileira: os ganhos absurdos dos rentistas. Ele lembra que, enquanto se discute congelar o salário mínimo, o Estado continua drenando recursos públicos para alimentar os juros da dívida interna, mantendo intacto o modelo de concentração de renda e favorecimento dos mais ricos. A crítica completa está disponível aqui: Uallace Moreira rebate Armínio e propõe enfrentar os ganhos dos rentistas.

Uallace Moreira rebate Armínio e propõe enfrentar os ganhos dos rentistas
Secretário do MDIC questiona por que elite financeira sempre se coloca contra os mais pobres

Na mesma linha, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, não poupou palavras. Chamou Fraga de “parasita” e denunciou a hipocrisia das elites que se acham no direito de dar lições de moral enquanto vivem de renda fácil, alimentada pelo sacrifício da maioria. “A elite brasileira perdeu a vergonha. Defendem que pobre coma menos, viva com menos, sonhe menos. Enquanto isso, vivem em mansões, blindados por privilégios fiscais e legais”, escreveu Cappelli. O artigo completo pode ser lido aqui: Cappelli trata Armínio como parasita e diz que a elite brasileira perdeu a vergonha de vez.

Cappelli trata Armínio como ‘parasita’ e diz que a elite brasileira perdeu a vergonha de vez

O mais revelador, no entanto, é perceber como essa proposta de congelar salários não é um deslize isolado, mas parte de um projeto muito bem articulado para manter o Brasil eternamente subordinado a uma minoria privilegiada. Trata-se da continuidade do neoliberalismo que se aprofundou durante o governo Bolsonaro — aquele que, entre 2019 e 2022, não concedeu um único centavo de aumento real ao salário mínimo, deixando milhões de brasileiros à própria sorte.

O que se propõe agora, portanto, é institucionalizar, de novo, esse arrocho por mais seis anos. É empurrar a maioria da população para a miséria controlada, enquanto os verdadeiros aproveitadores vis desse sistema viciado e injusto, seguem acumulando fortunas sem sequer produzir um prego. Criar um único e mísero emprego. Isso não é ajuste fiscal: é crueldade planejada.

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Ao invés de congelar o mínimo, o Brasil precisa descongelar sua coragem política e enfrentar os verdadeiros privilégios. Isso inclui taxar lucros e dividendos, auditar a dívida pública, reverter a farra dos juros altos, e reorientar o orçamento para a geração de empregos, educação, saúde e desenvolvimento produtivo.

A elite que defende cortes apenas para os pobres é a mesma que se recusa a abrir mão de suas regalias. E isso precisa ser denunciado com todas as letras — nas redes, nas ruas, nas urnas e na memória histórica. Porque o que está em jogo não é apenas o salário mínimo: é a dignidade de um povo inteiro.

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