21 de fevereiro de 2023, 10:03h

Viktor Orbán, Presidente da Hungria, que faz parte da Comunidade Europeia e da OTAN.

Segundo o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, se a União Europeia quiser ir à guerra, deve primeiro lutar contra a inflação.

Orbán criticou as sanções ocidentais contra a Rússia, que, segundo ele, não conseguiram encerrar o conflito na Ucrânia, mas causaram danos à economia europeia e aumentaram a inflação. Em um post em sua página no Facebook (que é proibido na Rússia devido à propagação de extremismo), publicado no domingo (19), Orbán criticou duramente as sanções da UE e alegou que o bloco está enfrentando dificuldades para combater a inflação devido às restrições que Bruxelas impôs ao setor de energia. O líder político afirmou que a “doença” é a inflação e o “vírus” são as sanções de Bruxelas.

Orbán descreveu as sanções como “as armas da política de guerra de Bruxelas”, argumentando que, embora a UE tenha usado essa ferramenta para pressionar a Rússia, acabou prejudicando a si mesma.

“Não faz muito tempo que Bruxelas prometeu que essas sanções trariam o fim da guerra. Passou um ano e o fim da guerra não está mais próximo, está cada vez mais longe”, insistiu o primeiro-ministro

Orbán ainda afirmou que, mesmo que as autoridades da UE tivessem prometido que as sanções não seriam aplicadas ao setor de energia, acabaram sendo implementadas, levando os preços do gás natural a patamares sem precedentes.

O primeiro ministro também enfatizou que o valor do gás influencia diretamente no preço da eletricidade. Mesmo que a energia tenha sido gerada a partir de fontes solares, eólicas, hídricas, usinas de carvão ou nucleares. A elevação do preço do gás acarreta imediatamente um aumento do preço da eletricidade, conforme explicou.

A Hungria, que depende fortemente da energia russa, tem se oposto às sanções impostas pela UE a Moscou desde o início da sua operação militar na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Budapeste argumenta que essas restrições não enfraqueceram significativamente a Rússia e, ao mesmo tempo, prejudicaram a economia europeia, que enfrenta inflação recorde, como no caso da Alemanha, Estônia e Países Baixos.

No final de janeiro, Orbán deixou claro que a Hungria vetaria qualquer sanção da UE contra o setor de energia nuclear russo. Além disso, Budapeste resistiu aos planos do bloco de proibir completamente as importações de petróleo e gás da Rússia, obtendo várias isenções na aquisição de combustíveis fósseis do país.

Ainda na área de energia, e contra as políticas de sanções da Comunidade Europeia, a Hungria e a Rússia concordaram em acelerar investimentos na construção da usina nuclear Paks-2.

A governança de Viktor Orbán é similar á de Vladimir Putin, isto é, uma governança autocrática que permanece no poder faz vários anos. Entretanto, essa governança não faz coro de forma submissa aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e da OTAN, especialmente no contexto do conflito Rússia x Ucrânia (leia-se OTAN). É uma governança que prioriza os interesses nacionais da Hungria em primeiro lugar.

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