De Política em Debate

Publicado em 13/04/2025, 17:25h

Estamos trazendo mais uma vez uma excelente entrevista sobre geopolítica e economia em que o professor  Glenn Diesen entrevistou o professor e economista Jeffrey Sachs . No artigo anterior de Política em Debate, o professor Glenn Diesen entrevistou o analista militar russo, Andrei Martyanov . A temática principal foi a guerra entre a Federação Russa x Coletivo do Ocidente.

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Jeffrey David Sachs é um economista norte-americano liberal, conhecido pelo seu trabalho como conselheiro econômico de diversos governos, da Bolívia e alguns dos países que faziam a transição de uma economia planificada no fim da Guerra Fria para o regime capitalista como a Polônia, Estônia e a Eslovênia e na Rússia após o fim União Soviética.

Em tempos de transição geopolítica e incertezas econômicas crescentes, poucos temas despertam tanto interesse — e controvérsia — quanto o futuro da moeda que há décadas domina o sistema financeiro internacional: o dólar americano. Neste contexto, a entrevista conduzida pelo professor Glenn Diesen com Jeffrey Sachs, publicada no YouTube com o provocativo título “É o fim do dólar americano?”, surge como uma contribuição de peso ao debate global.

Jeffrey Sachs: O Fim do Dólar Americano? Entrevista do professor Glenn Diesen.

Com sua reconhecida clareza e coragem intelectual, Jeffrey Sachs analisa as múltiplas pressões que convergem para o declínio da hegemonia do dólar como única moeda de reserva das trocas comerciais: desde o declínio relativo da economia dos Estados Unidos, a ascensão de potências como China e Índia, até a obsolescência tecnológica de sistemas como o SWIFT e, sobretudo, a politização crescente do dólar como instrumento de coerção geopolítica — exemplificada pelas sanções unilaterais, e pelo confisco de reservas internacionais de países como Rússia, Irã, Venezuela e Afeganistão.

A entrevista revela, com contundência, que o movimento de desdolarização global não é mais uma hipótese remota, mas uma realidade em curso, especialmente entre países do BRICS e aliados estratégicos. Sachs sustenta que estamos nos aproximando de um mundo multipolar e multicambial, onde o domínio absoluto do dólar dará lugar a uma pluralidade de moedas — processo que, segundo ele, é inevitável e irreversível.

Mais do que uma reflexão técnica sobre moedas, a conversa entre Diesen e Sachs é um alerta sobre os riscos de arrogância imperial e os limites do poder coercitivo. Quando o dólar deixa de ser apenas um instrumento financeiro e se torna uma arma de política externa, o mundo — como se vê — começa a buscar alternativas. E esse movimento, embora gradual, pode alterar profundamente a arquitetura econômica global tal como a conhecemos desde Bretton Woods.

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À reflexão de Jeffrey Sachs, gostaríamos de acrescentar que a aceleração do declínio do dólar, como principal moeda de reserva global, pode ser observada por meio de eventos e tendências econômicas recentes. Fatos que evidenciam essa mudança:

  1. 2016-2023: Declínio contínuo da participação do dólar nas reservas internacionais
  2. 2022: Impacto das sanções contra a Rússia
    • O uso agressivo de sanções pelos EUA e aliados contra a Rússia levou muitos países a buscarem alternativas ao dólar. Isso incluiu a exclusão de bancos russos do sistema SWIFT, incentivando economias emergentes e grandes detentores de reservas a diversificar suas moedas.
  3. 2022-2023: Aumento no uso de moedas não tradicionais
    • O FMI identificou um aumento na adoção de moedas como o yuan chinês, dólar australiano e canadense, além do ouro como parte das reservas. Em 2023, o yuan representava cerca de 2,29% das reservas globais, enquanto o ouro ganhou relevância devido à sua resistência a sanções.
  4. 2023: Comércio internacional em moedas locais
  5. 2024: Declínio histórico nas reservas cambiais
    • Dados do FMI confirmaram que o dólar atingiu um recorde mínimo nas reservas cambiais globais, enquanto moedas não tradicionais continuavam ganhando espaço.
  6. 2024-2025: Expansão da internacionalização do yuan
    • A China avançou na promoção do uso internacional do yuan por meio de sistemas de pagamentos alternativos e acordos bilaterais com outros países, consolidando seu papel como alternativa ao dólar.

Esses eventos refletem uma tendência crescente de “desdolarização” na economia global, impulsionada por fatores como tensões geopolíticas, diversificação econômica e busca por maior autonomia financeira por parte dos países emergentes.

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