De Política em Debate

Publicado em 09/04/2025, 11:05h

Trump subverte a ordem econômica mundial ao promover o desmantelamento, de forma unilateral, das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). As tarifas impostas por Trump ao mundo anulam a relevância da OMC como fonte reguladora do comércio internacional, no cenário global.

Não é de hoje que Trump desafia e tenta destruir a OMC. Em 2020 a organização concluiu que as tarifas impostas por Trump 1.0, sobre mais de US$ 350 bilhões em produtos chineses, violavam as normas globais. A obsessão de Trump em relação aos Chineses vem desde o primeiro dia em que ele pisou na casa branca como presidente, em seu primeiro mandato. 

Segundo o painel da OMC, os EUA infringiram o princípio de “nação mais favorecida”, que exige que todos os membros apliquem as mesmas tarifas a importações de outros países membros. Os argumentos apresentados pelo governo Trump — como justificativas baseadas na proteção de “moral pública” (sic) — foram considerados insuficientes pela entidade.

Em vez de buscar soluções através dos mecanismos da OMC, Trump optou por ignorar as regras estabelecidas e agir unilateralmente. Essa postura não foi em 2020 por acaso, e não o é agora. Ela visa destruir a credibilidade da organização e, com isso, abriu precedentes perigosos para outros países adotarem medidas semelhantes. 

Com o anúncio das tarifas de Trump 2.0, o Canadá já retaliou, sancionando os EUA em resposta. A União Europeia, ainda aturdida, deve fazer o mesmo, e a China sancionou, em uma segunda rodada, todos os produtos dos Estados Unidos em 34%. Ontem (08/04) Trump dobrou as sanções contra a China, que agora chegam a 104%. 

Quem já critica abertamente essa agressiva postura de Trump é seu principal financiador de campanha, o bilionário, dono do X, da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, já que a produção dos carros elétricos da Tesla se dá em grande parte na China, que é também um dos maiores mercados para a montadora americana. Em uma carta enviada ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), a Tesla alertou que as tarifas não apenas aumentarão os custos de fabricação nos Estados Unidos, mas também tornam os veículos exportados menos competitivos no mercado internacional. A chinesa BYD agradece.

O impacto devastador no mercado de ações

As tarifas agora impostas deverão ter efeitos catastróficos no mercado financeiro americano. Com aumentos significativos nos custos de importação e produção, muitas empresas enfrentarão margens reduzidas ou repassarão os custos aos consumidores, diminuindo suas vendas. Analistas estimam que as tarifas reduzirão o valor justo do índice S&P 500 em cerca de 5%, com impactos ainda maiores previstos agora, em caso de escalada das tensões comerciais. Espera-se que empresas como Walmart, Amazon e Best Buy registrem quedas expressivas em seus valores de mercado, devido às incertezas geradas pelas políticas tarifárias.

A expectativa para setores estratégicos, como o de automóveis — altamente dependente de cadeias globais — é que eles sofram perdas substanciais. A destruição do valor das ações nesses setores irá prejudicar diretamente milhões de americanos, que investem suas economias em fundos vinculados ao mercado acionário. Para muitos baby boomers, por exemplo, os impactos das novas tarifas representarão uma redução devastadora em suas economias para aposentadoria.

As ações unilaterais de Donald Trump não apenas violam as normas globais estabelecidas pela OMC, mas também colocam em risco a sua relevância como mediadora do comércio internacional. Paralelamente, suas políticas tarifárias vem desencadeando uma crise sem precedentes no mercado acionário americano, e dos principais mercados do mundo, destruindo economias acumuladas pela classe média ao longo de anos. Esses impactos expõem os riscos associados ao uso irresponsável de tarifas como ferramenta política e econômica.

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