12 de maio de 2023, 17:00h
A farra com o dinheiro público…Suspeita é de que o tenente coronel Mauro Cid transferia recursos de sua conta para outros servidores, incluindo assessoras de Michelle Bolsonaro. A PF fala em “fortes indícios de desvio de dinheiro público”.
A conta bancária do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, preso na Operação Venire que investiga fraudes em cartões de vacinação contra a Covid-19, foi identificada pela Polícia Federal com um depósito suspeito de R$ 400 mil. A identificação aconteceu após a quebra do sigilo bancário do militar.
Segundo a revista Veja, durante a investigação, os agentes detectaram uma prática recorrente nas transferências, suspeitando que o tenente-coronel transferia recursos de sua conta pessoal para outros servidores da Ajudância de Ordem ou da Presidência, que repassavam o montante em espécie a amigas da primeira-dama Michelle Bolsonaro, a pedido dela. Os R$ 400 mil teriam sido depositados por João Norberto Ribeiro, tio da esposa de Mauro Cid, em 25 de março do ano passado. A quebra do sigilo bancário do tio de Gabriela, esposa de Cid, foi determinada para tentar descobrir o motivo do pagamento.
A investigação apontou um possível elo com pessoas próximas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Algumas transferências realizadas por Cid para auxiliares ligados à Ajudância de Ordem ou ao gabinete da Presidência teriam beneficiado Maria Helena Graces de Moraes Braga, que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro entre 2015 e 2016, quando o ex-mandatário ocupava uma vaga na Câmara dos Deputados. Segundo um trecho do relatório da PF, “os elementos trazidos aos autos revelam fortes indícios de desvio de dinheiro público, por meio da Ajudância de Ordens da Presidência, destinado originalmente ao atendimento de despesas da Presidência da República, direcionando valores para pessoas indicadas por Giselle dos Santos Carneiro da Silva e Cintia Borba Nogueira Cortes, assessoras da primeira-dama Michelle Bolsonaro”.
No dia da operação que resultou na prisão de Mauro Cid, em 3 de maio, a PF encontrou US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie na casa do militar, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Recentemente, foi revelado que familiares de Cid possuem imóveis nos Estados Unidos avaliados em mais de R$ 8,5 milhões.
Além disso, o militar é investigado pela PF por sua participação na tentativa de liberação das joias sauditas avaliadas em mais de R$ 15 milhões, que Bolsonaro tentou se apropriar.
O advogado Rodrigo Roca renunciou à defesa de Mauro Cid nos inquéritos em que ele é investigado, tendo o militar escolhido como seu novo defensor o advogado Bernardo Fenelon, especialista em crimes do colarinho branco e colaboração premiada.
O ingresso de Fenelon na defesa de Cid aumentou o receio entre aliados de Jair Bolsonaro de que o militar possa fechar um acordo de delação e implicar o ex-presidente diretamente nas investigações.
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