Servidor da Presidência que acusou na Fórum a participação dos militares na tentativa de golpe de Estado fala da decisão do general Heleno de fugir da CPI do DF.
19 de abril de 2023, 17:57h
A notícia que surpreendeu o Brasil nesta terça-feira (18) foi o anúncio feito pelo general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), de que não compareceria mais à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal sobre os Atos Antidemocráticos promovidos por bolsonaristas no DF. O depoimento do militar aposentado estava agendado para esta quarta-feira (19).
Heleno havia sido convidado anteriormente e concordou em falar sobre as acusações de que ele e o órgão que comandava estavam envolvidos nas tentativas de golpe de Estado que ocorreram no país após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro (PL) para Lula (PT). Ele chegou inclusive a solicitar outra data e horário para prestar depoimento, mas menos de 24 horas antes da sessão, ele telefonou para o presidente da CPI, o deputado distrital Chico Vigilante (PT), para comunicar que não compareceria mais.
Um servidor da Polícia Federal que trabalhava na Presidência da República e passou informações exclusivas para a Fórum acusando o general Heleno e o GSI de serem a base para o golpe fracassado de Bolsonaro, falou sobre a decisão do general de não comparecer à CPI em cima da hora. Ele afirmou que o governo anterior, o governo Bolsonaro, que era um governo militar, mostrou sua incapacidade de revelar à sociedade o que de fato aconteceu. O servidor também chamou o general Heleno de covarde, afirmando que ele tinha todas as possibilidades e argumentos para aparecer na CPI e mostrar sua versão, mas se acovardou.
O profissional de Segurança que dentro do Palácio do Planalto reportou para a Fórum imagens exclusivas e em tempo real da invasão realizada pelos bolsonaristas em 8 de janeiro, assim como forneceu elementos da participação dos militares do GSI no acampamento do QG do Exército e no escarcéu realizado de maneira profissional no fim do dia em que Lula foi diplomado, 12 de dezembro, também falou sobre o clima de desconfiança generalizado após a tentativa de golpe de Estado frustrada. Ele afirmou que os militares estavam comprometidos com o golpe e que o GSI sempre esteve por trás disso.
“Onde está o general valentão, aquele que supostamente possui histórico de valentia e é comprometido com o Exército Brasileiro, o ‘glorioso Exército de Caxias’? Ele se acovardou, colocou o rabinho entre as pernas e foi para casa. E sabe por quê? Porque ele está comprometido até o talo. Ele esteve envolvido com o golpe, que foi gestado pela alta cúpula do Exército Brasileiro, e ele é parte disso desde o início.
Quando se tornou evidente que não havia possibilidade de ganhar democraticamente as eleições nas urnas, ele gestou esse golpe. O povo votou e decidiu que não queria mais o governo ‘militar’, queria um governo progressista. Foi por pouco, mas foi a decisão do povo. E quando o povo escolheu Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, eles não aceitaram isso. É evidente pelo comportamento dele e de outros generais, pelas falas, pelos gestos e por vários indícios que foi exatamente isso… Falam sobre Anderson Torres. Ele foi apenas um canal para o golpe, e o GSI foi o gestor do golpe. Torres foi apenas o ponta de lança do golpe, tanto que ele está preso. O que aconteceu em 8 de janeiro ficará marcado na história também pela incompetência e conivência do Exército Brasileiro, que tentou libertar os golpistas durante as horas de invasão do Palácio do Planalto porque eles acreditavam que o Exército Brasileiro daria um golpe. Eles não prenderam ninguém. O golpe, que quem trabalhava lá dentro sabe, foi gestado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Não é à toa que sua função de segurança pessoal e controle de segurança de área está fora do alcance desses militares e fora das mãos do GSI, mesmo do atual, porque todos sabem que o pessoal do Heleno ainda está lá dentro”, acrescentou o funcionário público.
Por fim, a fonte do Palácio do Planalto nos dias conturbados de tentativa de ruptura institucional no país reforçou e relembrou todas as informações levantadas anteriormente sobre a participação de agentes do GSI nos episódios golpistas, ironizando o general Augusto Heleno, que, em 14 de dezembro, logo após a acusação do servidor pela PF na reportagem da Fórum, disse que o servidor “nem mesmo existia”.
“Eles (do GSI) estavam no acampamento em frente ao QG (do Exército, em Brasília), eles tinham agentes dentro das manifestações que ocorreram em 12 de dezembro, que ocorreram no dia 8 de janeiro, dia das invasões. Você tem noção de como eles usaram a dissonância cognitiva para gerar essas confusões? Usaram conhecimentos de terrorismo e contraterrorismo, como nos dias 12 de dezembro e na véspera de Natal, quando quase explodiram um aeroporto? Os caras iam explodir um aeroporto! A sorte é que a Polícia Federal está investigando isso e ela vai puxar o fio da lógica… E o ponto final são esses caras (GSI) e eu acredito que eles ainda vão ser presos. O Heleno é um covarde porque primeiro ele disse que eu não existia, e ele sempre soube da minha existência. Aí, depois que ele confirmou que eu existia, ele vai e solta aquela nota, mas mesmo assim não desmentiu. Agora que ele tinha a oportunidade de ir até lá (CPI da Câmara Legislativa do DF), de contar todas essas verdades dele, ele foge. Mas isso não faz com que ele deixe de estar comprometido com isso até as últimas consequências”, finalizou o servidor.
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