13 de abril de 2023, 06:43h

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes foi exonerado do Comando Militar do Planalto nesta terça-feira, 11, na véspera do depoimento para o qual foi intimado a comparecer na Polícia Federal. Os depoimentos de cerca de 80 militares sobre sua eventual participação nos atos golpistas de 8 de janeiro foram iniciados na manhã desta quarta-feira, 12, na Academia Nacional de Polícia, em Brasília”, informou o jornal O Estado de S. Paulo.

A exoneração de Dutra foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e ocorreu em meio às acusações de que o militar teria sido omisso no combate às invasões do 8 de janeiro, quando golpistas tomaram e depredaram os prédios do Supremo, Planalto e Congresso na Praça dos Três Poderes.

Dutra era o chefe do CMP na ocasião e teria impedido o desmanche do acampamento instalado em frente ao Quartel-General da Força na capital, e a prisão dos radicais imediatamente após os ataques. Como revelou o colunista Marcelo Godoy, a postura do general Dutra de Menezes não teria sido contrária às prisões, mas ao momento em que elas seriam feitas, na tentativa de evitar o agravamento do conflito.

O Exército já havia comunicado, no dia 16 de fevereiro, que o general seria substituído no cargo, mas nada havia sido oficializado. Além dele, outros dois generais e dezenas de militares (cerca de 80 no total) foram convocados a prestar depoimento à PF sobre os atos golpistas daquele dia por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

De acordo com O Estado de S. Paulo, as investigações sobre o caso tramitam em sigilo no STF, e até o momento, as acusações atingem 239 investigados apontados como executores dos atos de vandalismo, 1.150 incitadores da ofensiva extremista e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos Três Poderes. No despacho, o ministro Moraes argumentou que as suspeitas envolvem ‘crimes de militares’.

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Em depoimento à Polícia Federal, o general Gustavo Dutra de Menezes afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acatou sua proposta para desmobilizar o acampamento de apoiadores de Jair Bolsonaro em frente ao QG do Exército apenas em 9 de janeiro. Dutra era chefe do Comando Militar do Planalto na época dos ataques antidemocráticos aos prédios públicos da Praça dos Três Poderes e conversou com o presidente por telefone na noite de 8 de janeiro, horas depois dos ataques.

Segundo o jornal O Globo, Dutra ligou para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que passou a ligação para o presidente Lula. O general sugeriu que a operação para desmontar o acampamento bolsonarista em frente ao Exército fosse adiada para o dia seguinte, 9 de janeiro, e o petista teria aceitado a proposta.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, defendeu que os acampamentos fossem desmobilizados o mais rápido possível. Um grupo de policiais militares chegou a se posicionar em frente ao QG do Exército, mas foram recebidos por três blindados colocados na entrada da área militar.

“Sigo em campo, acompanhando pessoalmente o comboio da Polícia Militar que está conduzindo os elementos que se encontravam no tal ‘acampamento’. Todos estão sendo conduzidos para as instalações da PF”, declarou Cappelli, na época.

Os coronéis da PMDF Fábio Augusto e Jorge Naime declararam, em depoimento à PF, que a tentativa de desmobilizar os acampamentos foi impedida por ação do próprio Exército.

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