11 de abril de 2023, 16:29h
O mercado reagiu de forma positiva aos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a inflação em março, o que fez com que a bolsa de valores operasse a 104,6 mil pontos, após chegar aos 105 mil na abertura. De acordo com o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,71% no mês, o que gerou uma queda no valor do dólar, cotado a R$ 4,99.
A desaceleração da inflação no mês de março resultou em uma taxa acumulada em 12 meses de 4,65%, o menor índice registrado em mais de dois anos. Esse resultado pode impactar na expectativa de uma redução da taxa básica de juros, atualmente em 13,75%.
Paralelamente, a entrada recorde de dólares no Brasil no primeiro trimestre do ano, com um saldo positivo de US$ 12,524 bilhões, foi impulsionada pelo retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. Esses números indicam um crescimento expressivo em relação aos anos anteriores, de acordo com dados do Banco Central.
No entanto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está sendo aconselhado por amigos a renunciar ao cargo devido à manutenção da taxa básica de juros em 13,75%, o que é considerado um obstáculo para a retomada do crescimento econômico pelo governo e por parte do mercado.
Segundo Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil no governo Bolsonaro, o governo Lula quer colocar a culpa por uma eventual recessão no presidente do Banco Central, dando-lhe uma missão impossível de cumprir.
Nos parece que o ex-presidente do Banco do Brasil esteja sendo mais bolsonarista do que analista econômico. A pressão pela redução da selic de 13,7% vem dos principais setores da economia e não somente do governo.
Recentemente o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que o atual momento da economia pede uma outra postura do BC: “Em momento em que a economia está retraindo e que o crédito está com problema, o Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida de taxa de juros […] lemos com muita atenção, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”.
Dia seguinte ao anúncio da manutenção da Selic e dos juros reais da economia em praticamente 8%, o maior do mundo, a Bolsa de Valores caiu a menos de 100 pontos e o dólar subiu, mostrando o efeito maléfico da politica monetária alucinada do BC.
Até o professor da Universidade de Columbia (EUA) e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz, classificou a taxa básica de juros do Brasil, atualmente em 13,75% ao ano, como “chocante” e uma “sentença de morte” para a economia.
“Realmente é chocante a taxa de juros de vocês (Brasil). Uma taxa de 13,75%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, o que seria uma sentença de morte. E uma parte da razão para isso é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que fizeram muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos para empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, disse Stiglitz, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Stiglitz, que participou do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo BNDES em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também criticou o Banco Central por manter a taxa de juros elevada para conter a inflação sem levar em consideração as necessidades de investimento do país. “Um Banco Central independente e com mandato somente para a inflação não é o melhor arranjo para o bem-estar do país como um todo”, disse ele.
O economista também afirmou que o cenário econômico brasileiro piorou nos últimos quatro anos devido ao fato de o Brasil ter tido um “presidente não indutor de crescimento econômico”, em referência ao governo Jair Bolsonaro (PL).
Assim como o economista ganhador do Nobel Joseph Stiglitz, a economista Monica e Bollle, diz que o Banco Central deveria baixar a taxa de juros, especialmente nesse momento de crise de bancos nos EUA. Mas Roberto Campos Neto só ouve o “mercado”, que é quem de fato determina a taxa de juros no Brasil.
Roberto Campos Neto não parece ter qualquer compromisso com o desenvolvimento de uma economia saudável a favor de toda a sociedade brasileira. Até o mercado financeiro já percebeu a estupidez do BC. Levar o Brasil à estagflação vai matar a “galinha de ovos de ouro” de que se alimenta os rentistas e financistas, desde sempre. Ao invés de continuar colhendo “os ovos”, o BC parece querer comer a “galinha”.
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