Patético. Melancólico. O Brasil não merecia ter tido Bolsonaro como presidente

Por Política em Debate I Brasília
Em 11/06/2025, 17h28 I Leitura 2 min
No interrogatório do núcleo central da tentativa de golpe de Estado, transmitido ao vivo pelo Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro mais uma vez optou por não justificar de fato suas ações. Preferiu, como de costume, falar para sua bolha de seguidores, usando evasivas e frases vazias para tentar passar uma falsa serenidade — como se estivesse em uma de suas lives, e não diante da Justiça. Ele tentou manter a aparência de controle e responder “a tudo”, quando, na prática, fugiu das perguntas centrais e se esquivou de qualquer autocrítica real ou assumiu publicamente qualquer responsabilidade pelos seus atos.
O desempenho de Bolsonaro aos questionamentos foi medíocre e patético. Segundo levantamento da consultoria Arquimedes, 65% das 350 mil menções ao depoimento de Bolsonaro no X (antigo Twitter) foram negativas — um massacre de avaliação pública, com apenas 14% de menções positivas, o restante neutro ou irônico. A repercussão foi tão grande que superou até mesmo o volume de comentários sobre o presidente Lula no mesmo período, mostrando que, se o ex-presidente buscava apoio, encontrou foi rejeição e descrédito em massa.
No momento mais constrangedor do depoimento, Bolsonaro foi pressionado pelo ministro Alexandre de Moraes a apresentar provas das acusações de que Moraes teria recebido US$ 50 milhões para fraudar as eleições, e que outros ministros, como Barroso e Fachin, teriam levado US$ 30 milhões cada um. Bolsonaro, então, recuou e pediu desculpas, admitindo que não tinha qualquer indício e que tudo não passava de “retórica” e “desabafo” — uma tentativa canhestra de transformar crime de responsabilidade em mero destempero verbal.

Outro momento constrangedor e que deve ter enfurecido os radicais bolsonaristas que ainda lhe são fiéis foi quando Bolsonaro tentou se dissociar dos atos de 8 de janeiro de 2023, chamando de “malucos” aqueles que participaram da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Ele Tentou vender a ideia de que não incentivou nada, quando as investigações da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam justamente o contrário: ele era o inspirador e, segundo a acusação, o chefe da quadrilha que tentou dar o golpe. O 8 de janeiro foi a tentativa derradeira, que fracassou, mas que poderia ter sido evitada se Bolsonaro não tivesse alimentado, por meses, a narrativa golpista.
No fim, o interrogatório escancarou ao país a estratégia de Bolsonaro: fugir das próprias responsabilidades, atacar instituições, recuar quando pressionado e, acima de tudo, falar apenas para os convertidos. O resultado foi um show de mediocridade, amplamente reprovado pela opinião pública — e mais uma pá de cal na imagem do ex-presidente como líder forte e destemido.