Reinaldo Azevedo: Mauro Cid “Desnuda” Bolsonaro

Jornalista Reinado Azevedo comenta os principais pontos do depoimento do tenente coronel Mauro Cid ao STF

Por Política em Debate I Brasília

Em 10/06/2025, 12h45 I Leitura 2 min

Neste artigo analisamos o conteúdo explosivo do depoimento de Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro — detalhado e comentado pelo jornalista Reinaldo Azevedo em vídeo recente (disponível no YouTube: assista aqui).

O depoimento de Mauro Cid diante do Supremo Tribunal Federal, reafirmando o que já constava em sua delação premiada à Polícia Federal, é devastador: ele confirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e alterou uma minuta de decreto golpista que previa, entre outras medidas inconstitucionais, a prisão de Alexandre de Moraes, além de um plano de estado de defesa e refazer as eleições em que foi derrotado por Luís Inácio Lula da Silva. Segundo Cid, Bolsonaro retirou da minuta os nomes de Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco, mantendo apenas a prisão de Moraes — decisão que o próprio ministro ironizou durante o depoimento.

A revelação não para aí. Cid afirmou que houve diversas reuniões com os comandantes militares — inclusive com o então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira — e confirmou que o comandante da Marinha, Almir Garnier, colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro para a execução do plano golpista, embora dependesse do apoio do Exército.

Já o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Batista Júnior, recusou sequer discutir qualquer proposta de intervenção, cortando as conversas pela raiz e abandonando reuniões em que tais hipóteses eram levantadas. Segundo o próprio Cid, o comandante do Exército, general Freire Gomes, ficou tão alarmado com o cenário que exigia ser informado diariamente sobre os acontecimentos no Alvorada, temendo que alguma medida extrema fosse adotada sem sua ciência — inclusive aventando a possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro, caso ele insistisse em seguir com o plano.

Reinaldo Azevedo, em seus comentários, vai além: aponta que o Brasil esteve a um triz de um golpe de Estado, algo que a maioria da população, e até mesmo parte da imprensa crítica, ainda subestimava. O jornalista chama atenção para o uso da tática clássica de grupos paramilitares — criar o caos para justificar a repressão militar — que teria orientado as ações nos dias que antecederam o 8 de janeiro.

A estratégia, segundo ele, era clara: impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, instaurar um estado de exceção sob pretexto constitucional (estado de sítio, defesa, GLO) e garantir a manutenção do poder pelo núcleo bolsonarista, com apoio de setores armados e da cúpula militar, ainda que de forma fracionada.

Nos seus comentários, Reinaldo ironiza aqueles que relativizam os crimes cometidos, lembrando que o Código Penal pune a tentativa de golpe (Art. 359-L e 359-M) e que, em regimes ditatoriais, uma vez vitorioso o golpismo, “golpistas não punem golpistas”. A consumação do crime, neste caso, é a tentativa organizada, estruturada e armada — exatamente o que as investigações apontam como tendo ocorrido.

O artigo se encerra com uma reflexão amarga, mas realista: a democracia brasileira foi salva por uma minoria lúcida dentro das Forças Armadas e pelo fracasso do núcleo golpista em consolidar alianças suficientes. Mas isso não deve servir de consolo. Ao contrário, serve como alerta para o que se tentou fazer — e poderá voltar a ser tentado, caso as instituições se mostrem frágeis ou lenientes frente a crimes dessa magnitude.

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