Douglas MacGregor: Cadê a Liderança de Trump?

Douglas MacGregor: Cadê a liderança de Trump?

Por Política em Debate I Brasília

Em 10/06/2025, 15h45 I Leitura 2 min

No segundo artigo de hoje do blog Política em Debate, seguimos tratando de um dos temas mais sensíveis da geopolítica atual: a escalada no conflito Rússia-Ucrânia e a real possibilidade de uma resposta nuclear por parte da Federação Russa. O alerta não vem de qualquer lugar: vem de um ex-coronel do Exército dos EUA, respeitado estrategista militar e voz crítica da política externa de Washington — Douglas MacGregor.

Segundo MacGregor, ataques recentes da Ucrânia contra duas (ou possivelmente até cinco) bases aéreas na Sibéria, onde estavam estacionados bombardeiros estratégicos russos, equivalem a um ataque nuclear indireto. Dentro dos protocolos de dissuasão nuclear firmados entre EUA e Rússia desde a Guerra Fria, isso acende um sinal vermelho: atacar meios estratégicos de dissuasão nuclear de uma parte, em si, legitima uma resposta estratégica nuclear da parte atacada.

A denúncia de MacGregor é grave: segundo ele, o ataque foi planejado pelo serviço secreto britânico (MI6), com anuência da CIA. A Ucrânia teria apenas sido o “braço executor“. Muito provavelmente Trump desconhecia, e muito menos autorizou, essa operação, iniciada no governo de Joe Biden. Isso coloca duas potências nucleares em rota de colisão, usando um terceiro país como peão. Talvez o objetivo dos belicistas fosse que Putin, no calor do momento, optasse por um ataque nuclear retaliatório à Ucrânia, o que serviria de estopim para se iniciar um conflito nuclear a partir do ocidente. Mas, aparentemente, Putin e seus generais perceberam a real intenção por trás do ataque às bases aéreas e preferiram, pelo menos até agora, retaliar destruindo completamente o que pouco resta da Ucrânia, sob o silêncio dos EUA, da Inglaterra, da França e de outros. Não passou despercebido outro episódio que foi mais alarmante: uma tentativa de assassinato do presidente Vladimir Putin, frustrada por pouco, após uma ataque usando drones ao helicóptero em que Putin se encontrava ao visitar a região de Kursk. E quem poderia saber o momento e onde estaria Putin? Os serviços secretos da Inglaterra e dos Estados Unidos. Se o ataque tivesse sido bem sucedido e Putin morto, a consequência imediata seria o início da terceira guerra mundial, não seria menos.

Outro ponto profundamente inquietante na análise de McGregor é o diagnóstico de que Trump não controla, de fato, as agências de segurança dos EUA — e que Joe Biden também não controlava quando era presidente. Segundo MacGregor, há uma elite não-eleita operando nos bastidores, impondo uma política externa belicista, tanto na Ucrânia quanto no Oriente Médio. Para ele, Trump nunca compreendeu a fundo a complexidade do conflito no Leste Europeu, tampouco teve estatura para barrar os interesses dessa elite que, nas palavras do coronel, “é a mesma que dá cobertura ao massacre em Gaza”. Foi só bravata de campanha Trump declarar que “se eleito presidente terminaria a guerra entre a Rússia e o Ocidente Coletivo (Ucrânia) em um dia.”

MacGregor critica, ainda, duramente a insistência em se manter e até ampliar as sanções contra a Rússia e o envio de armamentos para a Ucrânia, classificando a postura ocidental como arrogância misturada com ignorância estratégica. Segundo ele, a Rússia já não leva a sério ameaças econômicas, e mais do que isso: o restante do mundo, fora o eixo EUA-UE, apoia ou compreende a posição russa diante da expansão da OTAN e das provocações armadas em suas fronteiras.

Outro ponto relevante: o coronel afirma que a guerra na Ucrânia só terminará com a queda de Zelensky e seu círculo próximo, reconhecendo que Moscou vê o governo ucraniano como um regime captulado e irreformável. Ele também alerta para o paralelismo entre a falência da política externa dos EUA e o colapso econômico iminente: a bolha da dívida, o colapso do mercado de títulos e a incapacidade do país de sustentar uma política imperialista em múltiplos frontes.

Uma pergunta que ecoa

O título do artigo — “Cadê a liderança de Trump?” — reflete a desilusão de MacGregor com o presidente e a administração Trump, mas também aponta para um vazio mais amplo de comando real nos EUA. Em sua visão, Trump não têm controle sobre o que verdadeiramente importa: a paz ou a guerra, a vida ou a extinção.

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