
Por Política em Debate I Brasília
Em 05/06/2025, 16h15 I Leitura 2 min
Falando de Extermínio em Massa
Artefatos nucleares táticos são armas de menor potência (1 a 100 quilotons), projetadas para uso em alvos militares específicos, com danos localizados e menor dispersão radioativa. Em contraste, armas estratégicas (como as de mísseis intercontinentais) atingem até 1.000 quilotons, capazes de devastar cidades inteiras. A Rússia possui cerca de 2.000 armas nucleares táticas, enquanto a OTAN mantém aproximadamente 200 na Europa. No total, a Rússia e os EUA detêm cerca de 6.000 ogivas cada, incluindo táticas e estratégicas, consolidando-os como as maiores potências nucleares globais.

A bomba nuclear lançada sobre Hiroshima, chamada Little Boy, tinha uma potência estimada de aproximadamente 16 quilotons (equivalente a 16 mil toneladas de TNT). Ela explodiu a cerca de 570 metros acima da cidade, gerando uma bola de fogo que destruiu tudo num raio de cerca de 2 km e provocou a morte imediata de cerca de 70 mil pessoas, com um total estimado de mais de 140 mil mortos até o final de 1945, incluindo vítimas das queimaduras e da radiação.

Já a bomba lançada sobre Nagasaki, chamada Fat Man, era um pouco mais potente, com cerca de 20 quilotons de potência, explodindo a aproximadamente 500 metros de altura. Seu raio de destruição foi maior, atingindo uma área de cerca de 3 por 5 km, matando imediatamente cerca de 35 mil pessoas e causando a morte de mais de 100 mil vítimas posteriormente, devido à radiação e ferimentos.
Ambas as bombas causaram destruição massiva, incêndios generalizados, e um enorme impacto psicológico e humanitário, marcando o uso das primeiras armas nucleares em conflito e estabelecendo um precedente para o poder destrutivo das armas atômicas.
Os ataques nucleares dos Estados Unidos ao Japão foram atos desumanos e genocidas. Os militares americanos já sabiam que os japoneses estavam derrotados na guerra. Eles usaram como pretexto para detonar as bombas sobre o Japão o argumento de que uma invasão americana ao solo japonês seria uma batalha sangrenta e de milhares de baixas em ambos os lados, o que é a óbvia verdade. Entretanto, o Japão teria se rendido da mesma forma se a bomba nuclear americana tivesse sido detonada sobre uma ilha do arquipélago Japonês, mesmo que desabitada. Mas os estrategistas americanos, com a Alemanha e a Itália já vencidas, quiseram dar um recado aos soviéticos do que eles poderiam fazer. E assim começou a corrida armamentista nuclear.

A União Soviética detonou sua primeira bomba nuclear, a RDS-1 (conhecida no Ocidente como “Joe 1”), em 29 de agosto de 1949, quase quatro anos após os Estados Unidos lançarem as bombas atômicas sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto de 1945). Esse teste marcou a entrada da URSS no clube das potências nucleares, encerrando o monopólio americano e iniciando a corrida armamentista da Guerra Fria.
A Loucura do Ataque aos Aeródromos Russos
A guerra na Ucrânia acaba de cruzar mais uma linha vermelha. Após uma série de ataques ucranianos considerados “terroristas” por Moscou — incluindo ações em Bryansk e Kursk que mataram civis, e do audacioso ataque de drones a cinco bases aéreas russas que, segundo Kiev, destruiu ou danificou até 41 bombardeiros estratégicos — a resposta russa promete ser avassaladora. O próprio Putin, em discurso transmitido à TV russa, foi categórico: “Quem negocia com terroristas?”. Para o Kremlin, não há mais espaço para diálogo; a guerra, agora, será resolvida no campo militar.
O Ataque Ucraniano: Quebra de Tabu Nuclear
O ataque ucraniano, batizado de “Operação Teia de Aranha”, foi planejado durante mais de um ano e empregou 117 drones, muitos guiados por inteligência artificial, para atingir aeronaves em cinco bases militares russas — cobertas por tratados internacionais de dissuasão nuclear, que obrigam os EUA e a Rússia a manterem parte de seus bombardeiros estratégicos visíveis a satélites adversários. As inteligências dos Estados Unidos e do Reino Unido, rasgando os acordos de dissuasão nuclear, usaram isso para planejar a ação que seria executada pelos ucranianos. Se divulgou que o ataque foi acompanhado just in time por autoridades americanas, que comemoraram o sucesso da operação, assim como todo o Ocidente. A ousadia da operação, comemorada por Zelensky como “nossa ação de maior alcance”, deixou a Rússia humilhada e expôs vulnerabilidades em sua defesa territorial, que é imensa.
Não é para menos. Moscou acusa abertamente os Estados Unidos, a CIA, a NSA e a inteligência britânica de terem planejado ou, no mínimo, facilitado o ataque, aproveitando-se justamente dessas regras de transparência nuclear. Se o presidente Trump sabia do ataque ou não ainda paira dúvida. Para o Kremlin, o Ocidente cruzou uma linha perigosa.
A Resposta Russa: Escalada Nuclear no Horizonte
Há “falcões” beligerantes de ambos os lados. Os “falcões” do regime russo pressionam por uma resposta nuclear tática — ou seja, o uso de uma arma nuclear de curto alcance, projetada para uso no campo de batalha e não para aniquilar cidades inteiras. Entre as opções, destaca-se o míssil hipersônico “Oreshnik”, capaz de atingir velocidades superiores a 13 mil km/h e transportar múltiplas ogivas convencionais ou nucleares. O próprio Putin já ordenou exercícios com armas nucleares táticas como “sinal de alerta” ao Ocidente.
No entanto, até agora, a retaliação veio em forma de um ataque massivo com 472 drones contra cidades ucranianas, matando civis e destruindo infraestrutura, numa escalada que pode ser apenas o começo.
Putin: “Não há mais negociação”
Putin deixou claro em seu discurso: não há mais qualquer possibilidade de negociação com Kiev. “Quem negocia com terroristas?”, questionou, acusando Zelensky de sabotar todas as tentativas de cessar-fogo e de transformar civis em alvos estratégicos. Para Moscou, o tempo da diplomacia acabou; a guerra será decidida, custe o que custar, no campo de batalha.
O Que Vem Agora?
O cenário é de máxima tensão. O uso de uma arma nuclear tática está na mesa — e não apenas como retórica. O Ocidente, ao apostar em ataques cada vez mais ousados e ao romper tabus nucleares, joga um jogo perigoso, em que a próxima jogada pode ter consequências irreversíveis para toda a humanidade.
A resposta russa, seja nuclear ou não, será devastadora. E, diante do discurso de Putin, uma coisa é certa: a guerra na Ucrânia entrou em uma fase ainda mais sombria — e sem volta.