Por Política em Debate, 19/04/2025, 18:00h
Nos Estados Unidos, há uma onda crescente de protestos contra as políticas do presidente Donald Trump, que está mobilizando nesse final de semana milhares de pessoas em mais de 200 cidades por todo os Estados Unidos, incluindo uma grande manifestação realizada hoje em Nova York, na emblemática 5ª Avenida. Esses atos denunciam ataques à democracia, ofensivas contra imigrantes, contra as minorias e uma afronta direta ao judiciário e à Constituição dos EUA, refletindo um descontentamento crescente na população.

A popularidade de Trump está em declínio, conforme demonstram pesquisas recentes. Segundo levantamento da revista The Economist em parceria com a YouGov, realizado em abril de 2025, a desaprovação do presidente alcançou 51%, enquanto sua aprovação caiu para 43%, uma queda significativa em relação às semanas anteriores. A política tarifária adotada por Trump, que inclui tarifas mínimas de 10% para todos os países, é desaprovada por 52% dos americanos, com apenas 36% a favor. Além disso, 55% dos entrevistados desaprovam sua gestão sobre preços e inflação, refletindo um crescente pessimismo econômico.
Há uma percepção compartilhada pelo público, pelos agentes econômicos e empresas, pelos analistas do mercado financeiro e pelo FED, que a inflação deve subir, e que os Estados Unidos já se aproxima de uma recessão mesmo nesse ano.
Trump tardiamente percebeu o “buraco” em que se meteu com a política de impor tarifas ao mundo, em especial à China, e abriu guerra contra Jerome Powell, presidente do FED – o Banco Central Americano – . Trump quer forçar o FED a reduzir a taxas de juros, que hoje está girando em 4,25% a 4,50%, e assim tentar estimular a tomada de crédito e o consumo. A posição do FED é de não reduzir a taxa de juros porque já se projeta uma subida da inflação para 4% ainda nesse ano.
A situação é tal que Trump já fala em demitir Powell, o que não será fácil, assim como Lula não conseguiu no Brasil expurgar do BC Roberto Campos Neto, e a sua selic (taxa de juros) de 14,5%, um assalto ao bolso do brasileiro, a favor dos rentistas do Brasil.
O declínio na popularidade de Trump também se reflete entre os seus próprios eleitores, com uma queda na aprovação pessoal de 91% para 85% e aumento da avaliação desfavorável de 9% para 14%. Esses números indicam uma erosão do apoio mesmo dentro da base republicana que o elegeu em 2024.
As políticas de Trump, características de governantes de perfil autocrata, e que seguem o receituário da extrema direita, têm sido marcadas por ataques sistemáticos a imigrantes, com medidas rigorosas de deportação e também restrições à entrada de refugiados, ações intimidatórias e agressivas contra minorias e grupos sociais vulneráveis, ataques às Universidades e ao livre pensamento, censura à livre expressão, prendendo e cancelando vistos de permanência de estudantes não americanos que se manifestam à favor da causa Palestina, contra o genocídio e as práticas bárbaras perpetradas pelos sionistas em Gaza e na Cisjordânia, e outras práticas genuinamente de inspiração fascista. A revogação de políticas afirmativas e a tentativa de desmantelar agendas de equidade social também geram forte resistência e mobilização social.
Os protestos atuais, que incluem mais de 400 eventos em todos os 50 estados americanos, são uma resposta direta às ações de Trump consideradas antidemocráticas e ilegais por seus organizadores. O movimento busca mostrar que a classe trabalhadora e as comunidades afetadas não aceitarão passivamente a destruição das instituições democráticas e das liberdades civis.
O vídeo mostra a manifestação de hoje (19/04) contra o governo de Trump em Nova York.