Publicado em 15/04/2025, 20:10h
A democracia brasileira segue sob ataque. Não mais por uma turba raivosa quebrando vidraças no Congresso Nacional, depredando o STF e o Palácio do Planalto, como aconteceu no 08 de janeiro de 2023 — mas agora com canetas, gravatas e discursos cínicos dentro da Câmara dos Deputados.
Foi aprovado o regime de urgência para tramitação do Projeto de Lei da Anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023, e o mais chocante: com apoio de 254 deputados — sendo 56% deles integrantes da base do governo Lula. Cinco legendas com ministérios no governo Lula (PT) respondem por 146 das 262 assinaturas reunidas: União Brasil, PP, PSD, Republicanos e MDB.

Parlamentares da base que têm cargos em diferentes escalões no governo podem perder seus assentos
Sim, você leu certo. O mesmo governo que se elegeu defendendo a democracia e denunciando a barbárie golpista, agora vê parte de sua base dar as costas à memória dos atentados e flertar com a impunidade.
O PL da anistia não é um projeto qualquer: é uma tentativa de reescrever a história, blindar criminosos, absolver Bolsonaro e seus cúmplices fardados ou engravatados, e abrir precedente para novos ataques à ordem institucional.
Segundo matéria do Brasil 247, o Palácio do Planalto iniciou uma ofensiva contra os parlamentares aliados que assinaram o pedido de urgência. Deputados que ocupam cargos ou têm aliados nomeados no governo podem perder espaço. E é o mínimo que se espera. Não se pode ocupar cargo de confiança num governo que quase foi derrubado — e ao mesmo tempo proteger os que tentaram derrubá-lo.
O que está em jogo aqui não é uma disputa jurídica, tampouco um gesto de “pacificação nacional”. O que está em jogo é a justiça, a memória, a verdade e o respeito à Constituição Federal. Não há reconciliação possível com quem quis destruir a democracia. O PL da anistia é um pacto vergonhoso movido por medo e conveniência política.
Embora o pedido de urgência do PL da anistia tenha alcançado o número de assinaturas necessárias à tramitação, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou o risco imediato e afirmou que “há mais de mil pedidos de urgência na fila”, e que a simples assinatura não garante a tramitação imediata. Já o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), divulgou nota oficial da bancada confiando que o presidente da Câmara, Hugo Motta, não levará a urgência ao plenário, visto que tem pautado apenas projetos de consenso entre líderes.
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