Publicado em 21/03/2025, 16:05h
Editado em 22/03/2025, 11:10h
Foi uma grande armação contra Lula em 2018? Essa tese já é de amplo conhecimento público, mas não se esperava que o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro confessasse isso. Ele o fez de forma cínica. Canalha.
O processo judicial contra Luiz Inácio Lula da Silva em 2018 constituiu um caso paradigmático de lawfare, estratégia que instrumentalizou o sistema de justiça para impedir sua candidatura presidencial – amplamente favorita nas pesquisas eleitorais da época – e beneficiar a ascensão de Jair Bolsonaro. Três dimensões-chave comprovam essa tese:

1. Manipulação processual e violação de competência
A escolha da 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada por Sergio Moro, contrariou o artigo 70 do Código de Processo Penal (CPP), ao deslocar artificialmente a jurisdição para um tribunal sem relação geográfica com os fatos alegados. Essa manobra permitiu:
- Condenação antecipada na mídia através de vazamentos seletivos
- Uso de delações premiadas sob coerção
- Publicitação midiática da condução coercitiva (março/2016)
2. Cronometragem eleitoral
A condenação em segunda instância (janeiro/2018) e posterior prisão (abril/2018) ocorreram em sintonia com o calendário eleitoral, impedindo formalmente o registro da candidatura de Lula pelo TSE em agosto/2018. Pesquisas do Datafolha na época indicavam até 39% de intenções de voto para Lula contra 19% de Bolsonaro.
3. Reconhecimento posterior da parcialidade
Em março/2021, o STF determinou por 3 votos a 2 a suspeição de Sergio Moro, anulando todas as condenações ao constatar:
- Colaboração ilegal com procuradores da Lava Jato
- Violação do direito à ampla defesa
- Uso político do processo para fins eleitorais
A conexão internacional revelada pelo Wikileaks – incluindo treinamentos de juízes brasileiros por agentes norte-americanos desde 2009 – e a posterior reabilitação jurídica de Lula comprovam que o objetivo central nunca foi combater a corrupção, mas sim:
- Destruir a imagem pública do maior líder popular brasileiro
- Fragmentar as forças progressistas
- Permitir a vitória de um projeto político alinhado com interesses geopolíticos externos, isto é, os Estados Unidos da América.
A decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU (2018), que já apontava violações processuais, e a posterior anulação das sentenças pelo STF demonstram que o impedimento eleitoral foi construído sobre fundamentos jurídicos frágeis, porém eficazes para seu propósito imediato: alterar o curso democrático das eleições de 2018.
Em uma entrevista ao podcast Flow, Bolsonaro revela de forma cínica a armação que resultou em sua vitória em 2018. Segundo ele, se sabia que os candidatos Ciro Gomes, Fernando Haddad e outros da esquerda, à exceção de Lula, não poderiam vencê-lo nas eleições presidenciais daquele ano. Essa teria sido a única razão para a prisão de Lula.