Publicado em 04/03/2025, 18:45h
“Donald Trump não espera apenas que o mundo aceite ou engula a nova ordem Internacional que ele pretende impor. Ele quer também agradecimentos.”
Texto transcrito de um vídeo opinião da CNN:

“Desproporcional? Esse tem sido um adjetivo muito utilizado para descrever as ações de Donald Trump desde que ele assumiu a Casa Branca, há pouco mais de 40 dias. Apenas depois do bate boca com volodymyr zelensky na Casa Branca, Donald Trump decidiu suspender a ajuda militar à Ucrânia até que seu líder demonstre boa fé com a paz. O acordo de paz que Trump quer fazer tomando dos ucranianos metade da sua reserva mineral é desproporcional. E essa decisão de suspender a ajuda militar é também arriscada, porque deixa não só a Ucrânia, mas a Europa também sob ameaça. A Europa que tenta retomar alguma racionalidade nesse debate, agora mais ainda sobre o risco de sobrar sozinha para enfrentar a Rússia de Putin. Ao mesmo tempo, enquanto abre as portas para Vladimir Putin, Trump confirma as tarifas de 25% sobre México e Canadá. Além de desproporcional, a medida é irracional pelo estrago que vai causar na economia Americana. A realidade é que ninguém é capaz de dizer qual será a veemência ou a desproporcionalidade da próxima decisão de Donald Trump. Nem contra quem. Essa decisão será direcionada. Os mercados finalmente entenderam que Trump não está só latindo no portão e as bolsas desabaram nos Estados Unidos. Donald Trump não espera apenas que o mundo aceite ou engula a nova ordem Internacional que ele pretende impor. Ele quer também agradecimentos.”
A CNN é frequentemente mencionada como parte do chamado “Deep State”, especialmente por figuras e apoiadores da direita política nos Estados Unidos. A narrativa de que a CNN faz parte de uma suposta estrutura oculta de poder é comum entre aqueles que acreditam que a mídia tradicional age em conjunto com setores do governo, grandes corporações e elites globais para manipular a opinião pública e manter determinada agenda política. Nós também acreditamos nisso.
Donald Trump, por exemplo, acusou diversas vezes a CNN de ser uma mídia parcial, chamando-a de “Fake News” e alegando que ela trabalha contra ele e seus aliados. Esse tipo de crítica também se estende a outras redes como MSNBC, The New York Times e The Washington Post, que são frequentemente descritas por seus opositores como veículos de propaganda do establishment.
Nem Trump e seu grupo de radicais neoliberais, que estão tentando “destruir as estruturas do Estado” para as “reconstruir”, e que foi a fórmula empregada pelo autocrata Viktor Orbán da Hungria para se perpetuar no poder, e nem as governanças que se sucederam à frente dos Estados Unidos foram, são e, creio, serão boas para o fortalecimento da democracia e da civilidade. Em busca de um mundo mais humano, menos desigual e fraterno. Ambos os grupos de poder, o atual e os anteriores, são e sempre foram e, provavelmente serão, a expressão do que há de pior para o mundo.
Trump imita a estratégia de Viktor Orbán de tomada do poder e da manutenção desse poder na Hungria. Da mesma forma Bolsonaro tentou no Brasil, mas foi mal sucedido pela incompetência nata que ele possui.
Viktor Orbán consolidou seu poder na Hungria através de uma estratégia de aparelhamento das instituições estatais e do parlamento. Desde que assumiu o governo, ele promoveu reformas constitucionais que enfraqueceram pesos e contrapesos democráticos, garantindo ao seu partido, o Fidesz, controle quase absoluto sobre a política nacional.
Orbán cooptou o Judiciário, limitando sua independência e nomeando aliados para cargos estratégicos. No parlamento, aprovou leis que beneficiam seu governo e dificultam a atuação da oposição. Além disso, controlou a mídia, restringindo veículos independentes e transformando a imprensa estatal em um instrumento de propaganda.
Sua estratégia também inclui a criação de um sistema econômico clientelista, favorecendo empresários próximos ao regime e garantindo apoio político por meio de benefícios e incentivos financeiros. Dessa forma, Orbán consolidou um regime autoritário sob uma fachada democrática, enfraquecendo a pluralidade política e mantendo seu domínio sobre a Hungria. Nós acreditamos que Trump, Musk e outros estão tentando o mesmo.