Segundo o coronel Douglas MacGregor, Zelensky está desesperado para envolver os Estados Unidos e a OTAN na guerra da Federação Russa x Ucrânia e aliados. Zelensky, como é sabido, tenta arrastar todo os países da OTAN e os Estados Unidos para a guerra, porque ele sabe que somente dessa maneira ele pode sobreviver como líder Ucraniano. Essa possibilidade, entretanto, se esvaiu com a nova eleição de Donald Trump, que declaradamente é contra a continuidade do conflito.
Publicado em 11/11/2024, 16:12h
MacGregor observa que o esforço incansável de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em envolver os Estados Unidos e a OTAN em seus respectivos conflitos. Zelensky, consciente de que seu governo depende desse apoio militar externo para resistir à pressão russa, tenta, de forma estratégica, fazer com que as forças armadas dos EUA entrem em ação, o que garantiria o envolvimento direto de Washington na defesa de seu país. Por sua vez, Netanyahu parece seguir uma lógica similar: ele busca apoio total para Israel,
acreditando que só conseguirá avançar em seu plano de expansão e proteção territorial com o respaldo militar dos EUA. MacGregor acredita que Netanyahu tem um plano de longo prazo que envolve, por meio de ações militares e diplomáticas, a remoção de populações árabes do entorno de Israel, visando à criação de uma zona de segurança. No entanto, Netanyahu sabe que isso é inviável sem a presença de uma força externa significativa, como a dos EUA.
Quanto à Israel e seu regime sionista, MacGregor argumenta que Netanyahu estaria interessado em expandir o conflito e provocar o Irã, visando justificar uma escalada militar. O objetivo, segundo ele, seria provocar o governo iraniano a retaliar, para que Israel possa, então, acusar o Irã de ser a principal ameaça e conquistar apoio internacional para uma resposta ainda mais incisiva. Netanyahu sabe que, para consolidar esse projeto, precisa de uma coalizão poderosa ao seu lado, de preferência incluindo as forças americanas. Há nesse momento uma ansiosa espera de que forma o Irã irá responder ao último ataque Israelense contra seu território.
Netanyahu conseguiu grande parte do que desejava em apoio militar, incluindo sistemas avançados como o THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), mas MacGregor enfatiza que as ambições de Netanyahu vão além: ele deseja que o apoio se traduza em ações diretas contra o Irã, e com a nova eleição de Trump isso é perfeitamente possível. Entretanto o cenário agora é bem mais desafiador e complexo, com o Irã fazendo parte do BRICS e sob certa proteção militar especialmente da Rússia, mas também contando com o forte apoio da China.
MacGregor ainda observa que a Rússia e o Irã aprofundaram suas relações militares e de segurança recentemente, com os russos fornecendo ao Irã um arsenal significativo que inclui mísseis de médio alcance, sistemas de defesa aérea, radares e até o sofisticado sistema S-400, além de apoio com técnicos e soldados russos em solo iraniano. A entrada de mísseis russos no território iraniano representa um passo importante na parceria estratégica entre os dois países. Moscou assumiu um compromisso real com a defesa iraniana, vendo o país como uma barreira contra o avanço dos EUA e de Israel. O movimento foi, de certa forma, antecipado por Israel, que reconheceu o poder dessas defesas e, por isso, buscou apoio americano com o sistema THAAD, cujo radar é altamente sofisticado e essencial para a detecção antecipada de ataques de mísseis.
Outro ponto chave levantado por MacGregor é a posição da China. Pequim também se pronunciou sobre a soberania iraniana, com o ministro das Relações Exteriores chinês garantindo apoio em caso de ameaças diretas ao Irã. Segundo o coronel, a China vê o Estreito de Ormuz, uma rota vital para o petróleo e gás natural, como fundamental para sua economia. A interrupção desse fornecimento significaria um colapso econômico, razão pela qual a China mostra disposição para intervir se necessário. MacGregor acredita que a declaração de apoio da China ao Irã deve ser vista com cautela, pois ela sinaliza a possibilidade de um envolvimento militar indireto caso o conflito se intensifique.
Os países árabes vizinhos de Israel — Arábia Saudita, Egito e Jordânia — têm, segundo MacGregor, uma posição ambígua. Embora tradicionalmente alinhados com os EUA, esses governos enfrentam a pressão popular que vê suas lideranças como subservientes a interesses americanos e israelenses. O apoio financeiro e militar dos EUA foi um fator crucial para que esses governos mantivessem uma postura relativamente pacífica em relação a Israel, mas MacGregor acredita que a situação está mudando, com a opinião pública se tornando cada vez mais hostil à aliança com Israel. Esse desgaste coloca em risco a estabilidade política desses governos, e, caso sejam depostos, a região poderia se tornar ainda mais adversa a Israel, pois os novos líderes provavelmente adotariam posturas mais alinhadas com o Irã e a Turquia.
MacGregor também aborda a questão das alianças religiosas no Oriente Médio, ressaltando que sunitas e xiitas estão deixando suas diferenças de lado para focar em um “inimigo comum”. Ele compara isso com alianças históricas que superaram divergências internas para enfrentar ameaças externas. Esse movimento anti-Israel cresce impulsionado pelo fato de que o Estado Israelense possui o único arsenal nuclear conhecido da região, uma vantagem militar que, ao mesmo tempo, inspira temor em seus vizinhos.
MacGregor teme que, se Israel recorrer ao uso de armas nucleares táticas contra o Irã, abriria um precedente perigoso e desencadearia uma reação em cadeia que poderia envolver outras potências, incluindo a Rússia, que já deixou claro seu compromisso com a defesa do Irã. Os russos, segundo ele, enviaram uma mensagem forte para o Ocidente ao posicionar embarcações no Golfo Pérsico, sugerindo que um ataque ao Irã seria visto como uma ameaça direta.
Em um panorama mais amplo, MacGregor considera que a situação no Oriente Médio está se tornando cada vez mais difícil de controlar. Ele vê a política de Washington como refém de Netanyahu, com líderes americanos aparecendo para o mundo árabe como meros porta-vozes do governo israelense. Essa percepção, segundo ele, mina a credibilidade dos EUA na região, tornando improvável que possam atuar como mediadores. Ele acredita que um novo conflito com o Irã envolveria também a Turquia e os estados árabes em uma coalizão inédita que colocaria Israel em uma posição extremamente vulnerável.
Para MacGregor, qualquer tentativa de paz duradoura no Oriente Médio exigiria um acordo real com os palestinos, algo que ele acredita ser improvável dada a postura de Netanyahu. Ele vê o apoio incondicional dos EUA a Israel como um obstáculo para a paz e considera que, enquanto Washington seguir essa linha, as tensões só aumentarão.
Israel enfrenta um grave dilema: embora Netanyahu deseje uma guerra com o Irã, Israel talvez não tenha condições de suportar as consequências de um conflito prolongado sem o apoio direto e massivo dos EUA. E mesmo que esse apoio venha, MacGregor questiona se será suficiente diante da força das defesas iranianas e da possibilidade de uma retaliação russa ou chinesa. 1967 já vai muito longe.
Para terminar, MacGregor descreve o cenário geopolítico atual como um “caldeirão em ebulição” e alerta que qualquer erro de cálculo pode transformar o Oriente Médio em um campo de batalha global, com impactos incalculáveis para o equilíbrio de poder mundial.
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