“Estamos confiantes na relação com o Brasil”, disse Karine Jean-Pierre, Porta-voz da Casa Branca.

19 de abril de 2023, 18:46h

Atualizado em 20 de abril de 2023, 07:35h

247 – A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que o Brasil é um parceiro importante dos Estados Unidos, apesar de ter rejeitado a ideia de que Washington compartilha a responsabilidade pela guerra na Ucrânia. Ela foi questionada sobre a posição do Brasil em relação ao conflito e aos comentários do presidente Lula, que acusou tanto Washington quanto Bruxelas de incentivarem a guerra ao enviarem armas para Kiev, sem buscar a paz por meio da negociação.

De acordo com a porta-voz, os EUA também desejam o fim da guerra. “Acreditamos, e é verdade, que [as declarações] estão completamente erradas”. “É claro que queremos que a guerra termine. O tom das declarações não foi neutro e não reflete a verdade”, continuou.

“Ainda assim, estamos confiantes na relação com o Brasil, mesmo que não concordemos com algumas das declarações do presidente Lula”, destacou Karine Jean-Pierre.

Está claro para todo mundo que os Estados Unidos e seus aliados da OTAN levaram à essa guerra Rússia versus Ucrânia. Isso vem se dando desde 1997 através da burla descarada pela OTAN, aos tratados celebrados com a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, de que não haveria expansão da OTAN para o leste, isto é, em direção às fronteiras da atual Federação Russa. Isso de fato nunca aconteceu, e a maioria das ex-repúblicas socialistas soviéticas foram uma a uma sendo cooptadas e incorporadas á OTAN, como por exemplo, a Estônia, a Polônia, a Lituânia, a Romênia, a Hungria. Faltava apenas a Ucrânia.

Os Estados Unidos e seus subalternos europeus são hipócritas. Não é necessário ser nenhum analista em geopolítica para entender o óbvio. Os Estados Unidos, via OTAN, almeja a dominância total do planeta. Isso a qualquer custo. E, no caso da Federação Russa, isso se deu de forma cínica e descarada.

Se engana quem imagina que o alvo dos Estados Unidos seja somente a Rússia. De fato, o alvo número um dos estadunidenses é a China, que tem se mostrado muito mais competitiva, produtiva e competente que os estadunidenses, na maioria dos campos do conhecimento e da tecnologia, isto é, aqueles de maior valor econômico e estratégico.

A China, em poucos anos, irá suplantar, de longe, a pujança econômica e tecnológica dos EUA e seus aliados europeus. E irá também ultrapassar os Estados Unidos em termos de poderio militar, seja naval, aéreo, espacial e terrestre.

Outro aspecto importante a considerar é que a “irritação” dos estadunidenses em relação às declarações de Lula sobre a guerra Rússia versus Ucrânia não é exatamente destinado à Lula ou ao Brasil, mas sim ao presidente francês.

Após recente visita de Macron à China ele declarou que não quer europeus “vassalos” dos norte-americanos, e que a União Europeia não deve seguir os EUA na questão de Taiwan, nem a entrar numa lógica de “bloco contra bloco”.

Em entrevista concedida ao Les Echos e ao Politico enquanto seguia a bordo do avião presidencial entre Pequim e Cantão, Macron voltou a defender a sua ideia de “autonomia estratégica” em relação aos Estados Unidos, ainda que para tal tenha dado a entender que a questão de Taiwan não é um assunto que diga respeito aos europeus ou, pelo menos, que seja uma prioridade.

“A armadilha para a Europa seria que, no momento em que alcança uma clarificação da sua posição estratégica, quando é mais autónoma estrategicamente do que antes da [pandemia de] covid, é apanhada numa perturbação do mundo e em crises que não são as nossas. Se houver uma aceleração do duopólio, não teremos tempo nem meios para financiar a nossa autonomia estratégica e tornar-nos-emos vassalos, ao passo que se tivermos alguns anos para construí-lo, podemos ser o terceiro polo”, defendeu.

Há uma nova ordem mundial emergindo. De um lado as crescentes insatisfações de algumas lideranças e políticos europeus, como Macron e Órban, que veem que o prolongamento da guerra Rússia versus Ucrânia fragiliza e põe em risco as economias europeias e seus próprios governos, e de outro lado, a aliança estratégica entre os países do BRICS, e em especial entre a China e a Rússia (o coração da eurásia), causa pavor aos estadunidenses. Eles já veem o fim do mundo unipolar e o surgimento de um mundo multipolar, onde até mesmo o dólar deixará de ter a importância que ainda tem agora.

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