15 de abril de 2023, 18:37h
A viagem de Lula á china vem causando críticas dos Estados Unidos empenhados em uma guerra de dominância hegemônica não somente geopolítica, quanto econômica contra a China e a Rússia, especialmente se considerarmos o conflito Rússia x Ucrânia e a questão de Taiwan, que a China considera ser uma província rebelde e que faz parte inalienável de seu território.
O papel do Brasil nesse cenário pós Bolsonaro, isto é, de um governo marcado pela submissão aos interesses econômicos e francamente hostil aos chineses, é de suma importância não somente visando reconquistar o papel do Brasil diante do mundo, mas também o de recuperar o orgulho de um Brasil soberano, independente, dono de seu nariz.
Nesse cenário de mundo multipolar, que se configura cada vez como realidade, e marcado por políticas de ruptura, como o abandono do dólar por inúmeros países, como moeda única de trocas e de garantia, a eleição de Lula não poderia ter sido mais importante, não somente para o Brasil, mas também para a China e a Rússia, e também para consolidar e ampliar de vez o BRICS, hoje com vários outros países pleiteando acesso ao bloco, além dos Estados fundadores, isto é, Brasil, Rússia, China e África do Sul.
Nessa estratégia de fortalecimento do BRICS e do papel do Brasil, a ex-presidenta Dilma Rousseff foi recentemente eleita como presidenta do “Banco do BRICS”, e a ida de Lula à China teve também como objetivo prestigiar a posse de Dilma.
Acerca da visita de Lula à China, se pode dizer que Lula, em uma única viagem, fez mais negócios e prospectou oportunidades que Bolsonaro não conseguiu fazer em 04 anos, a não vender, com alarde, alguns carregamentos de abacate (avocado ) para a Argentina e entregar ao capital privado nacional, de forma aviltada e anti patriótica, ativos estratégicos pertencentes às empresas e ao povo brasileiro, como a refinaria Landulpho Alves, a Petrosix e a Eletrobras.. Em resumo, Bolsonaro com a sua visão míope em termos de relações internacionais, foi um fracasso como promotor dos negócios brasileiros.
Lula saiu da China, só nessa visita, com 15 acordos e mais de R$ 50 bilhões em investimentos e negócios.
Pelo horrendo desserviço, em especial, feito pela Lava Jato ao Brasil, houve uma profunda desindustrialização que jogou o Brasil, anos atrás, da sétima economia mundial para a décima terceira, deixada como legado do fracasso de Guedes e Bolsonaro. Assim, na visão de Lula, a China pode ajudar na re-industrialização do Brasil, em especial, ajudando o país a superar o abismo tecnológico, por exemplo, através da implantação em território nacional de indústrias geradoras e multiplicadoras de empregos, como a automobilística, e de trazer tecnologias avançadas, de ponta, como fábricas de semicondutores.
Lula ainda nesse balanço à saída do hotel, já se despedindo da China, lembrou ainda da importância de se estreitar os laços culturais e educacionais entre os dois países, através de mecanismos de intercâmbio entre estudantes.
Na questão da transição energética, Lula citou o extraordinário potencial latente do Brasil, e que os chineses podem nos ajudar a tornar esse potencial realidade, através da associação entre as empresas chinesas e as empresas brasileiras.
Lula citou ainda o compromisso de trazer internet de ultima geração ao país e conectar todas as escolas ao mundo digital, objetivo e compromisso esse no qual os chineses podem nos ajudar muito. Lula nessa visita visitou a Huawei e, faz dois dias, fechou contrato com a empresa, porque o futuro do 5G no Brasil passa pela gigante de TI da China.
Um Lula pragmático e não submisso aos interesses americanos, como foi Bolsonaro, ainda destacou que as escolhas de oportunidades, de novos negócios, nada tem a ver com política, e sim com interesses do Brasil, estando aberto à negociações que sejam benéficas, e que contribuam para a riqueza nacional e progresso da nação, com quem quer que seja. Esse é um claro recado ao presidente Joe Biden e aos Estados Unidos.
Na visão de Lula, o Brasil não se alinhará a ninguém, assim como faz a Turquia, por exemplo, que mesmo fazendo parte da OTAN não aderiu ás sanções contra a Rússia, como fizeram os combalidos países europeus, que assim impuseram a seus povos, desemprego recorde, inflação galopante, greves generalizadas, desindustrialização e muita insatisfação. Insatisfação essa “um tiro no pé das democracias europeias”, que de forma estúpida favorece com essa submissão aos americanos – cuja indústria de energia e de guerra fatura alto com a continuidade da guerra Rússia x Ucrânia – ao crescimento cada vez maior da extrema direita.
Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos, expressou sua preocupação com o sucesso da viagem do presidente Lula (PT) à China, afirmando que “Estamos perdendo o Brasil”. Essa preocupação se deve aos mais de 20 acordos firmados entre Brasil e China, que incluem parcerias econômicas e cooperações. No entanto, o que mais incomodou Trump foi o discurso de Lula durante a posse de Dilma Rousseff (PT) na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos Brics.
Durante seu discurso, Lula declarou que, com Dilma, o NBD – que já conta com Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai – se tornará o grande banco do Sul Global, criando uma alternativa para o comércio entre os países sem o uso do dólar. Essa afirmação deixou Trump preocupado, já que o dólar é a moeda mais utilizada nas transações comerciais internacionais e qualquer mudança nesse sentido poderia afetar a economia dos Estados Unidos.
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