08 de abril de 2023, 16:56h

Após ter sido indiciado por 34 crimes, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou para seus simpatizantes no resort de Mar-a-Lago, na Flórida. Na opinião dele, as ações judiciais são uma tentativa dos democratas de usar o sistema judicial como uma arma eleitoral contra adversários, caracterizando assim um processo de lawfare.

Trump também criticou a política externa de Joe Biden, afirmando que ela coloca o mundo perto da Terceira Guerra Mundial, e condenou a guerra na Ucrânia. Ele argumentou que as ações internacionais dos Estados Unidos têm provocado a união entre Rússia e China, e também uma aliança entre Arábia Saudita e Irã, o que seria impensável há alguns anos atrás.

Além disso, Trump mencionou que, nesta nova ordem geopolítica, o dólar está em colapso, e que “esta será a nossa maior derrota em 200 anos”. Apesar de apontar a decadência dos Estados Unidos, ele prometeu retornar ao poder com seu slogan “Make America Great Again”, que significa restaurar a grandeza dos Estados Unidos.

Dólar: O vampiro sugador

Durante um simpósio em Moscou, um analista canadense afirmou que a hegemonia do dólar está em declínio e os Estados Unidos têm poucos recursos para impedir isso. Segundo ele, ao se livrarem do “vampiro sugador” do mercado financeiro dos EUA, os países não-ocidentais terão seus produtos e moedas devidamente valorizados.

Na quarta-feira (5), especialistas russos e canadenses reuniram-se no clube de discussão Valdai para discutir o declínio da hegemonia do dólar na economia mundial. Esse assunto tem ganhado destaque na agenda geopolítica atual e inclusive foi incluído na nova concepção de política externa russa.

De acordo com Dmitry Birichevsky, chefe do Departamento de Cooperação Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, a desdolarização é uma tendência irreversível que resulta da perda de confiança no Ocidente. Ele afirmou à Sputnik Brasil: “Eles congelam os ativos de diversos países e no nosso caso praticamente roubaram ativos avaliados em US$ 300 bilhões [cerca de R$ 1,5 trilhão]. Outros países entendem que hoje isso é feito contra a Rússia, mas amanhã pode ser feito com qualquer um deles.

A quantia de cerca de US$ 300 bilhões mencionada anteriormente, dos US$ 630 bilhões em reservas internacionais da Rússia, foi retida por EUA, União Europeia, Reino Unido e Canadá, em decorrência do agravamento do conflito ucraniano. Anteriormente, países como Venezuela e Irã também tiveram suas reservas confiscadas.

Como Brasil e China pretendem fechar negócios sem usar dólar americano

Em vista disso, os países do BRICS estão “discutindo ativamente” a criação de sistemas de pagamento alternativos ao liderado pelos EUA e reduzindo a formação de reservas em dólares. Como explicou o diplomata russo, “O sistema financeiro forjado após a Segunda Guerra Mundial garantiu que o centro privilegiado fosse financiado às custas da maioria mundial”. Para ele, este é um “sistema neocolonial”.

Recentemente, o Brasil acordou com a China que as trocas internacionais entre os dois países irão usar além do dólar, o yuan. E o Brasil também passará a usar o sistema de pagamento chinês CIPS em detrimento do sistema de pagamento Swift de propriedade do ocidente. Uma das sanções contra a Rússia pelos EUA foi desconectar os bancos russos do sistema de pagamentos Swift. Assim, o Brasil e a China avançaram ainda mais na cooperação comercial e na exclusão de uma possível influência americana nos negócios bilaterais.

Os dois países anunciaram a criação de uma “Clearing House” (ou Câmara de compensação), uma instituição bancária que permitirá o fechamento de negócios e a concessão de empréstimos entre os dois países sem a necessidade do uso do dólar americano para viabilizar a transação internacional.

O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) será responsável por operar a clearing house no Brasil, permitindo que empresários brasileiros e chineses realizem transações comerciais e empréstimos em yuan, em vez de usar exclusivamente o dólar, como acontece atualmente entre os dois países.

Por se tratar de uma grande instituição financeira chinesa, o banco terá a capacidade de garantir aos empresários brasileiros a conversão imediata de seus ganhos em real, caso eles decidam fechar negócios em yuan.

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