O legado do governo Bolsonaro. Intolerância, homofobia, violência, racismo, terrorismo. Essa era a pátria que você que se identifica com o bolsonarismo queria? Se era, você conseguiu.
05 de abril de 2023, 19:55h
Na esteira da onda de ataques a escolas que vem se intensificando no país, os alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) estão recebendo ameaças, através de aplicativos de mensagens, de um massacre que estaria sendo planejado na instituição.
As ameaças começaram a circular nas redes sociais na última segunda-feira (3), na forma de prints de mensagens enviadas a estudantes por perfis que utilizam fotos falsas. As mensagens contêm teor racista, homofóbico e classista e, em algumas delas, os criminosos convidam alunos a participar do ataque para que não morram.
“Dia 10 vamos matar muita gente na rural. Estamos chamando mais gente para participar. Você quer se juntar e matar com a gente ou quer morrer junto com os outros”, diz uma das ameaças recebida por um aluno.
Em outras mensagens, os terroristas, além de prometerem matar estudantes, afirmam que estuprarão alunas: “Fala aí, sua piranha do caralho. Eu vou abusar muito de você na rural e depois vou dar um tiro na sua cara. E avisa aquelas veteranas vagabundas que vou fazer um massacre lá dia 10. Vou botar fogo naquela faculdade de preto, viado e favelado. Raça desgraçada que tem que voltar pra senzala. Putinha safada. A gente vai passar o serrote na sua garganta”.
Assustados com as ameaças, os estudantes têm se manifestado através das redes sociais e alertado colegas para que não compareçam à universidade na data em questão.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (4) em seu site oficial, a UFRRJ informou que tomou conhecimento das ameaças e acionou a Polícia Federal e Polícia Civil.
O PERVERSO LEGADO
Desde a chegada de Bolsonaro ao poder os casos de ataques contra escolas e universidades no Brasil tabulados até 2021 se multiplicaram, sendo os principais:
- Em março de 2020, a Escola Municipal Cívico-Militar Leonel de Moura Brizola, em Duque de Caxias (RJ), foi alvo de um ataque com coquetel molotov. Não houve feridos, mas a escola ficou parcialmente destruída.
- Em agosto de 2020, a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) foi alvo de um ataque com suásticas e símbolos nazistas. As pichações foram encontradas em diferentes locais da universidade.
- Em setembro de 2020, uma escola em Janaúba (MG) foi alvo de um ataque com álcool e fogo. O autor do ataque era um segurança da escola que se desentendeu com a direção.
- Em novembro de 2020, uma escola municipal em São Paulo foi invadida por um homem armado com uma faca. Ele fez reféns e acabou sendo morto pela polícia.
- Em dezembro de 2020, uma escola estadual em Florianópolis (SC) foi alvo de um ataque com tiros. Dois alunos ficaram feridos e o autor dos disparos, um adolescente de 14 anos, foi apreendido.
- Em janeiro de 2021, uma escola em Maracanaú (CE) foi invadida por um homem armado com um facão. Ele atacou os alunos e professores, deixando dois mortos e vários feridos.
- Em março de 2021, a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), foi alvo de homenagens em lembrança ao massacre que ocorreu em 2019. Na ocasião, dois ex-alunos invadiram a escola e mataram oito pessoas antes de cometerem suicídio.
- Em maio de 2021, a Universidade de São Paulo (USP) foi alvo de um ataque com pichações nazistas. Os símbolos foram encontrados em diferentes locais do campus.
- Em julho de 2021, uma escola em Santa Catarina foi invadida por um homem armado com um machado. Ele atacou alunos e professores, deixando três mortos e vários feridos.
- Em setembro de 2021, um jovem invadiu uma creche em Saudades (SC) e atacou alunos e funcionários com uma espada. Cinco pessoas morreram, incluindo três crianças, uma professora e uma funcionária da creche.
Em 2022 e agora em 2023 esse cenário macabro parece só progredir, de forma trágica.
Esses ataques são chocantes e demonstram a necessidade urgente de se combater a violência e o terrorismo em todas as suas formas. E esse é o retrato de um governo que incentivou maciçamente o porte de armas e a intolerância enquanto política de estado.
É fundamental que haja civilidade e uma cultura de paz e de respeito aos direitos humanos, especialmente no ambiente escolar. Além disso, é preciso investir em políticas públicas que promovam a segurança das escolas e universidades, e que incentivem a prevenção da violência e do terrorismo. O que se via no Brasil antes de Bolsonaro eram casos esparsos, isolados de violência. Hoje estamos caminhando a passos largos para o mesmo tipo de violência que desde décadas assola os Estados Unidos, com uma população armada até os dentes.
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