Pedro Cardoso implode debate na CNN, acaba com Moro e Bolsonaro e critica o jornalismo capitalista.
25 de março de 2023, 15:38h
Pedro Cardoso implode debate na CNN, acaba com Moro e Bolsonaro e critica o jornalismo capitalista.
“Eu acho que o Brasil tá profundamente adoecido moralmente, porque nós estamos falando aqui há 10 minutos – em entrevista nos estúdios da CNN Brasil – de uma pessoa chamada Sérgio moro. E ele tá sendo tratado aqui como se fosse uma pessoa que merecesse todo o nosso respeito. Como uma pessoa muito digna. Muito correta, enquanto que ele é uma pessoa que tramou junto a um acusador para colocar uma pessoa na cadeia. E apenas porque nós fazemos democracia juridicamente muito imperfeita, ele logrou virar Senador da República.
Então é feito uma ameaça à vida dele, que é um fato profundamente lamentável. Ninguém. Ninguém tem que ser ameaçado de coisa alguma, mas, me desculpem, milhões de brasileiros são ameaçados de morte todos os dias pela pobreza em que vivem. Pela proximidade que são obrigados a viver com o crime organizado. E agora este homem, moralmente desqualificado, recebe toda esta atenção? Porque ele agora foi vítima de uma ameaça também ?! Pera lá. Eu acho isso uma doença brasileira. Eu tô muito mais preocupado com milhões e milhões e milhões de outras pessoas que estão permanentemente ameaçados, e que não serão noticiadas aqui nem em outro lugar nenhum, porque não tem prestígio. Esse é o meu ponto de vista, por isso que digo: Há uma questão de linguagem.
O fascismo brasileiro exerce um domínio sobre as consciências do povo ao controlar os discurso. Então quando eu fiz um comentário a respeito do nosso próprio programa ( o programa da CNN em que ele é entrevistado), daquilo que nós estamos fazendo aqui, é um convite a vocês que são profissionais disso. Eu não sou jornalista. E reflitam sobre esta prática, onde se simula algo que é muito semelhante ao diálogo, mas que na verdade é uma sugestão de monólogos. E eu me explico: O diálogo pressupõe um sincero interesse no pensamento do outro. Se nenhum de nós aqui temos um sincero interesse no pensamento do outro, nós vamos apenas ouvir e esperar a nossa vez de falar, e então confirmarmos aquilo que sempre achamos, porque não estamos nos deixando modificar, em momento algum, pelo pensamento do outro. E não é só apenas, amigos, este programa. Eu vim a este programa, por que queria viver essa experiência de estar dentro desses programas (como os da CNN), que são pretensos debates, e que, na minha opinião, me desculpem, não são debates, são monólogos que empobrecem mais uma vez a mobilidade do pensamento.
Nesse ponto um dos entrevistadores interpela Pedro Cardoso: Posso contar eu da minha parte, brevemente. Eu estou profundamente interessado, sim, no que você tá falando, e por isso quero estabelecer aqui uma troca e um diálogo, porque eu acho que existe uma resposta para esse questionamento que você coloca. Que não coloca uma notícia dessa ou a escolha de dar essa notícia numa luz tão ruim. Veja, você tem uma opinião muito negativa sobre o Sérgio moro. Perfeito. Direito seu. Outras pessoas tem direito de ter opiniões diferentes. Tem pessoas. Tem opiniões, as mais profundamente negativas sobre o Lula também. Direito delas. Outras tem visões diferentes. Agora Lula, Sérgio Moro, eles são representantes dos brasileiros. Um é presidente da república. O outro é um senador brasileiro.
E Pedro Cardoso retoma: Mas eu queria dizer, se me permitem, que a dificuldade de diálogo é algo natural do ser humano. Eu trabalhei em televisão a minha vida inteira, então, não sou jornalista, não tenho o hábito que os colegas tem de estar todos os dias dando notícia e tal, mas tenho um hábito muito grande com a comunicação através do meio eletrônico, e o meio eletrônico para quem tá assistindo em casa, cria uma dificuldade ainda maior de ser permeável a uma ideia, que não é a ideia que você já tem. E nós estamos falando do Brasil, como se o Brasil não tivesse vivido nos últimos seis anos todo um regime muito agressivo à democracia, entende? Eu acho que não podemos mais falar do Brasil como se o Brasil não tivesse botado na presidência da república um torturador. Um homem que defende a tortura, e que até hoje milhões e milhões e milhões de brasileiros defendem um homem que defende a tortura, e nós tratamos desse fato como se ele fosse um fato corriqueiro da nossa vida democrática.
É bom lembrar que Sergio Moro era Ministro da Justiça de um regime fascista. Então quando falarmos de Sergio Moro, não podemos, não é uma questão meramente de opinião, eu gosto eu não gosto, não. É uma questão de fatos. Ele foi ministro da Justiça de um regime liderado por um torturador, ou eu estou dizendo uma inverdade?
Outros entrevistadores retrucam: Jair Bolsonaro, literalmente, era um torturador? Acho que não Pedro. Ele era um apoiador da Tortura. Ele deu diversas declarações nesse sentido, mas acho que não consta que ele tenha torturado ninguém pessoalmente.
E Pedro Cardoso comenta: Eu vou lembrar um momento em que ele torturou uma pessoa pessoalmente. Quando ele fez o voto dele a favor da abertura do processo do impeachment de Dilma, ele fez um elogio ao torturador dela, na presença dela. Pois bem, desculpem, elogiar o torturador, no caso um torturador condenado, na presença da vítima torturada, é reincidir no ato de tortura. Ele fez isso publicamente. Esse é um ato de tortura, e outra coisa, defender a tortura é também um ato de tortura. Então ele – Bolsonaro – é um torturador, e Sérgio moro serviu a um torturador, e no entanto nós estamos disputando, discutindo aqui, se Lula falou ou não falou se Sergio Moro é isso e aquilo, como se Sergio Moro merecesse respeito.
Me desculpem, Sérgio moro é uma pessoa desprezível. Não é questão de opinião. Ele foi ministro da Justiça do governo de um torturador. É isso que me espanta, que esse debate, como eu digo, fique fingindo, que a gente, que o Brasil não passou pelo que passou.
O Brasil não é o mesmo que era antes. O Brasil tem que olhar na sua própria cara e ver que é um país fascista. Um país que botou na liderança um homem torturador. Não podemos estar fingindo que isso não aconteceu, que é uma questão de opinião…..
Veja a entrevista completa de Pedro Cardoso no vídeo.
Leia também.
A especialidade de Moro é armar. Por que seria diferente agora?
Bolsonaro devolve joias sauditas e armas após determinação do TCU