23 de março de 2023, 17:00h

O Banco Central trabalha contra o Brasil. Apesar do clamor da classe empresarial industrial, dos políticos, do governo e de personalidades como Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, que diz que a taxa de juros no Brasil é “chocante” e equivale a “pena de morte”, essa semana o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por manter a taxa básica de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. Foi a quinta decisão seguida pela manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2016. A decisão foi unânime.

Roberto Campos Neto segue inviabilizando as políticas econômicas do governo Lula ao manter a selic em 13,75% e o juro real da economia em 8%, o maior do mundo e que pode mergulhar o Brasil em uma profunda recessão. É dessa política suicida do BC que a Presidenta dos Partidos dos Trabalhadores (PT) fala ao UOL.

A Presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, desde o primeiro minuto do governo Lula critica o BC pela extorsiva taxa de juros. Na sua análise ao UOL ela diz que e a decisão do BC sobre os juros é uma decisão política. Para ela não existe decisão econômica dissociada da política.

Qualquer decisão em economia e em qualquer área técnica é associada a uma linha política, e a decisão do CPOM no dia de ontem (22) foi política. Uma decisão de contração monetária, o que é muito ruim para o país. E não há nenhuma justificativa para isso. No Brasil o juros real é de quase 8% ao ano.

Segue ponderando Gleisi. Qual é o empresário que vai investir se o dinheiro dele aplicado rende isso (8%)? É melhor manter o dinheiro parado e ganhar em cima de títulos públicos. Quem sofre é o país. A maior parte dos investimentos que nós precisamos para gerar empregos são privados, e com o juro real a 8% não há investimento privado. óbvio.

O poder público tem que investir. O presidente Lula está firme nisso e vai fazê-lo. E o investimento público é multiplicador. Mas o Brasil precisa de investimentos privados, e com os juros na estratosfera não é possível isso. Então o Banco Central tá jogando contra o Brasil. Não há necessidade de um juro tão alto. Nossa taxa de juro real é o dobro da taxa do México, que é o segundo país com maior juro real no mundo. Por que o Brasil precisa disso? Qual é o risco que nós corremos? Nós não temos uma espiral inflacionária. Nós não temos nenhum risco fiscal, primeiro porque a nossa dívida é toda em reais. Então nós não dependemos de oscilação de moeda estrangeira. Isso não tem impacto na nossa dívida pública. Em segundo lugar, a dívida bruta é de cerca de 72, 73% do PIB. Mas nós temos as reservas internacionais que correspondem a 20% dessa dívida. Então, se você tirar 20% de reserva, e o Brasil deve ter mais uns R$ 2 trilhões no tesouro nacional, a dívida líquida fica entre 43 a 45% do PIB.

E segue Gleisi. Então eu fico pensando qual é o risco fiscal para se ter uma taxa de juro dessa? Gleisi complementa dizendo que Roberto Campos Neto pertence ao mercado financeiro, e que, infelizmente, na economia, quem tá ditando as regras atualmente é o mercado financeiro, o que é uma tristeza.

Roberto Campos Neto quer que o mercado financeiro dê certo. Ele não tá nem aí para o país. Ele não tá nem aí se os empresários conseguem ou não emprestar dinheiro. Se existe crédito. Se tem produção. Isso não passa pela cabeça dele . Até porque se passasse, o Banco Central, ele e todos os diretores teriam tomado uma decisão em favor do país. Já teriam baixado um pouco a taxa de juro ontem, e já teriam apontado, na nota emitida pelo BC que é possível baixar mais. Mas se deu justo o contrário. A nota do BC fala na possibilidade até de aumento da taxa de juro. Eles estão contra o país. Estão contra desenvolvimento. Nós não podemos aceitar uma coisa dessas. A autonomia do Banco Central não quer dizer irresponsabilidade, e aliás ele tem que apresentar resultados. E em dois anos não apresentou resultado nenhum.

Veja a entrevista completa de Gleisi Hoffmann ao UOL abaixo.

Gleisi: Campos Neto sabota o país com juro alto e deveria pedir demissão; ninguém é imexível.

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