Assim como o Brasil, os EUA têm leis que regulam o recebimento de presentes de governos estrangeiros; Veja se ex-presidente as cumpriu.
18 de março de 2023, 18:14h
Donald Trump, ex-presidente dos EUA, recebeu presentes de países estrangeiros durante o seu mandato que não foram incluídos no acervo da Casa Branca, assim como Jair Bolsonaro (PL) no Brasil. A bancada dos democratas da Câmara dos Deputados dos EUA revelou que ele deixou de documentar adequadamente, conforme previsto pela lei americana sobre presentes de países estrangeiros, mais de 100 itens que juntos estão avaliados em R$ 1,3 milhão.
Um dos presentes não documentados foi um pingente de ouro recebido do governo da Arábia Saudita em viagem ao país, que está avaliado em R$ 34 mil. Na mesma viagem, além de Trump, foram presenteados a sua mulher Melania Trump, o genro Jared Kushner e a filha Ivanka. Ao todo, o valor total dos presentes recebidos pelo mandatário americano somou o equivalente a R$ 253 mil, aproximadamente 65 vezes menos do que o ofertado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Isto é, R$ 16,5 milhões.
Tal como Bolsonaro, Trump jamais divulgou publicamente os mais de 100 presentes, e também não comunicou os ‘agrados’ ao Departamento de Estado, conforme ordena a lei americana. A maioria dos itens acabou entregue ao Arquivo Nacional mesmo sem as declarações prévias que a lei americana exige após cobrança do Congresso.
Entre os itens não declarados de Trump estão tacos de golfe avaliados em R$ 19 mil dados por Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, e uma pintura do próprio Trump, maior que seu ‘tamanho natural’, feita e presenteada por Nayib Bukele, presidente de El Salvador. Há também uma caixa decorada em prata que um ativista sindical egípcio presenteou ao genro Jared Kushner, que está desaparecida, e é avaliada em R$ 2300.
De acordo com a lei americana, todos os presentes recebidos por governos estrangeiros que valham mais do que 415 dólares, o equivalente a R$ 2200, precisam ser declarados ao Departamento de Estado. O funcionário do governo ‘agraciado’ pode manter o presente caso esteja disposto a ressarcir o Estado. A medida serve justamente para impedir que governos estrangeiros comprem influência nos EUA, situação que, aqui no Brasil, é investigada no caso das joias de Jair e Michelle Bolsonaro, suspeitas de serem propina.
Há também itens que o ex-presidente dos EUA deve decidir se irá manter consigo e ressarcir o Estado, ou se devolverá ao Arquivo Nacional. Uma planilha com esses itens foi organizada por assessores da Casa Branca nos seus últimos dias de mandato. Entre esses itens está justamente o pingente de ouro recebido dos sauditas. Segundo as últimas informações a respeito do seu paradeiro, que constam na planilha de 2021, a joia estava a caminho da mansão Mar-A-Lago, na Flórida, onde Trump mantém residência. Não há informações sobre sua declaração ou eventual devolução.