Desde que o presidente Lula quase venceu Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2022, obtendo 48,43% dos votos válidos, com Bolsonaro vindo atrás com 43,2% dos votos válidos, era noticiado que se Lula vencesse as eleições ele teria dificuldades em governar com base na premissa de que haveria forte resistência da base parlamentar bolsonarista eleita em 2022, tanto no Senado quanto na Câmara de Deputados. As mesmas previsões alarmistas de dificuldades de governabilidade se repetiu após a vitória de Lula no segundo turno.
“O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enfrentará um cenário desafiador a partir de janeiro de 2023, quando toma posse. O petista terá de enfrentar uma dura oposição tanto na Câmara quanto no Senado, mas têm condições de formar uma base parlamentar que lhe garanta o mínimo de apoio necessário para levar adiante a agenda do novo governo. A avaliação é de analistas ouvidos na edição especial desta segunda-feira (31) do InfoMorning, programa exibido pelo canal do InfoMoney no YouTube.”
Passo seguinte foi que o governo Lula, eleito, não seria empossado em primeiro de janeiro de 2023, e que haveria um golpe de estado promovido pelas hordas bolsonaristas com o conluio das forças armadas, o que acabou também não acontecendo, apesar do evento golpista/terrorista ocorrido no dia 08 de janeiro de 2023, uma semana depois da apoteótica cerimônia de posse de Lula, quando compareceram à Brasília centenas de milhares de seus apoiadores e eleitores.
Debelada a tentativa golpista/terrorista, com mão de ferro do governo, através da intervenção na Segurança Publica do Distrito Federal, afastamento do governador do PF, demissão do comandante do Exército general Júlio César de Arruda, prisão do ex ministro da justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, e posse do novo comandante do Exército, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, era hora do governo Lula se voltar às articulações visando estabelecer uma base confortável de apoio tanto no Senado quanto na Câmara de Deputados.
No Senado, com o apoio da bancada bolsonarista, com a articulação de Michelle Bolsonaro, que regressou ao Brasil para essa “tarefa” ao Brasil, e de Jair Bolsonaro, refugiado nos Estados Unidos, de nada valeu o esforço em prol do senador Rogério Marinho, uma vez que o senador Rodrigo Pacheco foi reeleito com relativa tranquilidade.
Na Câmara de Deputados, desde as articulações e aprovação, com o apoio decisivo de Arthur Lira, da PEC que reviu e modificou o orçamento enviado por Bolsonaro ao Congresso, e que não previa o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 600,00, era quase certo que Arthur Lira seria reeleito como presidente da Câmara para mais um mandato. E isso se deu ontem com o apoio do governo Lula e mesmo de deputados do PL. Arthur Lira obteve a maior votação da história, obtendo 464 votos dos 513 votos possíveis, isto é, 90% dos votos totais.
Rodrigo Pacheco contou com o apoio decisivo do governo Lula na reta final da votação, e recebeu 49 votos contra 32 do seu adversário, que tinha por principal pauta de campanha o confronto do parlamento contra o Supremo Tribunal Federal, alias, obsessão 01 de Bolsonaro desde que tomou posse em 01 de janeiro de 2019.
A respeito da derrota de Rogério Marinho, a extrema direita entrou em parafuso, com Bolsonaro vociferando ofensas contra Rogério Marinho e culpando a base bolsonarista no Senado pelo fracasso.
Conforme matéria divulgada na Revista Fórum, a reeleição de Rodrigo Pacheco como presidente do Senado, apoiada pela base do governo Lula, está causando uma grande tensão na direita brasileira. Isso ficou evidente com a briga entre o senador Marcos do Val, do Podemos-ES, e membros do Movimento Brasil Livre, especialmente Arthur do Val e Renan Santos.
Marcos havia anunciado que votaria em Rogério Marinho, candidato do bolsonarismo, mas depois de Marinho perder a eleição com menos votos do que o esperado, o senador foi visto abraçando Pacheco, o que levou o MBL a acusá-lo de traição.
Marcos respondeu às acusações com uma live no Instagram, onde ele colocou Arthur e Renan da frente das câmeras. Durante a transmissão, houve muitos gritos e xingamentos, e os três mostraram seu desespero diante da derrota do bolsonarismo.
O bate boca e lavagem de roupa suja do senador Marcos do Val, Arthur do Val e Renan Santos.[Trecho da baixaria]
Quanto à Bolsonaro, o ex-presidente ficou sabendo da notícia do fracasso dos seus aliados através de um grupo do WhatsApp e, como de costume, perdeu a linha. Uma marca do troglodita Bolsonaro.
A reação do ex-presidente pode ser entendida como “falta de competência” dos aliados, que falharam novamente. Segundo fontes ouvidas pela coluna de Daniel Cesar, no Último Segundo – Ig, Bolsonaro ficou furioso com a derrota e atacou seus aliados, pessoas próximas, e culpou o PL, seu partido, por ser o principal responsável pela derrota.
“O PL não apoia, não faz o que precisa ser feito e o PT está passando por cima. Fomos traídos porque o PT comprou todos, precisamos aprender a comprar também”, teria dito ele.
Até o candidato derrotado, Rogério Marinho, não escapou das críticas. Para Bolsonaro, Marinho não foi hábil o suficiente para negociar com os senadores insatisfeitos e bater no PT. “Ninguém gosta do PT e eles vencem?”, esbravejou antes de chamar Marinho e outros aliados de “incompetentes”.
E hoje pela manhã uma verdadeira bomba. O senador Marcos do Val anunciou a sua renûncia ao Senado, acusando o ex-presidente Jair Bolsonaro de fazer pressão por um golpe de Estado contra Lula.
Se já havia a pressão do STF sobre as declarações de Valdemar da Costa Neto de que era descarada a discussão em torno de um golpe de estado instigado por Jair Bolsonaro, essa bombástica declaração do senador ou ex-senador Marcos do Val parece por uma pá de cal em uma possível tentativa de Bolsonaro estar elegível para 2026. Muito provavelmente, depois dessa acusação, Bolsonaro tentará asilo politico para não ser preso. A questão é que país aceitará refugiar Bolsonaro? Nos Estados Unidos, da administração Joe Biden, é inviável. Na Europa muito menos à exceção da Hungria, e no Oriente Médio, em algum governo autocrático.
Para finalizar, Lula venceu, até agora, 04 turnos. Enfim…Todas as sinistras previsões eram só bobagens de mal intencionados.