A Grande Farsa: A esquizofrenia Social da Classe Média

Por Política em Debate I Brasília

Em 03/06/2025, 15h50 I Leitura 2 min

A classe média brasileira vive uma esquizofrenia social: trabalha como proletária, mas sonha como burguesa. Enquanto Warren Buffett admite sem pudor que “há uma luta de classes, e nós, bilionários, estamos vencendo”, a mídia corporativa e o capitalismo transformaram a alienação de classe em uma arma de dominação perfeita. O resultado? Uma classe trabalhadora dividida, enfraquecida e incapaz de reconhecer seu próprio lugar na pirâmide da exploração.

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A classe média brasileira: os pobres primes

A Ilusão Fabricada: “Classe Média” vs. Classe Trabalhadora

Na teoria marxista, não existe “classe média” — há burguesia (donos dos meios de produção) e proletariado (quem vende a força de trabalho). Médicos, professores, engenheiros e até pequenos empresários são proletários: dependem do salário ou renda precarizada para sobreviver. Mas o capitalismo, com ajuda da mídia patronal, criou um efeito Matrix:

  • Consumo como identidade: Associar “classe média” a carros, viagens e marcas de grife, como se consumo fosse sinônimo de status social.
  • Meritocracia tóxica: Vender a ideia de que sucesso depende apenas de esforço individual, ocultando privilégios estruturais (heranças, acesso a educação elitizada, redes de contatos).
  • Precarização glamourizada: Transformar Uberistas e entregadores de iFood em “empreendedores”, enquanto plataformas sugam 30% de seus rendimentos e negam direitos básicos.

Como alerta o sociólogo Ricardo Antunes, o capitalismo moderno “extrai a pele, o corpo e a alma da classe trabalhadora”, substituindo contratos formais por “flexibilidade” que só beneficia patrões.

O Papel da Mídia: Arma de Distração em Massa

A mídia corporativa — controlada por grupos como Globo, Record, etc — atua como lavagem cerebral diária:

  • Invisibilização da luta de classes: Noticiar desigualdade como “problema social”, nunca como fruto da exploração.
  • Criminalização de greves: Retratar sindicatos como “baderneiros”, enquanto reformas trabalhistas são vendidas como “modernização”.
  • Culto ao empreendedorismo: Programas como Shark Tank glorificam a riqueza individual, omitindo que 90% das startups quebram em 2 anos, deixando trabalhadores endividados.

Jesse de Souza, em entrevista, expõe o cerne do problema: a classe média brasileira age como “agregada da elite”, imitando seus patrões e desprezando os mais pobres, tal como os capatazes odiavam escravos no século XIX. É uma servidão voluntária:

“A classe média se sente parte da casa do senhor. Toma café com a família do patrão, mas é explorada como qualquer trabalhador. Só que prefere odiar o pobre a se unir a ele”.

A Estratégia dos Super-Ricos: Dividir para Reinar

A receita é clara, como ensina Buffett:

  1. Fragmentar a classe trabalhadora: Criar subcategorias (“classe média”, “empreendedores”, “trabalhadores informais”) para evitar união.
  2. Lobby político: Bancadas da bala, ruralista e empresarial aprovam leis como a Reforma Trabalhista (2017), que precarizou 42% dos empregos.
  3. Precarização total: Plataformas digitais transformam direitos em “autonomia”, enquanto lucros bilionários vão para acionistas.

No Brasil, 40% da população é condenada ao trabalho análogo à escravidão: entregadores pedalando 12h/dia por R$ 900 mensais, empregadas domésticas sem carteira assinada, jovens negros mortos pela polícia nas periferias. Enquanto isso, a classe média aplaude golpes contra governos populares, como em 1964 e 2016, achando que “salvará o país” — mas só salva os privilégios da elite.

O Mercado financeiro $$$, manda no mundo

A Hipocrisia da “Classe Média” Brasileira

Jesse de Souza destaca o paradoxo:

“O brasileiro médio odeia o Bolsa Família, mas corre atrás do crédito consignado. Critica cotas raciais, mas usa QI (quem indica) para empregar o filho. É um agregado que acha ser patrão”.

A mídia alimenta esse ódio ao pobre, associando negros e periféricos à “corrupção” e “vagabundagem”, enquanto brancos de colarinho branco desviam bilhões sem punição. É a herança escravocrata: criminalizar a vítima para justificar a opressão.

O Caminho da Ruína (e da Revolta)

Enquanto a classe média acreditar no conto de fadas da “ascensão social”, os Buffett do mundo continuarão rindo. Mas a realidade é implacável:

A saída? Reconhecer-se como classe trabalhadora e unir-se aos pobres, cobrando taxação de grandes fortunas, fim dos paraísos fiscais e serviços públicos universais. Como disse Marx: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!” — antes que o capitalismo acabe com todos nós.


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