A Estrutura dos Núcleos Golpistas e o “Grupo 03” sendo julgado pelo STF

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Por Política em Debate I Brasília

Em 20/05/2025, 16h10 I Leitura 3 min

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou hoje, 20 de maio de 2025, o julgamento do chamado “núcleo 3” da tentativa de golpe de Estado, composto por 11 militares do Exército e um agente da Polícia Federal. Este grupo é acusado de planejar ações táticas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, incluindo planos de assassinato e sequestro de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, o próprio Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra os acusados, destacando que o grupo agiu concretamente para efetivar o golpe de Estado. Entre os denunciados estão o general Estevam Theophilo, ex-comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército, e o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto. A subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, afirmou que os acusados planejavam criar um “fato de grande impacto social” para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022.

Bolsonaro junto com o general Estevam Theophilo e o coronel dos “kids pretos” Bernardo Romão Corrêa Neto

As defesas dos militares negam envolvimento em qualquer trama golpista. Advogados argumentam que reuniões realizadas foram meras confraternizações entre amigos e que não há provas concretas de participação em atos antidemocráticos. A defesa do coronel Corrêa Netto, por exemplo, sustenta que mensagens trocadas com o então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, expressavam apenas opiniões pessoais e não configuram crime.

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O julgamento, conduzido pela Primeira Turma do STF, deverá resultar na aceitação da denúncia e, consequentemente, abertura de ação penal contra os acusados. Com o pedido de indiciamento do “núcleo 03”, o número de militares réus por envolvimento na tentativa de golpe praticamente dobrará, passando de 12 para 23.

Os Integrantes do Núcleo 03:

  • Bernardo Romão Correa Netto (coronel)
  • Cleverson Ney Magalhães (tenente-coronel)
  • Estevam Theophilo (general)
  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel)
  • Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel)
  • Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel)
  • Nilton Diniz Rodrigues (general)
  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)
  • Wladimir Matos Soares (policial federal)

Entenda o Caso: Estrutura dos Núcleos Golpistas

Segundo investigações da Polícia Federal (PF) e denúncias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), a tentativa de golpe militar no Brasil foi organizada por uma estrutura complexa, dividida em pelo menos seis núcleos, cada um com funções específicas e tarefas bem definidas. Essas divisões permitiram a individualização das condutas e a coordenação das ações golpistas após as eleições presidenciais de 2022.

Os Seis Núcleos Identificados foram:

  • Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
    Responsável por disseminar notícias falsas e atacar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro, visando minar a confiança nas urnas eletrônicas e no processo democrático.
  • Núcleo de Incitação Militar
    Atuava para pressionar militares em posições de comando a aderirem ao golpe, promovendo ataques pessoais e campanhas para rotular como “traidores” aqueles que resistissem aos planos golpistas. Entre os membros estavam o general Braga Netto e outros oficiais, além de civis como o jornalista Paulo Figueiredo.
  • Núcleo Jurídico
    Elaborava pareceres, minutas de decretos e documentos jurídicos para dar aparência de legalidade às ações golpistas, inclusive preparando textos que poderiam ser usados para justificar a intervenção militar e a anulação das eleições.
  • Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
    Planejava e executava ações para manter manifestações em frente a quartéis, organizando a logística, mobilização e financiamento de militares e civis envolvidos nas atividades de pressão e apoio ao golpe. Este núcleo era considerado estratégico para manter a tensão e pressionar por adesão ao movimento.
  • Núcleo de Inteligência Paralela
    Responsável por monitorar autoridades, especialmente ministros do STF e o presidente eleito, além de planejar ações de captura e neutralização dessas figuras caso o golpe fosse deflagrado. Também fornecia informações estratégicas para a tomada de decisões do grupo.
  • Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
    Encarregado de executar ações práticas e táticas, como prisões, detenções e ações armadas contra autoridades e opositores, visando garantir a implementação do golpe.

Outros Núcleos Já Julgados

  • Núcleo 01: Incluía o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados diretos, responsáveis pela articulação central e decisões estratégicas.
  • Núcleo 02: Composto por integrantes como o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, envolvido em ações de bloqueio e apoio logístico ao plano.
  • Núcleo 04: Também já julgado, com integrantes que atuaram em outras frentes operacionais.
  • Núcleo 05: Ainda aguarda julgamento e é formado por figuras como o empresário Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos e não apresentou defesa.

O julgamento de hoje é parte de um processo mais amplo que já tornou réus outros 21 envolvidos, em diferentes núcleos da suposta trama golpista. A decisão da Primeira Turma do STF sobre o recebimento da denúncia contra os integrantes do “Núcleo 3” será fundamental para o andamento das investigações e possíveis responsabilizações.

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