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Por Política em Debate I Brasília
Em 13/05/2025, 19h35 I Leitura 2 min
“Você já deve ter ouvido várias pessoas falando no escândalo do INSS. Faz duas semanas, uma operação da Polícia Federal revelou que até R$ 6 bilhões foram descontados sem autorização de aposentados e pensionistas. Vê só como é que funcionava.

Uma associação pilantra conseguiu um convênio no INSS para poder descontar um percentual dos aposentados que supostamente seriam seus associados e que teriam benefícios. Por exemplo, dentista, colônia de férias, por aí vai. Como se fosse a mensalidade de um clube. Mas o problema é que eles descontavam de aposentados que nunca tinham se associado, falsificando a assinatura deles.
Tudo isso deixa a gente indignado e com razão. Agora, essa indignação muitas vezes é manipulada para fazer você acreditar em narrativas que têm um beneficiário claro. E esse beneficiário é justamente aquele que é o maior responsável pelo esquema. Me acompanha que eu vou te explicar a verdade.

A operação da PF (Polícia Federal) mirou o desvio de recursos de beneficiários do INSS entre 2019 e 2024. Segundo a própria Polícia Federal, o esquema começou em 2019, primeiro ano do governo do Bolsonaro. As apurações da PF e da CGU (Controladoria Geral da União) apontam que associações conveniadas ao INSS realizavam os cadastros sem autorização, com assinatura falsa, para descontar os valores indevidamente.
Para isso, as entidades — muitas delas de fachada — pagavam propina para diretores do INSS com o objetivo de obter os dados e fazer a fraude.
E aqui vai um ponto importante: a CGU, que foi quem desbaratou o esquema todo, é um órgão do governo federal, criado pelo presidente Lula, com o objetivo de investigar casos de corrupção dentro do próprio governo. Ou seja, a investigação no INSS foi uma iniciativa do Lula, em conjunto com a Polícia Federal. Esses são os fatos.
A oposição – bolsonaristas – acusa o governo Lula de ser o responsável pelo escândalo pelo simples fato de ele ter sido revelado só agora, escondendo que o esquema começou no governo Bolsonaro. E escondendo também que foi o Lula que mandou investigar para dar fim ao problema.

Pra ficar mais claro, vamos ver alguns dos personagens dessa trama. O relatório da PF cita um cara chamado Antônio Carlos Antunes, o careca do INSS. Ele foi o intermediário das fraudes. Nas eleições, ele foi doador da campanha do Bolsonaro.

Outro nome: Maurício Camisote, que era sócio oculto de uma das principais entidades do esquema, a Ambex. Em 2021, o Camisote foi protagonista lá na CPI da pandemia, naquele caso da vacina da Covaxin, que teve propina e tal. Você lembra? Pois é, o mesmo cara do esquema da vacina no governo Bolsonaro também é uma figura central do esquema do INSS. Será que é coincidência?

Isso pra não falar de uma figura mais conhecida: Onyx Lorenzoni, que foi ministro da Previdência do Bolsonaro. Vê só: em setembro de 2022, o Onyx Lorenzoni recebeu uma doação de campanha de R$ 60 mil do Felipe Macedo Gomes, que era presidente de uma das entidades, a ABCB. Meses antes, em março, o Lorenzoni tinha autorizado que a ABCB fizesse os descontos sobre as aposentadorias do INSS. Ou seja, não foi doação, foi pagamento. Acredite se quiser.

Para criar esse tipo de narrativa, como sempre, os bolsonaristas escondem o essencial e distorcem o que é verdadeiro para produzir a fake news.

Um exemplo é um vídeo feito pelo Nicolas Ferreira, onde ele volta a inverter a realidade depois de já ter mentido e ter sido desmascarado na história do Pix. Ele diz que os descontos indevidos movimentaram R$ 90 bilhões, o maior esquema de corrupção da história. Gente, isso é mentira pura e simples. Esse valor é referente ao total de empréstimos consignados movimentados no Brasil todo em 2024, segundo o Tribunal de Contas. Não tem nada a ver com os desvios, mas ele joga o dado lá em cima pra te confundir.
Se a gente usasse a lógica do próprio Nicolas, o Bolsonaro teria roubado mais de R$ 130 bilhões, porque esse foi o total movimentado por empréstimos consignados só num período do governo dele.

Inclusive, nós fizemos um projeto de lei em 2023 para combater os bancos e financeiras que praticam o golpe contra aposentados no consignado. Eu consegui aprovar ele na Câmara, mas ficou parado no Senado porque os bolsonaristas não quiseram votar.
Outra mentira é que o governo iria usar recursos públicos para devolver o dinheiro às vítimas dos desvios. Na verdade, o governo Lula está recuperando o dinheiro dos próprios envolvidos no esquema. A operação da PF apreendeu mais de R$ 40 milhões só até aqui. E o governo acionou judicialmente todos os envolvidos para devolver o dinheiro.
O que está em discussão é a possibilidade de antecipar a devolução do dinheiro às vítimas, sem que isso dependa dos processos judiciais que a gente sabe podem demorar anos — justamente em respeito aos aposentados que foram prejudicados pelo esquema.
Mas o Nicolas vai além. Ele diz que o governo Bolsonaro apresentou a Medida Provisória 871 em 2019 para que a autorização dos descontos tivesse que ser revalidada todo ano. Sabe o que ele não te contou? É que a medida só valeria a partir de 2025, seis anos depois, por pressão da base bolsonarista no Congresso, que votou para adiar a revalidação. O Bolsonaro podia ter vetado, mas ele sancionou.
Agora, pensa comigo: você lembra de alguma ação da Polícia Federal contra a corrupção no governo do Bolsonaro?
Caso da rachadinha lá da família dele — não foi nem investigado. Caso da compra das vacinas superfaturadas — não foi investigado. Caso das joias — só veio a ser investigado depois que ele saiu do governo.

Afinal, se você não investiga a corrupção, não tem corrupção. O caso do INSS mostra que a dissimulação dessa turma não tem limite. Na psicologia tem um nome pra isso: projeção. É o termo usado pra descrever o fenômeno em que você atribui aos outros as práticas que são suas. Eles são mestres nisso.
Por isso, compartilha a verdade.”