Publicado em 10/04/2025, 20:10h
Malafaia é um figura política influente, conhecido por seu conservadorismo e apoio a candidatos de direita. Ele apoiou Lula em 2002 e 2006, mas posteriormente mudou seu apoio para candidatos do PSDB, como José Serra e Aécio Neves. Em 2018 ele foi um dos principais apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro à presidência, desempenhando um papel crucial na mobilização do voto evangélico.
Silas Malafaia passou por uma radical mudança de pensamento e postura. Em declarações públicas anteriores ele defendia a separação entre a igreja e o Estado, pregando o respeito ao princípio do Estado laico. No entanto, sua postura atual é marcada por uma forte politização do discurso religioso, utilizando-o para fins políticos próprios. Hoje, ele é um dos principais defensores da mistura entre religião e política, mobilizando sua influência midiática e religiosa para apoiar candidatos e causas, que se alinham com suas crenças políticas, como a defesa do bolsonarismo.

Essa mudança de postura reflete uma estratégia deliberada para promover uma agenda conservadora e polarizadora. Em entrevistas e declarações recentes, Malafaia argumenta que a separação entre religião e política não é viável, afirmando que as convicções religiosas devem ser expressas em qualquer contexto, incluindo o político.
A Igreja Católica, em sua doutrina social, enfatiza a importância da liberdade religiosa e da colaboração entre a Igreja e o Estado, mas sem confundir suas funções. A Igreja tem o direito de ensinar sua doutrina sobre a sociedade e exercer sua missão sem obstáculos, mas sem substituir o Estado. Essa visão é coerente com o princípio de que o Estado não deve impor uma religião específica, garantindo a igualdade de tratamento para todas as confissões religiosas.
E como seria o Estado se os evangélicos, como Malafaia, tomassem pra si o próprio Estado? O Estado se declararia evangélico à semelhança do Estado Judaico? O Estado deixaria de ser laico? E as liberdades religiosas, como seriam?
Malafaia ainda é frequentemente criticado por suas posições sobre temas como homossexualidade e aborto, sendo acusado de fomentar discurso de ódio. Sua influência midiática e política o torna uma figura polarizadora, central no debate sobre a interseção entre religião e política no Brasil.
Desde a derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022, Silas Malafaia tem sido uma figura radical e crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua linha de pensamento, se podemos chamar assim.
Em um ato pró-anistia, Malafaia criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “ditador de toga” e acusando-o de levar o STF a ser um “tribunal da injustiça e da politicagem barata”. Ele também questionou por quanto tempo os ministros do STF iriam respaldar Moraes. Malafaia ainda descreveu Moraes como “covarde, mentiroso e manipulador” em referência ao voto do ministro, no julgamento que tornou Bolsonaro e aliados réus por tentativa de golpe de Estado. Ele fala pelos “cotovelos” e fica tudo por isso mesmo.
Os ataques de Malafaia ao STF e ao ministro Alexandre Moraes têm gerado tensões políticas significativas. Em um contexto recente, ele ignorou conselhos de Bolsonaro para cessar os ataques ao presidente da Câmara, Hugo Motta, acusando-o de trabalhar com Moraes contra a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Na manifestação pró-anistia de 06 de abril, ele resolveu atacar também os mais graduados militares. Durante a sua fala foi dito:
“….
General Braga Neto.
Sabe por que ele está preso?
Porque Alexandre Mourar diz que ele estava tentando obstruir o processo.
Um general condecorado no exterior, com ficha limpa.
Ah, eu não vou me calar aqui não.
Cadê esses generais de quatro estrelas do alto comando do exército, cambada de frouxo, cambada de covardes, cambada de omissos?
Vocês não honram a farda que vestem?
Não é pra dar golpe, não.
É pra marcar posição.
Escute isso, povo brasileiro.
O ministro da defesa de Lula, José Múcio, declarou, não houve golpe.”
Por sua vez o senador Hamilton Mourão, não podia deixar por menos, e rebateu os ataques de Malafaia em uma publicação no X. Mourão chamou Malafaia de “falastrão” e criticou a sua falta de escrúpulos ao ofender os integrantes do Alto Comando do Exército, afirmando que ele demonstrou desconhecimento do que significa “Honra, Dever e Pátria”. Malafaia respondeu chamando Mourão de “traíra” e acusando-o de nunca ter sido leal a Jair Bolsonaro, que o promoveu na vida política.

A fala de Malafaia, transcrita acima (ato pró-anistia do dia 06 de abril), nos parece incitar a um golpe militar e, portanto, pode ser considerada um ato criminoso, face ao passado recente de tentativa de macular, destruir a democracia e o estado de direito. No Brasil, a legislação prevê punições para atos que visem subverter a ordem democrática ou incitar a violência contra as instituições.
Nós acreditamos que a maioria dos brasileiros, mesmo parte dos evangélicos, está mais que farta em assistir aos discursos inflamados de Malafaia atacando o STF e defendendo o indefensável.
Malafaia se torna cada vez mais ousado, ferino, raivoso, atacando a quem ouse se contrapor a sua visão do que é o certo: anistia para condenados criminosos pelo 08 de janeiro e, que de maneira indireta, beneficia Bolsonaro e os demais participantes da trama golpista. E isso é intolerável.
No momento, o STF está investigando várias pessoas acusadas de tentativa de golpe de Estado, tanto em relação aos eventos de 2022 quanto em relação ao infame 08 de janeiro de 2023. Essas investigações incluem a análise de discursos e ações que possam ter contribuído para a mobilização antidemocrática.
Quanto à prisão preventiva, ela é uma medida que pode ser aplicada quando há indícios de que uma pessoa está envolvida em atividades criminosas graves, como a tentativa de golpe de Estado, e há risco de fuga, destruição de provas ou continuação das atividades criminosas. Portanto, se uma figura pública fizer declarações que sejam interpretadas como incitação a um golpe militar, e houver evidências de envolvimento em atividades antidemocráticas, isso poderia ser motivo para prisão preventiva, dependendo da avaliação das autoridades judiciais.
Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes do STF tem sido ativo em ordenar prisões preventivas de indivíduos suspeitos de planejar golpes, como no caso de militares e civis envolvidos em supostos planos antidemocráticos durante as eleições de 2022. Essas ações refletem a preocupação das autoridades em proteger a democracia e a estabilidade institucional no Brasil.
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