13 de abril de 2023, 17:48h
Na tarde desta quarta-feira (12), o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, compareceu à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para responder às perguntas dos parlamentares sobre diversos assuntos relacionados à sua pasta e à Segurança Pública. Durante a sessão, a bancada bolsonarista, com destaque para Eduardo Bolsonaro (PL-SP), fez perguntas que visavam constranger o ministro.
A milícia de deputados bolsonaristas tem adotado não a crítica propositiva como se deveria esperar de deputados federais, independente de seus partidos, mas adotado a espetaculosa tática de convidar membros do governo Lula e dessa forma tentar “lacrar” com perguntas que, como tem sido visto até agora, são ridículas, sem fundamentação, e sempre envolvendo temas polêmicos, de forma que eles possam filmar e promover seu “espetáculo” junto aos simpatizantes bolsonaristas junto às redes sociais, alimentando assim a desinformação, as fake news e o discurso de ódio. Um papel ridículo, perverso, destrutivo, sem sentido. Molecagem. Um desserviço ao Parlamento Brasileiro.
O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, compareceu à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para responder às perguntas dos parlamentares sobre diversos assuntos relacionados à sua pasta e à Segurança Pública. Durante a sessão, a bancada bolsonarista, com destaque para Eduardo Bolsonaro (PL-SP), fez perguntas que visavam constranger o ministro, o que já deveria ser esperado, em se tratando desse deputado.
Os questionamentos do deputado Eduardo Bolsonaro foram em relação à impessoalidade e o prémio Luiz Gama, que substituiu à extinta Ordem do Mérito Princesa Isabel, prêmio esse conferido por Bolsonaro não à figuras notáveis da Sociedade Brasileira, engajados e/ou historicamente ligados à defesa da População negra, mas conferido ao próprio Bolsonaro, a sua esposa Michelle Bolsonaro, à ex-ministra e atual senadora Damares Alves, dentre vários outros, de forma mais pessoal possível, bem ao estilo de um governo autoritário, desrespeitoso, sem pudor, que foi a marca maior do ex-governo Bolsonaro.
Bolsonaro adorava se dar medalhas, já que como militar foi um completo fracasso, saindo com desonra do Exército.
Assim, o governo Bolsonaro, sem nada mais a fazer, pôs em prática ao longo do mandato uma verdadeira “medalhomania”. Inúmeros membros do governo, suas famílias e apoiadores foram homenageados com medalhas pelo Exército Brasileiro, incluindo ministros, ex-ministros, congressistas e outros aliados de Bolsonaro. Mesmo aqueles que foram demitidos, como o ex-ministro da educação Carlos Alberto Decotelli, estão entre aqueles que foram homenageados. Jair Bolsonaro ele próprio foi agraciado com a Medalha do Mérito Legislativo 2021 pela Câmara dos Deputados, e Michelle Bolsonaro, esposa do Presidente, recebeu quatro medalhas nacionais.
Aqui estão alguns dos nomes das medalhas e os respectivos agraciados durante o governo Bolsonaro:
Medalha do Pacificador: Onyx Lorenzoni (Ministro da Cidadania), Ernesto Araújo (ex-Ministro das Relações Exteriores), Bento Albuquerque (Ministro de Minas e Energia) e outros.
Ordem do Mérito Naval: Augusto Heleno (Ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Tarcísio Freitas (Ministro da Infraestrutura), entre outros.
Ordem do Mérito Aeronáutico: Marcos Pontes (Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações), Ricardo Salles (ex-Ministro do Meio Ambiente), entre outros.
Ordem do Mérito do Trabalho: Onyx Lorenzoni (Ministro da Cidadania), entre outros.
Ordem do Mérito Judiciário Militar: Hamilton Mourão (Vice-Presidente da República), entre outros.
Ordem do Mérito Ministério Público Militar: Hamilton Mourão (Vice-Presidente da República), entre outros.
Medalha do Mérito Tamandaré: Jair Bolsonaro (Presidente da República), entre outros.
Medalha do Mérito Santos-Dumont: Michelle Bolsonaro (Primeira-Dama), entre outros.
Medalha de Mérito Legislativo: Jair Bolsonaro (Presidente da República), entre outros.
Em relação à Ordem do Mérito Princesa Isabel, foi uma “chuva de contemplados” por Bolsonaro. Entre os agraciados, que contemplou 120 pessoas, encontram-se ex-ministros como Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça) e Damares Alves (Direitos Humanos), além de deputados federais bolsonaristas, como Bia Kicis (PL-DF), Osmar Terra (MDB-RS) e Soraya Santos (PL-RJ).
A lista também inclui diversas pessoas e entidades que se declaram “pró-vida” e contrárias ao aborto, assim como defensoras de formas tradicionais de casamento e contrárias aos debates sobre identidade de gênero. Entre elas, estão as igrejas evangélicas Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular e Sara Nossa Terra, o bispo católico Dom José Luis Hermoso de Breves (PA) e a Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família.
A lista conta ainda com empresários próximos ao bolsonarismo, como Elie Horn, da Cyrela, policiais civis e o ex-corregedor da Polícia Rodoviária Federal Wendel Benevides, recentemente afastado do cargo por suspeita de parcialidade na condução dos processos envolvendo a atuação da instituição no segundo turno das eleições.
Também receberam a Ordem do Mérito Princesa Isabel a diplomata venezuelana Maria Teresa Belandria, reconhecida por Bolsonaro como embaixadora no Brasil do autoproclamado presidente Juan Guaidó, e dom Gabriel de Orleans e Bragança, representando a família imperial. O próprio Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram agraciados com o prêmio.
Entre os agraciados que não têm ligação com o bolsonarismo estão a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a ex-modelo Luiza Brunet. A maioria dos homenageados recebeu a Ordem em uma cerimônia em 19 de dezembro, com apenas 26 ausências.
A Ordem do Mérito Princesa Isabel foi criada em dezembro do ano passado pelo governo Bolsonaro. Sua revogação pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva deu lugar a um prêmio em homenagem ao líder negro abolicionista Luiz Gama (1830-82), agora fruto de questionamento por “imparcialidade” de Eduardo Bolsonaro à Silvio de Almeida. Como se vê, risível o questionamento.
Veja no vídeo a seguir as respostas do Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida. É uma obra prima, que calou Eduardo Bolsonaro.
Leia mais
MP Eleitoral se manifesta favorável à inelegibilidade de Bolsonaro por 08 anos
Liberdade de expressão não pode ser usada para matar crianças e estimular ódio
“Deputados extremistas impedem audiência e desrespeitam o Poder Legislativo”
Dallagnol consegue impedir depoimento de Tacla Duran na Câmara
A lenta morte dos “rios voadores”
Em somente 6,85% do tempo de mandato, Lula cumpriu 33% das promessas de campanha