19 de fevereiro de 2023, 19:45h
Em 16 de fevereiro. o Comando do Exército emitiu um comunicado destinado às tropas para anunciar a dispensa do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes do seu cargo, Comandante Militar do Planalto, responsável pelas forças militares durante o ato golpista de 8 de janeiro. Além dele, outras seis lideranças foram substituídas.
O general Ricardo Piai Carmona irá assumir o posto do general Dutra de Menezes. Carmona vem da Diretoria de Educação Técnica Militar, enquanto Dutra será transferido para a 5ª subchefia do Estado-Maior do Exército (EME).
Os comandos que serão trocados são os da Amazônia (CMA), Nordeste (CMNE), Norte (CMN), Oeste (CMO), Planalto (CMP), Sudeste (CMSE) e Sul (CMS), exceto o do Leste, que permanecerá com André Luis Novaes Miranda como comandante.
As mudanças dos comandos militares ocorrerão em abril, já que os militares promovidos a general de brigada devem fazer um curso antes de assumirem novas funções. A data da passagem de comando é determinada após o acerto das agendas do Comandante do Exército e dos Comandantes Militares substituídos.
Segundo o Exército, essa movimentação é parte do planejamento regular da Força Terrestre, porém, é evidente que se trata de uma reorganização dentro do alto escalão do Exército, devido aos acontecimentos golpistas que se seguiram à derrota de Bolsonaro no segundo turno e ao ato terrorista e de vandalismo ocorrido em 08 de janeiro.
O colunista Guilherme Amado divulgou no Metrópoles que, durante o depoimento prestado à Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal, acerca dos eventos ocorridos no dia 08/01, os policiais que tentaram desmantelar o acampamento em frente ao Quartel-General relataram duras críticas ao comportamento do então comandante militar do Planalto, general Dutra de Menezes, naquela noite.
De acordo com os policiais, Dutra de Menezes não apenas impediu o desmonte, como foi relatado pela coluna de Guilherme Amado, mas também proferiu uma ameaça. Ele afirmou que, caso a Polícia Militar realizasse o desmonte naquela noite (08/01), haveria um “banho de sangue”.
Os policiais ficaram chocados com a declaração de Dutra de Menezes. Se houvesse um “banho de sangue”, havia apenas duas possibilidades: ou o general acabara de admitir que o Exército tinha conhecimento de bolsonaristas armados no acampamento que se diziam “familiares”, ou ele estava sugerindo que seriam os próprios militares a disparar contra os policiais.
De forma sutil, eles questionaram o comandante se ele estava insinuando que havia pessoas armadas no acampamento.
De acordo com as narrativas, Dutra de Menezes modificou seu discurso e mencionou possíveis acidentes que poderiam ocorrer devido a uma eventual correria provocada pela ação da PM. Contudo, os policiais não deixaram de perceber que o general havia, na verdade, ameaçado atirar em quem tentasse retirar os golpistas do local naquela noite.