16 de fevereiro de 2023, 19: 50h

Três dos mais importantes formadores de opinião de fundos de investimento acataram o direcionamento dado pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad no embate com o Banco Central.

Durante evento organizado pelo banco BTG/Pactual, com a presença do ministro da Fazenda, os gestores de investimentos deixaram claro que Lula havia vencido a queda de braço sobre a taxa de juros e a meta da inflação.

O presidente alertou para o prejuízo que a Selic a 13,75% traz ao ânimo de investimentos produtivos do país, retardando o regresso da economia aos trilhos do crescimento saudável e a um novo ciclo de geração de empregos.

O Banco Central presidido, desde o governo Bolsonaro, por Roberto Campos Neto, tem mantido a taxa de juros elevada e sido refratário à alterações na meta de inflação. A meta de inflação de 3% estabelecida há três anos é considerada irrealista pelos formadores de opinião. Prova disso é que mesmo com a SELIC recorde, a taxa de inflação em muito superou a meta proposta pelo Banco Central nos últimos anos, o que sinaliza que a inflação não é de DEMANDA, mas sim devido a outras razões.

Uma nação não pode crescer economicamente com a população endividada e sem acesso à crédito e muito menos com os estratosféricos juros reais praticados no Brasil, de 8%, sem qualquer justificativa plausível do Banco Central.

Os juros elevados são um obstáculo para o desenvolvimento do país. É muito mais rentável – e sem risco – remunerar o capital via compra de títulos do governo do que investir em processos produtivos, que criam empregos e geram renda. Isso tem que mudar, se quisermos voltar a ser uma nação competitiva e próspera e não uma economia voltada somente a satisfazer os interesses de meia dúzia de endinheirados que sempre se esbaldaram e se lambuzam com os juros abusivos que o governo endividado lhes remunera, de forma religiosa.

O Governo Federal quer aumentar a meta da inflação para 3,75% e dar folga ao Banco Central para que ele reduza os juros e torne o crédito mais barato e mais acessível. A expectativa é que os ministros Haddad e Tebet que se reuniram hoje no Conselho Monetário Nacional, alcancem esse objetivo.

O CMN é quem estabelece as metas de inflação que precisam ser cumpridas pelo Banco Central. Se aprovada a alteração na meta de inflação, irrealista de 3%, a medida seria um sinal claro de que o governo está disposto a desafiar a política de juros altos defendida pelo Banco Central.

No entanto, o aumento da meta de inflação é uma medida controversa, que divide opiniões entre economistas e investidores. Alguns argumentam que uma meta mais elevada poderia prejudicar a credibilidade do Banco Central e gerar expectativas de inflação mais alta no futuro. Já outros defendem que a medida é necessária para estimular a economia e criar empregos, o que nos parece o óbvio.

De qualquer forma, o embate entre o governo e o Banco Central revela as divergências existentes em relação à política monetária e fiscal. Enquanto o governo defende a necessidade de estímulos econômicos e juros baixos para impulsionar o crescimento, o Banco Central argumenta que a prioridade deve ser a estabilidade financeira e o controle da inflação, bem ao gosto do neoliberalismo, a tônica reinante no governo Bolsonaro.

A reunião do Conselho Monetário Nacional, nesse embate entre governo e Banco Central, será um momento importante para a definição do rumo da política monetária brasileira nos próximos anos. Será preciso buscar um equilíbrio entre as demandas do governo, as expectativas dos investidores e a necessidade de manter a estabilidade financeira do país.

No entanto, o Banco Central não deve ceder facilmente. Campos Neto e seus aliados argumentam que a manutenção dos juros elevados é necessária para controlar a inflação, controle esse que o BC fracassou até agora, e preservar a credibilidade do Banco Central. Eles argumentam que uma mudança na meta de inflação poderia ser vista como uma tentativa de politizar a política monetária e comprometer a autonomia do Banco Central.

Portanto, é possível que haja uma batalha prolongada entre o governo e o Banco Central sobre a política monetária e a meta de inflação. O resultado dessa batalha terá implicações significativas para a economia do país e para o bem-estar dos brasileiros. Se o governo Lula conseguir convencer o Banco Central a reduzir os juros e adotar uma política mais expansionista, isso deverá levar a um aumento dos investimentos e dos empregos.

Por outro lado, se o Banco Central resistir à pressão do governo e mantiver uma política monetária mais restritiva, isso pode retardar a recuperação econômica e amplificar ainda mais a já obscena desigualdade social.

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