10 de fevereiro de 2023, 12:12h

A França se prepara para um dia de greve nesta quinta-feira (19). A mobilização deve atingir diversos setores da economia, em protesto contra o projeto do governo de Emmanuel Macron de reforma da Previdência que prevê, entre outras medidas, o aumento da idade mínima para aposentadoria.
A reforma da previdência na França tem sido um tema controverso e polêmico nos últimos anos. A reforma foi proposta com o objetivo de equilibrar as finanças do sistema de previdência e garantir sua sustentabilidade a longo prazo. No entanto, milhares de franceses têm se oposto à reforma, argumentando que ela resultaria em mudanças negativas nas condições de aposentadoria dos trabalhadores.
Os deputados na Assembleia Nacional Francesa têm um papel importante na discussão e na tomada de decisões sobre a reforma da previdência. Eles têm a oportunidade de representar os interesses e as preocupações da população francesa durante os debates e votações sobre a reforma. Deputadas e deputados negros podem ter uma perspectiva especialmente importante sobre a reforma, já que as questões de gênero e raça podem afetar de maneira diferente a experiência de trabalho e aposentadoria de diferentes grupos na França.

A ex-camareira de hotel, deputada eleita Rachel Kéké, quer dar voz a trabalhadores “invisíveis”. Ela se define como uma “guerreira” e quer “fazer barulho” no Palais Bourbon, sede da Assembleia Nacional, em Paris. Porta-voz de uma longa greve de camareiras em um hotel da capital francesa, Rachel Kéké foi eleita deputada e pretende levar a voz dos trabalhadores “invisíveis” ao governo.
Aos 47 anos, a franco-marfinense obteve uma vaga de deputada na Assembleia Francesa pela coalizão de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes) em Val-de-Marne, a leste de Paris. Ela derrotou a ex-ministra do Esporte Roxana Maracineanu, da aliança governista Juntos.
A ativista da CGT ficou conhecida durante a greve de 22 meses das camareiras do hotel Ibis Batignolles, em Paris, entre 2019 e 2021, quando se mobilizou para melhorar os salários e as condições de trabalho das camareiras.
“É um trabalho que destrói o corpo. Há síndromes do túnel do carpo, tendinites, dores nas costas”, explicou durante a campanha, ainda lembrando das sensações, “como se tivesse sido chutada de todo lado”, após seu primeiro dia como faxineira, em 2003.
Mãe de cinco filhos, Rachel Kéké nasceu em 1974 na cidade de Abobo, a norte de Abidjan. A mãe era vendedora de roupas e pai motorista de ônibus. Ela chegou à França em 2000 e se naturalizou em 2015.
No vídeo, a deputada emociona e empolga os demais deputados franceses ao falar da absurdo proposta de aumentar o tempo para aposentadoria na França para 64 anos.