Por Política em Debate I Brasília

Em 04/05/2025, 17h07 I Leitura: 2 min

A recente “Operação Fake Monster”, conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, em conjunto com o Ministério da Justiça, revelou um cenário alarmante: a atuação de grupos extremistas que, por meio de plataformas digitais, disseminam ideologias de ódio e recrutam jovens para a prática de crimes hediondos. Entre os planos desarticulados, destaca-se a intenção de realizar um atentado durante o show da cantora Lady Gaga, utilizando explosivos improvisados, e a chocante ameaça de assassinar uma criança em transmissão ao vivo.

Desde o início dos anos 2000, o Brasil tem assistido a uma crescente radicalização de grupos extremistas de direita, especialmente do neonazismo, que se expandiu significativamente em número e alcance. Pesquisas indicam que, entre 2019 e 2021, o número de núcleos neonazistas no país cresceu 270%, atingindo pelo menos 530 grupos e cerca de 10 mil pessoas envolvidas, espalhadas por todas as regiões, com maior concentração no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Esse crescimento tem sido impulsionado pelo ambiente digital, onde as redes sociais funcionam como catalisadoras para a disseminação de discursos de ódio e organização de ações violentas.

Grupos neonazistas e de extrema-direita utilizam plataformas online para promover ideologias racistas, homofóbicas e antidemocráticas, além de incitar violência contra minorias, como a comunidade LGBTQIA+ e crianças.

Homem preso no RS (Rio Grande do Sul – Brasil) é impedido de explodir bomba no show da Lady Gaga, em Copacabana, na Cidade do Rio de Janeiro – Brasil

As ações ilegais desses grupos tem resultado em episódios de violência extrema, incluindo ataques planejados e executados por jovens, como atentados a escolas e tentativas de atentados terroristas em eventos públicos. O fenômeno não é isolado, mas parte de uma tendência global de ressurgimento da extrema-direita, que no Brasil se manifesta com características próprias, como o apelo a símbolos nacionais e o saudosismo da ditadura militar. O famigerado bolsonarismo.

O crescimento desses grupos de radicais tem sido reconhecido pelas autoridades nacionais e internacionais, levando o Conselho Nacional de Direitos Humanos a enviar um alerta à ONU sobre o avanço do neonazismo no país em 2024, destacando a necessidade urgente de políticas públicas para conter essa escalada, alimentada e incentivada pela extrema direita.

Há uma clara causalidade entre o crescimento da extrema direita no Brasil e o aumento dos casos de extremismo digital de natureza fascista e nazista. Esse extremismo digital, em simbiose com a ideologia de violência que caracteriza a extrema direita (no Brasil, bolsonarismo), migra cada vez mais do ambiente digital para o mundo real, como a tentativa de atentado à bomba no show de Lady Gaga, com a presença de milhares e milhares de pessoas: mulheres, jovens, idosos e crianças, que poderiam ter sido vítimas diretamente pela explosão do artefato ou pelo pânico generalizado que se instalaria. A sociedade, portanto, se torna cada vez mais insegura e temerosa.

Se não bastasse a violência endêmica das grandes cidades, temos aqui, no Brasil, a violência vinda dos radicais de extrema direita. Dos atos terroristas e violentos que acompanham o radicalismo digital.

Diversos estudos e análises indicam que a ascensão da extrema direita, especialmente a partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, foi acompanhada por uma radicalização ideológica que se expressa fortemente no extremismo digital.

Esse fenômeno tem raízes históricas e sociais profundas, com uma base conservadora e autoritária que esteve adormecida por décadas, mas que foi reativada e ampliada nos últimos anos, especialmente entre setores da população com menor escolaridade e também entre a classe média.

A extrema direita brasileira tem utilizado as redes sociais para disseminar discursos de ódio, intolerância, racismo, homofobia e revisionismo histórico, criando um ambiente propício para a radicalização de jovens e a organização dos grupos extremistas, como evidenciado em operações policiais recentes que desarticularam células neonazistas e planos terroristas.

O crescimento da extrema direita no cenário político brasileiro está diretamente relacionado, portanto, ao aumento do extremismo digital fascista e nazista, que utiliza as plataformas online para radicalizar, recrutar e planejar ações violentas, representando um desafio grave para a democracia e a segurança pública no país. O Brasil é apontado como um dos países onde o extremismo de direita mais avança, com células extremistas crescendo em número e influência desde a ascensão bolsonarista.

Os grupos nazistas e fascistas operam em fóruns e redes sociais, promovendo discursos de ódio contra minorias, incentivando a automutilação e compartilhando conteúdos de violência extrema. A estratégia de utilizar “desafios coletivos” para atrair notoriedade nas redes sociais evidencia uma tática perversa de manipulação, que transforma jovens em instrumentos de terror.

É imperativo reconhecer que a radicalização da juventude não ocorre ao acaso. Na verdade é uma resposta a estímulos. Discursos extremistas, legitimados por figuras públicas e disseminados sem controle nas redes sociais, cria um ambiente propício para o florescimento de ideologias fascistas e nazistas, de ódio. A ausência de políticas eficazes de educação digital e a negligência no combate à desinformação agravam ainda mais esse cenário.

A “Operação Fake Monster“, que abortou o que seria um terrível atentado terrorista, que poderia ser tão devastador quanto o seria a tentativa de explodir um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília no final de dezembro de 2022, por 03 radicais bolsonaristas, serve como um alerta contundente: a ameaça do extremismo não é ficcional. É real. Ameaçador a toda a Sociedade brasileira.

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