Já há precedentes….Em breve teremos outro ex-presidente atrás das grades? Rezemos.

Por Politica em Debate, 25/04/2025, 16:20h

A manhã desta sexta-feira entrou para a história do Brasil. O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, 74 anos, iniciou hoje o cumprimento de sua pena de prisão de 8 anos e 10 meses, em regime fechado, conforme determinado pelo Supremo Tribunal Federal. Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor torna-se mais um ex-mandatário brasileiro a cruzar o portão de uma penitenciária — símbolo amargo da promiscuidade entre poder, impunidade e decadência política.

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, 74 anos, iniciou hoje o cumprimento de sua pena de prisão de 8 anos e 10 meses, em regime fechado

O mesmo Collor que, em 1989, apresentou-se como o “caçador de marajás” e símbolo da modernização política, encerra sua trajetória pública onde muitos previam que terminaria: na cadeia. Sua prisão representa o desfecho — ainda que tardio — de décadas de suspeitas, escândalos e tramas que cruzaram o submundo da política e do empresariado nacional.

Prisão de ex-presidentes no Brasil: motivos e desfechos
Três ex-presidentes brasileiros foram presos desde a redemocratização (1985), todos por crimes de corrupção:

  1. Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
    Preso em 2018 sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, vinculado à Operação Lava Jato. Condenado a 12 anos, cumpriu parcialmente a pena até ser liberado em 2019. Lula teve as condenações anuladas pelo STF em 2021, que entendeu que o judiciário – Lava Jato – perpetrou uma perseguição política contra Lula (lawfare) com o objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral à presidência em 2018, favorecendo assim a eleição do extremista Jair Bolsonaro. Lula, justamente reabilitado politicamente, foi re-eleito presidente em 2022, tomando posse em 01 de janeiro de 2023, vencendo Bolsonaro;
  2. Michel Temer (MDB)
    Detido preventivamente em 2019 por envolvimento em um esquema de propina na usina Angra 3. Solto após seis dias, segue respondendo a inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro. Temer aguarda julgamento em primeira instância;
  3. Fernando Collor (PRTB)
    Preso em abril de 2025, para cumprir pena de 8 anos e 10 meses, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na BR Distribuidora.

Antes da redemocratização, ex-presidentes como Juscelino Kubitschek foram presos por motivos políticos durante regimes autoritários.

Quanto à Fernando Collor de Mello, ele foi condenado pelo STF em 31 de maio de 2023, por oito votos a dois, acusado de receber propina superior a R$ 20 milhões por meio de contratos fraudulentos envolvendo a BR Distribuidora. O esquema envolvia interferência política e uso da máquina pública para benefício pessoal. O STF entendeu que Collor usou sua influência política, enquanto senador, para indicar e manter diretores na estatal e, em troca, garantir contratos fraudulentos, recebendo vantagens indevidas

Ao condená-lo, os ministros do Supremo destacaram a gravidade das ações: uso do cargo para enriquecimento ilícito, dissimulação de patrimônio e atuação reiterada para obstruir investigações. Um retrato fiel do Brasil que Collor ajudou a construir — e no qual se afogou.

Um país onde os ricos raramente veem grades

A prisão de Collor, embora simbólica, não é suficiente. O Brasil continua sendo uma democracia onde pobres lotam os presídios por pequenos delitos, enquanto os engravatados são escoltados com dignidade até suas celas, até confortáveis, e não abarrotadas de gente. Mas que fique o registro: o ex-presidente caiu. E caiu nas mãos da Justiça.

O homem que se apresentou como “novo” está atrás das grades do velho sistema que ajudou a perpetuar. E o povo brasileiro, cansado de farsas e promessas, assiste a mais um capítulo da tragédia institucional que mistura farsa, espetáculo e lama.

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