Parlamento virtual da extrema direita. Vai acabar virando moda.

Por Política em Debate I Brasília
Em 12/06/2025, 18h55 I Leitura 2 min
A política brasileira parece determinada a virar uma paródia trágica. Em mais um capítulo de escárnio institucional, a deputada federal Carla Zambelli, condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tenta se manter politicamente ativa mesmo foragida e listada na Interpol — escorada, agora, na sua cidadania italiana para evitar a prisão e, quem sabe, um pedido de extradição, que está sendo preparado pela justiça brasileira.
Nos Estados Unidos, o também deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, auto exilado, articula junto à bancada bolsonarista na Câmara dos Deputados uma aberração institucional: exercer o mandato remotamente, como se o Parlamento brasileiro fosse uma plataforma de streaming. A tentativa — juridicamente inconsistente e politicamente cínica — dificilmente deverá prosperar, mas revela o quanto setores extremistas estão dispostos a subverter as bases da democracia representativa.

Enquanto Eduardo se auto exilou nos EUA, Zambelli disse que se apresentaria voluntariamente à Justiça italiana. No entanto, não há qualquer evidência pública de que isso tenha ocorrido. Ao contrário: sua permanência livre na Itália já provocou indignação local. Um parlamentar italiano exigiu explicações sobre por que ela ainda não foi presa, mesmo constando na lista vermelha da Interpol, algo que deveria, em tese, obrigar a justiça italiana a prende-la.

Diante disso, não seria o caso de perguntar se há omissão deliberada por parte da Justiça italiana ou da própria Interpol? A não execução da ordem de captura e o descaso com os acordos internacionais de extradição não apenas favorecem a impunidade, mas abrem perigosos precedentes diplomáticos. Estaríamos, mais uma vez, assistindo ao enfraquecimento das normas quando se trata de figuras ligadas à extrema direita global.
No Brasil, O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, já informou ao STF que a perda de mandato de Zambelli deve ocorrer de forma automática, sem votação em plenário, uma vez que ela está impedida de exercer suas funções por força de sua condenação. Mas Zambelli, mesmo assim, insiste em fazer sua defesa via videoconferência, como se estivesse apenas em “viagem oficial”.
A tentativa desesperada de se manter aparências enquanto se foge da Justiça faz parte da nova cartilha da extrema direita: a retórica de perseguição política, o uso de cidadanias estrangeiras como escudo jurídico, e a transformação da função parlamentar em palanque digital de impunidade.