Deu na mídia

Por Política em Debate I Brasília

Em 14/05/2025, 19h07 I Leitura 2 min

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura mais de três anos, pode estar diante de uma nova oportunidade de seu fim. O presidente russo, Vladimir Putin, propôs retomar as negociações diretas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sem pré-condições, em Istambul, no dia 15 de maio. Zelensky, por sua vez, aceitou a proposta, mas condicionou sua participação à presença de Putin no encontro.

Enviado especial dos EUA: não pode haver acordo de paz sobre a Ucrânia sem a aprovação de Putin

Revivendo as negociações de 2022

Em 2022, as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia ocorreram em Istambul, mediadas pela Turquia. Naquela ocasião, discutiu-se um plano de 15 pontos que incluía a neutralidade da Ucrânia e garantias de segurança por parte de países ocidentais. No entanto, as conversas foram interrompidas após a visita do então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a Kiev, que aconselhou Zelensky a não ceder às exigências russas. A mesma objeção teria sido feita pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Cabe lembrar que a aceitação por parte da Ucrânia do pré-acordo com os russos, naquele momento com as tropas e tanques já em Kiev, e diante de rumores de que Zelensky iria fugir do país, fez com que os russos recuassem até o leste, no Donbass. E essa foi a oportunidade para Zelensky, pressionado pelos patrocinadores ocidentais, rasgar o pré-acordo por acreditar que, com a ajuda explícita da OTAN, iria infringir uma derrota estratégica à Rússia. O resultado até agora são mais de 1,2 milhão de mortos e feridos do lado ucraniano, de 1/10 a 1/7 de baixas russas comparadas às da Ucrânia; controle por Moscou de mais de 25% do território ucraniano, sendo ainda a área contestada de mais 5% de todo o território, podendo chegar a 1/3 as perdas territoriais da Ucrânia – incluindo a cidade de Odessa, considerada pelos russos como cidade histórica russa – ; a quase completa destruição de todas a infraestrutura ucraniana (energia elétrica, gás, ferrovias, etc), perda de grande parte do parque industrial, de áreas de cultivo e o êxodo de milhões de ucranianos de seu país.

A nova proposta de Putin

Agora Putin propõe retomar as negociações diretas com a Ucrânia, sem pré-condições, em Istambul, no dia 15 de maio. Segundo o presidente russo, o objetivo é “eliminar as causas profundas do conflito” e “conseguir o restabelecimento de uma paz duradoura e a longo prazo”. Putin não quer trégua, afinal ele está vencendo a guerra. Putin quer o fim da guerra, assim como Trump. Aliás, Putin agradeceu ao governo americano por seus esforços de mediação, destacando que sua proposta está sobre a mesa e a decisão agora cabe às autoridades ucranianas.

União Europeia perdeu sua guerra contra a Rússia, afirma premiê da Hungria

A resposta de Zelensky

Zelensky aceitou a proposta de Putin, mas deixou claro que só participará das negociações se o presidente russo estiver presente. “O presidente Zelensky não se reunirá com nenhum outro representante russo em Istambul, exceto Putin”, afirmou o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak. Além disso, Zelensky insiste em um cessar-fogo imediato de 30 dias como condição para o início das negociações, o que, já se sabe, não é aceito por Putin, que considera que o que Zelensky quer é ganhar fôlego na guerra, se reorganizar e se rearmar, o que parece mais que óbvio.

A importância de Istambul

Como já dissemos, Istambul já foi palco de negociações entre Rússia e Ucrânia em 2022 e, agora, volta a ser o centro das atenções. A Turquia, que mantém boas relações com ambos os países, se oferece novamente como mediadora do diálogo. A presença de líderes internacionais, como o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pode ser fundamental para o sucesso das negociações. Há dúvidas se Trump estará ou não presente amanhã ao encontro, mas ele adiantou que se os dois líderes em guerra não chegarem a um acordo para por fim ao conflito, o maior da Europa desde o fim da segunda guerra mundial, os Estados Unidos abandonarão a posição de tentar mediar o conflito. Zelensky ainda pediu – vejam só! – que o presidente Lula (Brasil) interceda junto à Putin para que ele compareça à reunião.

Putin irá? Provavelmente não.

Não sejamos ingênuos. A Rússia já venceu a guerra contra a Ucrânia (coletivo do ocidente). Venceu economicamente, resistindo às mais de 16 mil sanções de toda a ordem, tanto europeia quanto americana, venceu crescendo a economia de forma robusta em todo o período, enquanto a Europa, privada da energia farta e barata vinda dos russos, enfrenta perda de capacidade industrial, inflação e agitação social anti guerra, e perdeu no campo militar, de forma humilhante, essa é que é a verdade. Putin estará amanhã em Istambul? Só se for pra ele sair de lá triunfante. Caso contrário não.

O que esperar?

A proposta de Putin e a resposta de Zelensky indicam uma possível retomada das negociações de paz. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, na esperança de que essa seja a chance para o fim do conflito.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate